O potencial dramático do caso Queiroz, por Janio de Freitas

Ligação entre ex-assessor e milicianos tem potencial de chegar a desfecho aterrador em várias frentes, incluindo para a família Bolsonaro
 
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
 
Jornal GGN – É difícil acreditar que Flávio e Jair Bolsonaro não conhecessem a ligação entre Fabrício Queiroz e a milícia de Rio das Pedras. O ex-assessor e ex-motorista do deputado e senador eleito, Flávio, chegou a ficar escondido na comunidade carioca. Dois dos milicianos alvos da Operação Os Intocáveis, o ex-policial Adriano Magalhães da Nóbrega e o major Ronald Paulo Alves Pereira, receberam de Flávio homenagens na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
 
Na sua coluna desta quinta-feira (24), na Folha de S.Paulo, Janio de Freitas pontua que o caso Queiroz, um simplório PM que movimentou pouco mais de um milhão de reais em um ano, “tem potencial de chegar a desfechos dramáticos em várias frentes”.
 
“Tudo depende da disposição de investigar e, a fazê-lo, que não haja os dirigismos e limitações próprios dos grandes inquéritos brasileiros. A operação de há dois dias em Rio das Pedras, aliás, foi um feito sem precedente que a intervenção militar no Rio construiu, mas não pôde concluir”, pontua o articulista.
 
Janio, lembra que a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro poderia ter continuado no mandato de Bolsonaro, mas o novo presidente não quis dar prosseguimento à participação da inteligência do Exército. 
 
A Operação que chegou, finalmente, nos envolvidos no assassinato da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes, foi possível graças a uma “composição humana especial, pelos riscos implícitos e até para evitar o vazamento ameaçador”, avalia o colunista.
 
Ações dessa envergadura, que levou a início do desmantelamento da milícia mais perigosa e antiga do Rio, geralmente são impedidas seja pelo corporativismo de uns ou medo de outros, destaca Janio, evitando ações policiais contra os milicianos e suas atividades.
 
Voltando ao Rio das Pedras, a família de Queiroz era dona de uma van que fazia transporte irregular na comunidade carioca. Para atuar ali, só poderia com a permissão do comando miliciano.
 
“Se pagam a quota convencionada, é incerto, consideradas as retribuições às honrarias da Assembleia Legislativas patrocinadas por Flávio Bolsonaro para os dois majores”, pontua Janio, completando chamar à atenção, ainda, o fato de parentes de Queiroz e dos milicianos terem sido contratados para trabalhar no gabinete do então deputado:
 
“A intermediação do amigo e “motorista” Queiroz com oficiais PM problemáticos. Empregos para filha e mulher de chefe miliciano, emprego fantasma para outra. As sucessivas derrubadas das explicações defensivas —enfim, nada disso é desconectado. E o todo não é uma ilha isolada de outras realidades. Não pode ser. Não é crível que seja”, conclui. 
 
Para ler a coluna de Janio de Freitas na íntegra, clique aqui.  
 
Redação

7 Comentários

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  1. A presidência foi chamuscada

    Essa situação do Flavio Bolsonaro é gravissima, mas pelo que ja se comentava desde a quebra da placa da rua Marielle Franco, não apenas ele teria envolvimento com milicianos, como o pai também.

  2. Discordo. O que Jânio de
    Discordo. O que Jânio de Freitas chamou de drama apresenta todos os elementos de uma tragédia de Shakespeare.

    Em sua peça Rei Lear, o bardo inglês explora as contradições que enlouquecem um rei após ele ser traído por duas de suas três filhas, às quais havia legado seu reino de maneira insensata. Em breve, Jair Bolsonaro também estará gritando: Minha presidência por um cavalo.

  3. Por ora, o começo
    Janio de

    Por ora, o começo

    Janio de Freitas

    Impossível não é, mas também não é convincente que Flávio e Jair Bolsonaro pontuassem seus percursos políticos com defesas, elogios e apoios práticos às milícias apenas por ideias degenerativas. Sem sequer conhecer a ligação do seu influente amigo e assessor Fabrício Queiroz com a poderosa milícia de Rio das Pedras.

    O que emerge, quase só por acaso, da simplória denúncia de que um PM movimentou pouco mais de um milhão em um ano, tem potencial de chegar a desfechos dramáticos em várias frentes.

    Tudo depende da disposição de investigar e, a fazê-lo, que não haja os dirigismos e limitações próprios dos grandes inquéritos brasileiros.

    A operação de há dois dias em Rio das Pedras, aliás, foi um feito sem precedente que a intervenção militar no Rio construiu, mas não pôde concluir.

    Sua continuidade, pedida pelo novo governador, foi negada pelo governo Bolsonaro. Se por desejo do Exército ou por motivos que fatos atuais e futuros sugiram são hipóteses disponíveis para os exercícios interpretativos. Apesar de hipóteses, valem mais do que as explicações dadas.

    Os generais Braga e Richard, no pouco que saíram do silêncio, deram pistas da prioridade à apreensão de armas (sem êxito) e às milícias. O que combinava com as principais suspeitas sobre a morte de Marielle e do motorista Anderson.

    Mas uma operação contra a milícia da Rio das Pedras precisava de mais do que as informações necessárias: exigiu uma composição humana especial, pelos riscos implícitos e até para evitar o vazamento ameaçador.

    O problema para a operação era conhecido e vinha de muito longe. O comando da milícia por um major da ativa na PM, agora preso, e de um major expulso da PM, agora foragido, ambos tidos como muito perigosos e competentes, bloqueava as polícias.

    Era mais do que suficiente ao corporativismo de uns e ao medo de outros, quando não ao comprometimento, para evitar ações policiais contra os milicianos e suas atividades a partir de Rio das Pedras.

    O numeroso transporte em vans, controlado por aquela milícia, proporciona às investigações uma informação útil ao levantamento dos elos: os Queiroz têm permissão do comando miliciano para explorar esse serviço, e o fazem.

    Se pagam a quota convencionada, é incerto, consideradas as retribuições às honrarias da Assembleia Legislativas patrocinadas por Flávio Bolsonaro para os dois majores.

    Presença anotada no gabinete de Bolsonaro na Câmara, para uma filha de Queiroz que exercia sua profissão no Rio. Contradições nos dados de compras e vendas de imóveis por Flávio. Discordâncias entre fatos e as explicações por ele dadas. Os discursos em Brasília e no Rio pró-milícias. Condecoração a milicianos. A intermediação do amigo e “motorista” Queiroz com oficiais PM problemáticos. Empregos para filha e mulher de chefe miliciano, emprego fantasma para outra. As sucessivas derrubadas das explicações defensivas —enfim, nada disso é desconectado.

    E o todo não é uma ilha isolada de outras realidades. Não pode ser. Não é crível que seja.

  4. muitos já foram condenados

    muitos já foram condenados por menos do que isso….

    se forem consideradas as conexões e ilações,

    meu deus do céu,

    o sangrento imperador mongol tamerjão seria fichinha….

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