Procuradores ameaçam, mas não podem abandonar Lava Jato por ideologia

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Os procuradores da Lava Jato em Curitiba podem até ameaçar abandonar a Lava Jato por motivos ideológicos, mas não têm poder de tomar essa decisão, na prática. Quem decide quem entra e sai da operação é o procurador-geral da República, Rodrigo Janot – que foi bastante evasivo sobre essa ameaça.

Na visão do promotor público de São Paulo Roberto Tardelli, “por mais que [os procuradores] se achem acima dos mortais comuns, essa autorização lhes foi concedida pelo PGR, a quem cabe exclusivamente revogá-la.”

Liderados por Deltan Dallagnol, os procuradores convocaram a imprensa nesta semana para dizer que renunciariam coletivamente caso o Senado aprovasse o projeto da Câmara que prevê punição para juízes e membros do Ministério Público que, entre outras situações, comentam processos em andamento e instauram inquéritos sem indícios reais de crime. 

Para Tardelli, quando os procuradores insinuam que, sem eles, a Lava Jato não prospera, estão ofendendo outros colegas.

“De forma bisonha e caricata, eles querem assumir papéis de vítimas, que jamais foram. Tentaram aprovar a força um Ato Institucional. Na verdade, nem a ditadura tentou aprovar uso de prova ilícita e comissão em dinheiro para servidor que denunciar colega. Imagina o estado de paranoia que o país viveria?”, disse Tardelli.

Por Fernando Martines

Procuradores não podem renunciar por discordar da legislação

No Conjur

Não cabe ao procurador decidir se irá continuar ou não cuidando de um caso. Segundo dispositivos internos do Ministério Público Federal, para renunciar, ele deve apresentar um motivo e pedir autorização ao procurador-geral da República. O debate veio à tona com a ameaça dos procuradores da força-tarefa da operação “lava jato” de deixar o processo se for sancionada a lei de abuso de autoridade.

Segundo Roberto Tardelli, promotor público do Ministério Público de São Paulo, é comum que os procuradores renunciem a casos para darem espaço a um colega mais experiente no tema. “Mas renunciar porque não concorda com uma legislação que foi aprovada, isso eu nunca vi.”

A ameaça de renunciar à operação por causa da aprovação da lei de abuso de autoridade por parte dos procuradores da “lava jato” causou desconforto entres seus pares. O líder, Rodrigo Janot, procurador-geral da República, foi evasivo ao comentar e disse que os colegas podem ter falado de “cabeça quente”.

Em viagem na China, Janot acompanhou de longe a tentativa do Senado de votar a lei de abuso de autoridade. O distanciamento foi o elemento ao qual ele se apegou quando questionado pelo jornal Folha de S.Paulo sobre a ameaça dos procuradores.

“Estou longe daí do Brasil. Não estou percebendo o contexto deles. Isso pode ter sido também uma reação das pessoas de cabeça quente, mas não consigo avaliar porque estou na China. Eu soltei uma nota à imprensa dizendo o contrário: que todos os colegas concentrem esforços no seu trabalho de maneira objetiva e profissional, sem ideologia, e que toquem para frente todas suas investigações e seus processos. Essa é a resposta. A resposta tem que ser institucional e profissional”, disse Janot.

Vínculo é institucional
Já para Tardelli, que ficou notório por ser o promotor do caso de Suzane von Richthofen, os procuradores da “lava jato” não podem “renunciar” ao processo porque não são pessoalmente vinculados a eles, mas funcionalmente. “Por mais que se achem acima dos mortais comuns, essa autorização lhes foi concedida pelo PGR, a quem cabe exclusivamente revogá-la”, ressalta.

Desmoralizando colegas
O promotor aposentado vê ainda uma tentativa dos procuradores de superdimensionar suas posições dentro do MP. “Se dão muita importância e desmoralizam os colegas. Porque eles querem dizer que, se saírem, a operação acaba. Mas é mentira. O processo vai para outros procuradores. E eles querem dizer que esses colegas não terão competência para o trabalho?”, questiona.

Tardelli ainda ressalta que toda a movimentação da força-tarefa da “lava jato” foi para fazer uma coação ao Congresso, que deveria aprovar de qualquer forma as chamadas 10 medidas contra a corrupção. “De forma bisonha e caricata, eles querem assumir papéis de vítimas, que jamais foram. Tentaram aprovar a força um Ato Institucional. Na verdade, nem a ditadura tentou aprovar uso de prova ilícita e comissão em dinheiro para servidor que denunciar colega. Imagina o estado de paranoia que o país viveria?”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

23 Comentários

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  1. Esses juízes e procuradores

    Esses juízes e procuradores coxinhas estão blefando. 

    Papo furado, conversa fiada desses caras. Querem holofotes, mídia, isso que é a energia vital dessa turma. Sem isso morrem por inanição.

    E tem mais, os golpistas devem está torcendo para que isso aconteça, só assim, serão substituídos por juízes e procuradores “amigos”

    Esses caras estão percebendo que a banca deles está diminuindo, por isso está batendo o desespero.

    Bando de zé ruela !!

  2. Perderam a noção,
     
    Se

    Perderam a noção,

     

    Se esquecem que são funcionarios publicos com deveres funcionais, quanto à representação popular,  não têm nenhuma já que são concursados e não eleitos, ou seja, perderam o senso da realidade…..

  3. desespero…pero…pero…..

    desespero…pero…pero…..

    é muito medo….medo… medo

    os meninos tão com medo, coitadinhos.,…

    babou o golpe!

     volta dilma! eleições gerais para legislativo!

    o poder emana do povo. os ministros e o governo hj são a chapa perdedora de 2014.

    STF e TSE estão vendo – como o mundo inteiro, e se sujando mais a cada dia q não corrigem isso.

     

    volta dilma! eleições gerais para legislativo!

  4. É o sicolar, colou

    Porque o Marajá Dallagnol não ameaça abrir mão de parte do seu supersalário que ultrapassar o teto constitucional e devolver à sociedade tudo o que recebeu indevidamente dos cofres públicos?

    O motivo pelo qual o Dallagnol e comandita querem abandonar o Jatomorismo e se dedicar a elaborar pareceres previdenciários é que eles chegaram à conclusão de que não podem investigar alguns ricos da mesma forma abusiva que investigam pretos, pobres e putas, pois rico tem dinheiro e contrata bons advogados e tem o poder político nas mãos, não se submetendo aos abusos cometidos contra pretos, pobres e putas.

    “Fica claro com a aprovação desta lei que a continuidade de qualquer investigação sobre poderosos, sobre parlamentares, sobre políticos, cria riscos pessoais para os procuradores. Nesse sentido, nossa proposta é de renunciar coletivamente caso essa proposta seja sancionada pelo presidente. Nós vamos simplesmente retornar para nossas atividades habituais porque muito mais valerá a pena fazer um parecer em previdenciário do que se arriscar investigando poderosos”. – Procurador Jateiro

    Ora, será que se a lei for aprovada, ela não vai criar riscos pessoais para os Procuradores no caso de investigação de pessoas humildes, como pretos, pobres e putas?

    Eles não querem acabar com os abusos cometidos contra pretos, pobres e putas; o que eles querem é praticar esses abusos contra poderosos que não comunguem de suas ideologias.

  5. Sonhamos com todos eles.

    Sonhamos com todos eles. Pareciam em reunião, mas o engraçado é que êles eram marronzinhos e boiavam nas águas. Ai, puxei uma córdinha e eles sumiram… mas teve dois dos marronzinhos que demoraram mais para sumir nas águas… Um porque era muito grossinho, e o outro era muito compridinho e enroscou nas beiradas e até deixou meio riscadinho de marrom… Contamos esse sonho para o cara que faz jogo do bicho, aí êle disse que um é porco na cabeça, o outro cachorro na certa, outro era avestruz, tinha borboleta… conclusão: juntei todos os bichos para jogar num só, deu veado! morou?  

  6. Que atitude colonial!

    Percebe-se que esses procuradores vivem em um passado muito distante do Séc. XX, não seguem as normas referente aos cargos que ocupam. Se acham os intocáveis, se comportam como donos do saber. 

    Bando de coxinhas alienados e destruidores do nosso patrimônio, pois estão quebrando o meu País.

  7. E Sérgio Moro vai para os EUA

    Sérgio Moro, que está de mala e cuia prontas para partir para um período sabático nos EUA, tem um advogado enfurnado no Clã Midiático Marinho. É o Merval Pereira. Hoje o Merval Pereira escreveu que diferença de interpretação não é má-fé. De acordo com o referido Merval, provas e indícios não são avaliados, mas interpretados.

    Certamente o Merval Pereira acha que a lei não é interpretada, mas avaliada.

    Alguém diga a esse midiota que provas e indícios não são interpretados, mas avaliados.

  8. renúncia já!

    Chega! Basta! Tem tucano na área, melhor é ir fazer especulação imobiliária com imóvel do MCMV, ou quem sabe, um cursinho nos ‘estates’. A turma do jesus me enviou e agora me chama pois o serviço tá feito e o brazil quebrado, enfim! Deu, já era.

  9. Haverá algo de podre no reino da Dinamarca?

    Há algum tempo atrás, se não me engano, Moro havia afirmado que a Lava Jato seria  encerrada em dezembro… 

  10. E muito poder…….

    E Por essas e outras que dizem que: “metade dos juizes pensam que é Deus e a outra metade tem certeza”.

    Agora podemos incluir tambem os membros do MPF que atua na lava jato. Eles não pensam que sao Deus, eles tem certeza  que são.

  11. Ora,não prescisaria nem

    Ora,não prescisaria nem aprofundar meus palidos conhecimentos politicos para asseverar peremptoriamente,que a Operação Lava a Jato perdeu a serventia,venceu seu prazo de validade.A delação LAMIA da Odebrecht zera o jogo politico,e empurra os holofotes para a ave do bico grande,quando nada alguns pares de algemas.O Ministro Gilmar Mendes é peça fundamental da patifaria,ao bater de frente com Moro.Ontem o Procurador de Deus Dallanganol,ou coisa que o valha,disparou em direção oposta,dizendo que até Dilma fez mais pela corrupção.A velha midia começa tirar da reta,certificado pelos movimentos do Ministro Gilmar Mendes,uma especie de porta voz judicial da Globo.O Juiz bunda suja Sergio Moro não disse que iria passar hum ano nos Estados Unidos só para ver de perto a peruca reluzente de Donald Trump.Até se verificar o que vem da delação da Odebrecht,os vagalumes estarão solta.Não há de ser de outra forma.

    1. Dallagnol reconheceu que Dilma fez mais contra a corrupção

      Dallagnol afirmou que até a Dilma fez mais não pela corrupção, mas contra a corrupção.

  12. Engenheiros Sociais de Toga ?

    Infelizmente estes senhores usaram, usam e abusam da manipulação da opinião pública em seu favor.

    Os vazamentos seletivos e em ocasiões calculadas, visando acuar e encurralar (calar) quem levanta a voz para denunciar seus erros. Um espetáculo deprimente e patético que já dura 2 anos e meio!!!

    Aliás, como e por quê uma operação deste porte é aberta 6 meses antes das eleições de 2014, tendo como objetos de investigação iniciais o Partido dos Trabalhadores ? Isto não foi casual.

    Este episódio da ameaça de demissão foi descaradamente elaborado para manipular – novamente – a opinião pública em seu favor. Eles quiseram causar turbulência na sociedade, mais uma vez. Como Moro fez ao divulgar os grampos ilícitos da Presidente Dilma. 

    Ontem Dallagnol disse que “Dilma fez mais pela luta anticorrupção”.

    OUTRA declaração que visa manipular a sociedade e cooptar simpatizantes de Dilma para sua causa.

    Acho que se o Sr Dallagnol quiser seguir carreira de manipulador de massas, deve largar o MP e ser pastor de igreja mesmo.

    Sâo aprendizes de engenheiros sociais. Acham-se arrogantes e prepotentes a ponto de bricarem com a opinião pública e com o povo. Devem ser contidos pelo bem do Brasil.

     

     

  13. O caos se avizinha: declaração de guerra entre poderes.

    Enquanto o país sofre com a inépcia de um governo, que defende a  ambição desmedida do mercado e dos privatistas, a destruição de um dos maiores patrimônios publicos, a Petrobrás.

    De um judiciário que  faz acordo entre   delatores para a destruição deste mesmo patrimônio em beneficio de estrangeiros. Um legislativo   entrega o orçamento do país ao capital financeiro.

    E temos  agora uma declaração de guerra entre poderes instituídos. Isto é uma das coisas mais graves pela qual este país já passou. Meia duzia de procuradores e um juiz paralisam a nação com o poder institucional que lhes foi outorgado, para fazer uma outra coisa distinta de  sua obrigação que  é defender o cumprimento das leis. Eles agora querem  criar leis.

    Estes senhores estão declarando guerra a um outro poder, porque querem extrapolando suas funções criar leis que os permitam violar a constituição. ( Como compreender uma lei que permite que um servidor justiça valide provas obtidas ilegalmente, isto está explicito na proposta)

    1. O poder institucional absoluto dado aos Juízes e Procuradores

      “Promotores e juízes ameaçam parlamentares com a Lei da Ficha Limpa, essa é a realidade. Alguém com condenação por improbidade estará inelegível. Temos que temperar a interpretação da lei, para não lastrearmos um abuso de poder. E não querem a lei de abuso de autoridade, porque praticam às escâncaras o abuso de autoridade. O que se quer é ter o direito de abusar. Um governador se submete a essa situação vexatória. Ao empoderarmos determinadas corporações, estamos dando a eles o poder que eles precisam para fazer esse tipo de chantagem”. Gilmar Mendes

  14. Pulga Atrás da Orelha?

    “Tô com pulga na cueca, me ajuda a catá” — cantoria do Pânico

     

    Nassif: será que o Fernando não se equivocou? E se o funcionário for membro ou requisitado de uma organização externa?

    Vamos a hipótese que eles foram ao exterior e lá, após um curso qualquer, celebraram contrato com alguém.

    Voltaram e, com os planos traçados, prestaram concurso para formalizar a atuação neste ou naquele órgão público — professor, médico, juiz, assessor parlamentar, promotor, procurador público etc.

    É possível até que um nem saiba da existência do outro. Os serviços de inteligência dizem que é mais seguro.

    Periodicamente recebem instruções de como agir nos assuntos de interesse desses externos que, evidentemente, tem seus asseclas no Pais e grande entrosamento com as elites locais.

    Dos escroques e ladrões, nem precisamos dizer. É da práxis.

    De repente esse funcionário público, não importa a função que exerca nem o órgão, se sente traído em sua missão original, mesmo que esta esteja prestes a se findar, e pede ao patrão (verdadeiro) para retirá-lo do cenário. Se aceita a renuncia, lá fora, pode os do Pais onde estiver lotado o “funcionário” fazer alguma coisa?

    Você pode ajudar nessas conjecturas?

  15. Denúncia sem justa causa e as consequencias para o MP

    Os Procuradores da Lava Jato e o juiz Sérgio Moro ou estão agindo de má-fé ou são burros quando alegam que suas atividades estão em risco se a lei contra o abuso de autoridade for aprovada, pois, de acordo com eles, no caso de rejeição de uma denúncia, o Promotor seria necessariamente responsabilizado. Não é bem assim. Se fosse assim, sempre que uma parte interpusse um recurso e este fosse improvido, o recorrente seria condenado por litigância de má-fé. A gente sabe que não é assim.

  16. Na verdade a ameaça dos

    Na verdade a ameaça dos procuradores, com direito a convocação do PIG para corroborar e apoiar essa infantilidade dos procuradores, é apenas um movimento para tentar mobilizar a opinião pública a se voltar contra o Congresso.

    Evidentemente que foi apenas para fazer barulho.

     

    Sugiro as ótimas leituras do Fábio de Oliveira Ribeiro e do Eugênio Aragão:

     

    Procuradores acima da Lei?, por Fábio de Oliveira Ribeiro:

    https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/procuradores-acima-da-lei-por-fabio-de-oliveira-ribeiro

     

    É hora do Congresso conter os abusos da Lava Jato, por Eugenio Aragão:

    https://jornalggn.com.br/noticia/e-hora-do-congresso-conter-os-abusos-da-lava-jato-por-eugenio-aragao

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