Petistas reclamam de nova investida da PF após encontro de ministro com Moro

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Deputados do PT e aliados reagiram mal à nova operação da Polícia Federal, que teve como principal noticiário a prisão do ex-ministro de Dilma e Lula, Paulo Bernardo, além da ação de busca e apreensão em diretório petista.

Segundo reportagem de Hylda Cavalcanti para a RBA, houve questionamentos ao direcionamento das investigações pela PF após o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ter se encontrado com o juiz federal Sergio Moro e outros membros da Justiça Federal no Paraná.

A reportagem também frisou que a nova onda de ataque a membros do PT acontece após dias de frutos negativos para PMDB, PSDB e PSB, entre outros partidos, em função de denúncias da Lava Jato.

A defesa do ex-ministro Paulo Bernardo também teria informado que a prisão foi abusiva.

Por Hylda Cavalcanti

Na Rede Brasil Atual

Políticos dizem estranhar estardalhaço da PF, após ida de ministro ao Paraná

Causou surpresa entre parlamentares, políticos e dirigentes partidários do PT e demais legendas aliadas da presidenta Dilma Rousseff, a coincidência de acontecimentos que precederam a prisão, no início da manhã de hoje (23), do ex-ministro Paulo Bernardo, que atuou no Planejamento e nas Comunicações nos governos Lula e Dilma, e a condução coercitiva do ex-ministro da Previdência Carlos Gabas para tomada de depoimentos. Os atos não foram conduzidos pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), conforme foi anunciado inicialmente, mas pela Custo Brasil, um dos desdobramentos da Lava Jato.

Foram expedidos 65 mandados judiciais entre prisões, tomadas de depoimentos e buscas e apreensões de documentos no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Pernambuco. A ação apura pagamento de propina para funcionários públicos e agentes políticos do Ministério do Planejamento entre 2010 e 2015, em esquema que envolvia contratos do Executivo com uma empresa de tecnologia, a Consist.

A defesa do ex-ministro Paulo Bernardo afirmou que o Ministério do Planejamento se limitou a fazer um acordo de cooperação técnica com a referida empresa e que a questão nem sequer precisou passar pela aprovação do ministro, uma vez que o assunto foi totalmente tratado pela área de Recursos Humanos do ministério. A prisão de Bernardo também foi considerada ilegal pelos seus advogados, que argumentam não existir, no caso, o preenchimento de requisitos legais que a justifiquem.

Já o ex-ministro Carlos Gabas disse que nada tem a ver com a questão e pretende esclarecer tudo. De acordo com Gabas, durante a sua gestão na pasta, o Ministério da Previdência não teve qualquer ligação com a empresa citada na operação.

Conforme a denúncia em apuração, a Consist teria pago propinas após vencer uma licitação para prestar serviços de informática no âmbito de acordo  entre o Ministério do Planejamento, a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) e o Sindicato das Entidades Abertas de Previdência Privada (Sinapp) para gestão de margem consignável em folha de pagamento dos servidores públicos federais.

Alívio para peemedebistas
O problema da operação em si, para petistas e parlamentares anti-impeachment, é o fato de a ação ter sido realizada logo após várias denúncias envolvendo políticos do PMDB, do PSDB e do PSB nos últimos dias. E poucos dias depois de o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ter ido ao Paraná, para uma conversa com o juiz federal Sérgio Moro. Peemedebistas presentes no Congresso esta manhã, inclusive, chegaram a comentar que estavam se sentindo aliviados com a mudança do foco das denúncias dos caciques do PMDB outra vez para o PT.

Os principais portais de notícia publicaram imagens de policiais federais fortemente armados em frente ao prédio do diretório nacional da legenda, em São Paulo. O fato já divide o tempo de telejornais da Globonews com a lembrança dos 20 anos da morte de Paulo César Farias, o PC, tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello encontrado morto ao lado da namorada.

Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), o PT sempre defendeu que as ações da Lava Jato tenham continuidade e todos os casos sejam apurados, mas ele afirmou que os integrantes da legenda consideram estranho quando ações desse tipo são realizadas após a divulgação de fatos comprometedores envolvendo caciques tucanos e peemedebistas.

O secretário de Comunicação do PT, João Bravin, chamou de “fascista” a ação da PF na sede da legenda e questionou a diferença de tratamento em relação às buscas e apreensões decretadas no partido e ao que é dispensado às outras legendas. “Por que as autoridades não vão, da mesma forma, à sede de outras siglas?”, indagou.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que a prisão de Paulo Bernardo consiste em uma forma de constranger um ex-ministro do governo anterior. A ação, segundo ele, está sendo vista pelos parlamentares como uma maneira encontrada pelo governo interino de fazer nova “espetacularização” nas ações da Polícia Federal para tirar o foco das denúncias contra peemedebistas.

“Enganam-se os que acham que o episódio vai enfraquecer os trabalhos da comissão do impeachment, pois cada vez mais tem sido comprovada a ausência de crime por parte da presidenta Dilma Rousseff. E não serão esses tipos de ataque que vão constranger e atrapalhar a atuação dos petistas na defesa da presidenta”, acrescentou o senador.

A turbulência provocada pelas denúncias e informações reveladas na última semana teve início por meio de gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, de conversas mantidas por ele com os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-presidente José Sarney (PMDB-MA). E culminou com denúncias citando o próprio presidente em exercício da República, Michel Temer, e o presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Denúncias contra o PSB
Como se não bastasse, nos últimos dias foi anunciado um esquema de lavagem de dinheiro que está sendo apurado, cujas primeiras informações envolvem a campanha política do ex-governador pernambucano Eduardo Campos, do PSB, morto num acidente aéreo em 2014, quando concorria à presidência da República (o caso está sendo apurado em separado e não faz parte das investigações da Lava Jato – consiste na Operação Turbulência, também da PF).

As informações podem vir a comprometer, ainda, a vice de Campos na época, a ex-senadora Marina Silva, hoje da Rede, que assumiu a disputa em 2014. Um dos envolvidos no caso, o empresário Paulo Cesar de Barros Morato, que estava sendo procurado para que fosse efetuada sua prisão, apareceu morto na noite de ontem em Olinda (PE), em situações estranhas. A polícia não esclareceu até agora se ele foi vítima de assassinato ou se cometeu suicídio – Morato é suspeito de ter coordenado ação que resultou na lavagem de dinheiro em montante da ordem de R$ 18 milhões.

Também ontem os holofotes da política voltaram-se outra vez para o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que passou a ser réu em mais uma ação penal.

A Polícia Federal deu informações sobre a Operação Custo Brasil no final da manhã, na sede da superintendência em São Paulo. Mas deixou os petistas com os pés atrás pelo fato de as ações terem sido realizadas tão pouco tempo depois de repercussões tidas como negativas para aliados do governo interino de Michel Temer.

Em pouco mais de 30 dias de governo, três ministros já tiveram de deixar o cargo e pelo menos cinco aliados da gestão Temer foram alvo de manifestações públicas por meio de gritos, xingamentos e acusações de “ladrões” e “golpistas”: o ministro José Serra (PSDB-SP), o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP), o deputado Beto Mansur (PR-SP), o hoje ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e, mais recentemente, o senador José Aníbal (PSDB-SP).

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

21 Comentários

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  1. Reparei que as posições das

    Reparei que as posições das mãos de quase todos na foto que ilustra a matéria é parecida. Há algum siginificado nisso?

  2.  
    Entre outras coisas, o

     

    Entre outras coisas, o Brasil eh o unico pais do mundo onde sedes de partidos estao sendo invadidas pela policia…

  3. É só o começo

    É assim que a direta fascista governa. Nada de republicanismo. O mais irônico é que o Lulinha paz e amor (o republicano) leva a sério a vaza jato. O Lulinha paz e amor (o republicano) será preso um pouco antes das eleições desse ano e será transmitido pelo PIG como um espetáculo.

     

     

  4. O que o Moro tem a ver com

    O que o Moro tem a ver com isso ?

    A PF de São Paulo investigou, o Procuradoria da Republica em São Paulo investigou, e um Juiz da Vara Federal de São Paulo decretou a prisão.

    Será que ficou dificil de entender essa parte

     

  5. Essa foto… Parece a foto de

    Essa foto… Parece a foto de um filme dos anos 90, me esqueci o nome, mas o mote era o cobate à corrupção…

  6. O povo está só, vão

    O povo está só, vão incriminar os movimentos populares e trabalhistas, enquanto ladrões conhecidos dão entrevistas sorridentes para “jornalistas” mediocres e vendidos, não tem saida pacifica para essa situação, tomaram o poder na marra e não vão devolve-lo, as eleições de 2018 ou serão suspensas ou terão um forte cheiro de queimado com essa turminha do mal a organizando (ou alguem engoliu eleição de senador que estava em terceiro, ou o modelo bizarro de apuração das ultimas eleições??).

  7. Esquema do Temer

    Esta tão obvio a troca de alvo, deixando o PMDB de lado e voltando atirar no PT. Como disse em outro comentario, são capazes de ir longe, incluindo uma possivel prisão de Lula e tentarem incriminar Dilma em alguma coisa, nem que seja a escandalização pela escandalização. Assim o PT volta às primeiras paginas e enfraquece Dilma mais ainda.

  8. resistência

    é bom o pt organizar a resistência à escalada fascista do judiciário.

    o sucesso da democracia deprende de um expurgo completo na polícia federal, nas promotorias estadiais e federal e na magistratura em todos os níveis.

    essa gente é absolutamente incompatível com um estado democrático de direito.

    são um cancro que deve ser extirpado.

  9. A foto registrará, para a

    A foto registrará, para a posteridade,  a indecência e a promiscuidade das nossas instituições de estado.

  10. Moro deposto

    Tendo em vista tudo o que acontece na Vara de Curitiba sob os olhos do STF e CNJ, não há que se falar em impedimento,  afastamento, suspeição (apesar das mil fotos dele com psdbistas e globo – ele não é suspeito) ou mesmo não caberia dizer exoneração para Moro. O certo é o que resta dizer: Moro tem que ser deposto.

  11. Casa Grande e Senzala

    Para a casa grande o PT é preto e pobre; a polícia vai lá, chuta a porta do barraco, invade, quebra tudo, bate, prende e depois vai ver quem é. Sarney, Renan, Serra, Cunha, Aécio, FHC, Alkmin, et caterva, todos probos e é claro sem invasões ou prisões coercitivas #Ditadura2016 #ForaGolpistas

  12. Essa operação,

    “combinadíssima”, é pano de fundo para desviar a atenção da morte do “colaborador” do avião (em Pernambuco) e dos ministros “temerosos”.

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