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TRF acolhe denúncia e torna réus promotores envolvidos no mensalão do DEM
Por Jailton de Carvalho ([email protected]) | Agência O Globo – 9 horas atrásBRASÍLIA – A Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região acolheu nesta quinta-feira a denúncia do Ministério Público contra o ex-procurador-geral do Distrito Federal Leonardo Bandarra e a promotora Deborah Guerner, entre outros acusados de tentar extorquir R$ 2 milhões do ex-governador José Roberto Arruda. No total, 12 desembargadores votaram pelo acolhimento integral das acusações. Apenas o desembargador Jirair Meguerian pediu a exclusão de Bandarra e do empresário Marcelo Carvalho, principal executivo do grupo empresarial do ex-vice-governador Paulo Octavio até o início do escândalo do mensalão do DEM.
A desembargadora Mônica Sifuentes apresentou um longo relatório sobre a suposta tentativa de extorsão de Arruda. Segundo ela, Deborah Guerner, cobrou R$ 2 milhões do ex-governador para não divulgar um vídeo em que Arruda aparece recebendo dinheiro do ex-secretário Durval Barbosa, delator do mensalão. Deborah Guerner teria pedido dinheiro numa reunião com Arruda na residência oficial do governador em junho de 2009, mas Arruda teria rejeitado a oferta. A desembargadora sustenta que Guerner foi ao encontro de Arruda em companhia de Marcelo Carvalho. O vídeo da chantagem teria sido entregue à promotora pela jornalista Cláudia Marques, a pedido de Durval Barbosa.
MoniMônica Sifuentes afirmou ainda que Bandarra e o marido de Deborah, Jorge Guerner, planejaram a tentativa de extorsão. Uma das provas da participação de Bandarra seria um diálogo entre ele e Deborah no dia seguinte à tentativa de chantagem. No diálogo, os dois conversam em código sobre uma reunião e mencionam o nome Ricardo, que seria o codinome de Arruda.
A advogada Gabriela Benfica negou qualquer envolvimento de Bandarra no caso.
– Mais uma vez, a relatora fez apenas a transcrição da denúncia. Em nenhum momento ela fez referência à tese da defesa. O resultado do julgamento é um juízo superficial. Com relação ao doutor Leonardo Bandarra, os indícios são frágeis. Ele não participou, não planejou, não tem nenhum elemento que indique autoria dele – disse Gabriela.
O advogado Paulo Sérgio Leite Fernandes deverá insistir na tese de que a promotora Deborah Guerner tem problemas mentais e não pode ser responsabilizada criminalmente.
– Ela não bate o pino – disse Fernandes
Após ter causado confusão na abertura do julgamento, a promotora Deborah Guerner deixou a sessão, ao lado do marido, Jorge Guerner, dizendo que ele estava passando mal. Antes de chegar ao posto de atendimento, a promotora desmaiou e foi encaminhada ao posto médico do tribunal.
Segundo o site G1, Guerner disse que o marido estaria tendo um Acidente Vascular Cerebral.
– Eu sei que ele vai morrer de tanta injustiça – gritou a promotora.
Mais tarde, o advogado de Deborah afirmou que Jorge Guerner sofreu um princípio de AVC há duas semanas.
Os dois foram ao posto médico, onde ficaram até o final da sessão. Jorge Guerner saiu dirigindo o carro do casal e Deborah só entrou no veículo depois de ser retirada de uma cadeira de rodas.
Em boletim médico divulgado pelo Tribunal Regional Federal após a ocorrência, consta a informação de que a promotora deixou o posto médico “tranquila e clinicamente estável”. De acordo com o documento, Guerner deixou o local a seu pedido, mediante assinatura de termo de responsabilidade.
O boletim informa que apesar de a paciente deixar o posto bem, solicitou uma cadeira de rodas para chegar ao carro. Na saída do prédio, ela aparentava estar desacordada, e inclusive precisou da ajuda de um brigadista para entrar no carro do marido, Jorge Guerner, que também está sendo julgado hoje. Ao ser perguntado se a sua cliente teria simulado o mal-estar, o advogado de Deborah, Maurício Araújo, negou:
– Isso seria má-fé. Ela sofreu um desmaio. Não teria por que simular isso. Eles estão com o estado emocional fragilizado – disse.
Antes, no início da sessão, os desembargadores decidiram abrir o julgamento à imprensa, ao contrário do julgamento anterior, em maio. Na ocasião, o TRF rejeitou recurso em que Deborah Guerner alegava insanidade mental. Segundo o Ministério Público, Deborah teria feito até aulas com um psiquiatra para forjar loucura.
Durante a discussão sobre a abertura da sessão de hoje, Deborah tentou interferir e gritou aos desembargadores:
– O Arruda (ex-governador do DF José Roberto Arruda) não foi denunciado, nem o Paulo Octávio (ex-vice-governador do DF) nem ninguém!
O presidente do tribunal, Olindo Menezes, a repreendeu:
– Se a senhora falar mais uma vez vou retirá-la daqui. A senhora não é obrigada a estar presente, mas, se tumultuar mais uma vez, vai ser retirada.
A partir daí, Deborah calou-se e sentou ao lado do espaço onde ficam os jornalistas.
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