Representante de Renan Calheiros, Aníbal Gomes recebia a propina, diz Costa

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Novo depoimento do ex-diretor da Petrobras reafirma a influência do presidente do Senado no esquema de corrupção da estatal
 
Jornal GGN – O deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) teria trabalhado a mando do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), como negociador de valores de propinas em contratos da Petrobras. A informação é de depoimento do ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, nesta segunda-feira (13). Segundo Costa, Calheiros era quem dava a sustentação política para que ele continuasse como diretor da Petrobras.
 
Costa disse que o presidente do Senado nunca negociou propina junto às empreiteiras e, por isso, enviava o deputado federal aos encontros. “O senador Renan Calheiros nunca participou de nenhuma reunião com empreiteiros. O Aníbal Gomes, sim”, disse.
 
Os dois parlamentares teriam recebido uma parte da propina de fraudes na Petrobras. “Quem lhe dava sustentação política no PMDB? Não vi o senhor mencionar”, questionou o advogado da OAS, presente na audiência. “É porque o senhor já constou de outros depoimentos. Senador Renan Calheiros era um dos que dava sustentação política”, respondeu Costa. “O senhor negociava com ele também valores, propinas, comissionamento?”, perguntou o criminalista Edward Rocha de Carvalho. “Não. Não, com ele não. Mas ele tinha um representante lá, um deputado, Aníbal Gomes, que em algumas vezes negociou comigo isso”, disse o ex-diretor.
 
Acompanhe o trecho, a partir de 17 minutos:
 
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A afirmação já havia sido divulgada, parcialmente, em outro depoimento de Costa, no início de fevereiro à equipe da força-tarefa da Lava Jato. O ex-diretor foi claro ao afirmar que o deputado Aníbal ficou devendo R$ 800 mil para ele, quantia prometida para que ele ajudasse o Sindicato Nacional dos Mestres de Cabotagem e Contramestres em Transportes Marítimos a resolver um impasse com a Petrobras.
 
No diálogo de fevereiro, em que pouco cita Renan Calheiros, Costa informou que Aníbal o procurou para agilizar o processo e que, com isso, ficou devendo a ele R$ 800 mil. “Só que ele nunca me deu esse valor. Ele me passou a perna”, havia afirmado o ex-diretor, completando que Aníbal Gomes “estava representando” o senador peemedebista.
 
“Obviamente que se a minha parte era R$ 800 mil, a parte dele era muito maior”, disse Costa. “Quando ele [o deputado] falou que R$ 800 mil era para mim, o restante era para o grupo deles. Ele não me falou ‘Renan’, mas eu subentendi”, explicou o ex-executivo.
 
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Na ocasião, o deputado Aníbal respondeu, em nota oficial, que não tinha relação no caso, mas confirmou os estreitos laços com Renan. “O senador Renan Calheiros é meu companheiro de partido e uma das nossas principais lideranças, o conheço desde o meu primeiro mandato, que se iniciou em 1995. (…) Rodrigo Calheiros, filho do Senador Renan trabalhou em meu gabinete de 2008 a 2011, como assessor parlamentar”, disse.
 
Renan Calheiros e Aníbal Gomes são alvos de uma mesma petição (Pet 5254) encaminhada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF). No documento, Janot descreveu as informações do doleiro Alberto Youssef, sobre o papel do PMDB e do PP no esquema de contratos da Petrobras.
 
É trecho do documento:
 
 
No mais recente depoimento à Justiça Federal do Paraná, Costa complementa as informações, assumindo que sua gestão junto à Petrobras “era compartilhada entre o PP e o PMDB”. 
 
Resposta
 
Em nota oficial, o senador disse que “suas relações com todas as empresas públicas e seus diretores nunca ultrapassaram os limites institucionais” e que “jamais autorizou o deputado Aníbal Gomes ou qualquer outra pessoa a falar em seu nome”. “Digno de registro também é a contradição, já que nos depoimentos anteriores o delator sempre negou ter tratado de projetos e valores com o Senador Renan Calheiros”, completou. Aníbal Gomes negou as acusações e afirmou que não entregou e nem prometeu recursos para ninguém. 
 
Leia a petição 5254, encaminhada por Janot ao ministro Teori Zavascki, com as denúncias envolvendo Renan Calheiros e Aníbal Gomes:
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. As mencoes ao sindicato dos

    As mencoes ao sindicato dos mestres naoseique, ao sindicato dos “praticos”(!), e aa empresa de advocados tem que ter documentacao com eles proprios e certamente terao.

    A  coisa nao ta parecendo muito engracadinha pro lado dos acusados.

  2. Se for murado o Senado será
    Se for murado o Senado será um presídio adequado para os ilustres membros das quadrilhas que querem dominar a República e revogar a soberania popular?

  3. Pequena aula

    99% dos recebedores de propinas – ou talvez um pouco mais – não arrecadam dinheiro para eles mesmos.  Imaginem, por exemplo, o Costa pedindo milhões de dólares a uma empreitera para ajudá-la em uma licitação. Alguém da empresa iria imediatamente a presidencia da Petrobras, ou a um membro do Conselho Administrativo, e apontaria o diretor ladrão. Não por honestidade, mas para economizar aqueles milhões. Então, o probo recebedor de propinas precisa dizer que o dinheiro é para os chefes dele, para determinados partidos políticos etc. etc. Dai a vítima não pode verificar para quem está pagando. Se é verdade que um deputado dizia receber em nome do presidente do Congresso, o Costa acreditava? Logo ele? Na condição de mandatário de um bando que mantemj a presidência do Congresso há décadas, Renan não merece defesa.  Mas as acusações da lava-jato, até agora, não merecem fé.

  4. Um “pau-de-galinheiro” frente

    Um “pau-de-galinheiro” frente a esse Renan Calheiros é o objeto mais asséptico do planeta. Um dos exemplares mais representativos do pior que o estamento político – de per si já putrefato(com raras exceções) – produziu nesses quinhentos e poucos anos da nossa história. 

    A ele se ajustam todos os ismos depreciativos afeitos à práxis política nos últimos vinte anos: fisiologismo, clientelismo, servilismo, oportunismo, puxa-saquismo, vigarismo……e outros ora não lembrados. Desde os governos Fernando Henrique protagoniza a mais abjeta politicagem. Claro que com a benevolência que demanda as “sacras” políticas de alianças para a governabilidade. Traduzindo: sem os rapaces não é possível governar o país. O mesmo “sagrado” princípio, a bem da verdade, ficou valendo, e como!, nos governos petistas que este escriba apoiou nesses tempos todos. Ou seja, também fui, sou ainda partícipe desse jogo em que “os fins limpam as barras sujas do meio”. 

    Aníbal Gomes é deputado federal, eleito e reeleito sempre com expressiva votação, aqui da província da Iracema dos lábios de mel. Integrantes do clã Ferreira Gomes(é parente do Ciro e do Cid Gomes), é “cagado e cuspido” o que foi expresso anteriormente para Renan Calheiros. A diferença está apenas na raio de atuação de cada um; ou do poder respectivo. Sua família há séculos exercita o coronelismo político clássico em todos os seus mais amplos aspectos, incluindo até a…….deixa para lá. 

     

     

  5. quer dizer que o filho do

    quer dizer que o filho do Renan “trabalhou” no gabinete do preclaro deputado? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK: forte candidata à série me engana que eu gosto. Bando é pouco, quadrilha.

  6. sejamos coerentes

    Nasssif, nao devemos dar credito algum a essas delacoes. Certa esta a presidenta que disse que nao respeita delator. 

    O que eles andam dizendo nao tem valor algum, nenhuma credibilidade, seja contra quem for. Melhor nem repercutir.

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