Operação prende suspeito do assassinato de Marielle Franco

Ex-capitão do Bope e mais cinco foram presos acusados também de comandar milícia mais antiga e perigosa do Rio 
 
Marielle Franco. Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – Pelo menos cinco suspeitos no envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes foram presos na manhã desta terça-feira (22) pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), com o apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil.
 
Na operação que leva o nome de Os Intocáveis e mobilizou cerca de 140 policiais, a Justiça expediu ao todo 13 mandados de prisão preventiva contra integrantes da milícia mais antiga e perigosa do estado do Rio.
 
Os principais alvos são o major da Polícia Militar e ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Ronald Paulo Alves Pereira, o subtenente reformado da PM Maurício Silva da Costa, o Maurição, e Adriano Magalhães da Nóbrega, chefe da milícia de Rio das Pedras que tem como principal atividade explorar o ramo imobiliário ilegal com ações violentas e assassinatos. 
 
 
O MP-RJ aponta que há também indícios de que o grupo comande o Escritório do Crime, especializado em assassinatos por encomenda contratados por contraventores do jogo do bicho e políticos. 
 
Na semana passada o GGN publicou o resultado de uma reportagem investigativa do Intercept Brasil apontando o envolvimento de um ex-capitão do Bope, expulso da Polícia Militar por envolvimento com a máfia do jogo do bicho, como principal suspeito do assassinato de Marielle e Anderson.
 
Nesta manhã, o major Alves Pereira, foi detido e é investigado por integrar a cúpula do Escritório do Crime. Ele foi denunciado por comandar negócios ilegais como grilagem e agiotagem. E, no inquérito da Justiça, que o Intercept teve acesso, pelo menos seis testemunhas citam um ex-policial do Bope como líder de um grupo paramilitar com outros dois ex-caveiras.
 
Segundo o jornal O Globo, Alves Pereira é réu no processo de homicídio de cinco jovens na antiga boate Via Show, em 6 de dezembro de 2003, e vai a júri em abril. O major mora em um condomínio fechado, na Zona Oeste do Rio onde os apartamentos mais caros valem mais de R$ 1 milhão.
 
O ex-Bope é indicado como possível executor da morte de Marielle. Por outro lado, o principal suspeito de ter encomendado o assassinato é o vereador Marcello Siciliano (PHS). 
 
Segundo testemunhas, de outro inquérito aberto para investigar Siciliano, Marielle teria atrapalhado grilagem de terras do político em áreas dominadas por grupos paramilitares. Siciliano nega ser o mandante do crime e já depôs várias vezes.
 
Mas essa é apenas uma linha da investigação. Em julho, o Jornal Nacional divulgou uma reportagem, após ter acesso ao depoimento de Orlando Oliveira de Araújo ao Ministério Público Federal, conhecido como Orlando de Cariacica. O ex-policial e miliciano e foi apontado pela Delegacia de Homicídios do Rio, comandada por Giniton Lages, como um dos principais suspeitos de matar a vereadora. 
 
Ele pediu para ser ouvido pelo MPF e fez acusações contra a Polícia Civil do Rio, alegando que estava sendo pressionado para assumir a autoria do crime. O depoimento levou a Polícia Federal a abrir uma investigação sobre a conduta da delegacia de homicídios neste inquérito.
 
Orlando foi chefe de uma milícia na zona oeste do Rio. Em 2017, terminou preso por homicídio e porte ilegal de arma sendo encaminhado ao Complexo Penitenciário de Bangu. 
 
Ele contou que, em maio, foi visitado pelo delegado Giniton e pressionado a confessar que matou Marielle a mando do vereador Marcelo Siciliano (PHS-RJ). 
 
Por outro lado, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), mentor de Marielle na política, fez declarações pondo em questão a grilagem de terras como possível motivação para o assassinato da vereadora.
 
“Eu não vejo a possibilidade da morte da Marielle ter algum vínculo em relação ao nosso trabalho com as milícias (…) Se o secretário diz que a motivação é a questão fundiária ou é a questão das milícias, esta frase tem que ser acompanhada de provas”, afirmou em dezembro.
Redação

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  1. Mãe de miliciano procurado trabalhou com Flávio Bolsonaro

    Capitão Adriano, um dos denunciados da Operação Intocáveis — Foto: Reprodução

    Mãe de procurado em operação contra milícia trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro e foi citada em relatório do Coaf

    Filho dela e major preso receberam homenagem do então deputado estadual.

    Por Leslie Leitão, TV Globo

    A mãe de um dos denunciados na operação contra milicianos deflagrada nesta terça-feira (22) foi lotada no gabinete de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual.

    Raimunda Veras Magalhães, mãe do ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega – que ainda é procurado -, aparece em relatório do Coaf como uma das remetentes de depósitos para Fabrício Queiroz, ex-motorista de Flávio.

    Raimunda, de acordo com o relatório do Coaf, depositou R$ 4,6 mil na conta de Fabrício Queiroz. Ela aparece na folha da Alerj com salário líquido de R$ 5.124,62.

     

    Caso Fabrício Queiroz: o que é, cronologia dos fatos, personagensFlávio Bolsonaro: a trajetória do hoje senador eleito

     

    A mãe de Adriano aparece nos quadros da Alerj desde 2 de março de 2015, quando foi nomeada assessora da liderança do PP, ao qual Flávio Bolsonaro era filiado. Saiu em 31 de março do ano seguinte, quando o deputado migrou para o PSC. Em 29 de junho de 2016, foi lotada no gabinete de Flávio. Foi exonerada dia 13 de novembro do ano passado.

    Mulher de Adriano, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega também foi lotada no gabinete de Flávio na Alerj, com o mesmo salário da sogra. Ela é listada na Alerj desde novembro de 2010 e foi exonerada junto com a sogra.

    O que dizem os advogados de Queiroz

    A defesa de Fabrício Queiroz afirmou, em nota, repudiar “veementemente qualquer tentativa espúria de vincular seu nome à milícia no Rio Janeiro.”

    “A divulgação de dados sigilosos obtidos de forma ilegal e sua divulgação na imprensa constituem verdadeira violação aos direitos básicos do cidadão, como também uma grande desumanidade, considerando seu estado de saúde”, prossegue o texto.

    “De outro lado, registra ainda que embora tenha requerido em três oportunidades as referidas informações, ainda não foram disponibilizadas, e para sua total surpresa e indignação vêm sendo vazadas diariamente com caráter sensacionalista”, encerra.

    Menção elogiosa

    Tenente Adriano também recebeu moção de louvor proposta por Flávio Bolsonaro em 20013 — Foto: Reprodução

    Antes de empregar Raimunda e Danielle, Flávio Bolsonaro homenageou o capitão Adriano. Em 2003, o então deputado propôs moção de louvor e congratulações a Adriano por prestar “serviços à sociedade com absoluta presteza e excepcional comportamento nas suas atividades”.

    Ex-capitão do Bope, Adriano foi preso duas vezes, suspeito de ligações com a máfia de caça-níqueis. Em 2011, Adriano foi capturado na Operação Tempestade no Deserto, que mirou o jogo do bicho. Segundo o MP, o capitão era o responsável pela segurança da chefe da quadrilha, Shanna Harrouche Garcia, filha do bicheiro Waldomir Paes Garcia, o “Maninho”, morto em 2004.

    Três anos depois, Adriano e o primeiro-tenente João André Ferreira Martins foram demitidos da PM, considerados culpados nas acusações de associação com a contravenção.

    Ronald Paulo Alves Pereira, major da PM, chega preso à Cidade da Polícia — Foto: Reprodução/GloboNews

    Major homenageado

    Adriano não foi o único alvo da operação do MP hoje agraciado com uma moção na Alerj. Flávio Bolsonaro fez a mesma homenagem ao major Ronald Paulo Alves Pereira, quando era lotado no 16º BPM.

    A condecoração aconteceu meses depois de ele ser apontado como um dos autores da Chacina da Via Show, que deixou cinco jovens mortos após a saída de uma casa de festas em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Até hoje o major – agora apontado como chefe da milícia da Favela da Muzema – não foi julgado pelo crime.

    Major Ronald foi homenageado em 2004 pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro, que propôs moção de louvor — Foto: Reprodução

    Caso Marielle

    Ano passado, Ronald e Adriano chegaram a ser ouvidos pela Delegacia de Homicídios como testemunhas no inquérito que apura as mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março.

     

  2. Mas quem matou Marielle?

    Imagino que o Marcelo Freixo saiba de coisas que nos não temos conhecimento para afirmar que não acredita que tenha sido os milicianos… Como ter certeza se foram esses apontados pela policia como mandante e executores do crime ? Pela ficha corrida deles pode ser, mas isso também serve como fachada para esconder outros envolvidos. O bolso-filho, por exemplo, que agora diz não ter nada a ver com os milicianos passou sua carreira no Rio abraçado a esses ai e o Jair Bolsonaro também. 

  3. Fio da Meada

    Nassif: tô desconfiado que o caso da Marielle envolve transação imobiliária. Não que eu queira insinuar qualquer suspeita. Mas esse tal de “chefe da Milicia de Rio das Pedras” não atuava no ramo imobiliário? Não é atribuido a ele ligações com o Queiroz? Mas o ramo do “chaffeur” não era venda e compra de automóveis? Logo, deve sobrar prá quem mexia com compra e venda de imóveis. Pode ser uma pista promissora. Mas com cuidado, pois o cidadão já foi até homenageado na Assembléia Legislativa. Trata-se de gente grande e importante, no cenário do atual governo.

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