Santana contraria Lava Jato: caixa 2 não é obra só do PT e nem sempre tem propina

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Marqueteiro de Dilma e Lula, João Santana afirmou a Sergio Moro que caixa 2 existe sim, mas como “prática generalizada” no Brasil e no mundo, fruto da “distorção” do sistema eleitoral. Ele não admitiu antes a fraude na campanha de 2010 para não alavancar o impeachment de Dilma. E mandou uma indireta: não existe “projeto de poder” do PT

Jornal GGN – O depoimento do marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014), põe em xeque o alcance e a imparcialidade da Lava Jato. Até agora, a operação tem gastado energia para provar que o esquema de corrupção na Petrobras tinha como finalidade injetar recursos no caixa do PT e, assim, perpetuar o “projeto de poder” da legenda (parafraseando o ministro Gilmar Mendes). Mas o que Santana disse ao juiz federal Sergio Moro tem potencial para deflagrar uma devassa em “98% das campanhas” no Brasil, sem distinção entre partidos, pois denota que o esquema é repetido pelas empresas doadoras em todas as instâncias do poder.

Leia mais: A carta surpresa da Lava Jato nas contas da campanha de Dilma

No depoimento divulgado nesta quinta (20), Santana confrontou Moro sobre a tese da Lava Jato, de que todo o dinheiro pago por fora em campahas eleitorais é fruto de corrupção entre empreiteiras e o governo federal. “Eu tinha consciência de prática de recebimento ilegal [por ser caixa2]. Mas dinheiro sujo no sentido de corrupção, até onde alcançava meu conhecimento, não, não é necessariamente ligado a fatos de corrupção. Conversando com profissionais de eleições no mundo, sabe-se que caixa 2 decorre de aposta no mercado pro futuro, de [empresas querendo] fazer amizade com os governos. Existem tetos [para as doações]. Eu não percebo como dinheiro sujo. Vejo mais como dinheiro de negociação política”, disse Santana. Ao que Moro respondeu: “É dinheiro de corrupção mesmo”, bom base no depoimento do do operador do repasse.

No interrogatório, Moro questionou Santana sobre a existência de uma offshore atrelada a uma conta do marqueteiro num banco suíço, aberta desde 1998 e regularizada recentemente. Foi através dessa conta que o engenheiro Zwi Scornicki depositou o total de 4,5 milhões de dólares, a pedido do ex-tesoureiro João Vaccari neto, referentes a dívidas da campanha presidencial do PT em 2010.

Com passagem pela Petrobras, Odebrecht e dono de consultoria própria na área de petróleo e gás, Zwi representava desde a década de 1990 a empresa de engenharia naval Keppel Fels. Segundo a Lava Jato, foi essa companhia que efetuou o depósito em várias parcelas na conta de Santana.

“Eu vim saber desse depósito só depois. A dívida [com o PT] já durava três anos. É típico da área de marketing político sofrer grandes atrasos. Mas não poderíamos fazer outra campanha [a de 2014] sem receber essa dívida. E o partido sugeriu procurar o senhor Zwi. Mônica [Moura, esposa e sócia de Santana] contou para mim. Ela tinha conhecimento muito superficial sobre a empresa estrangeira”, disse.

De acordo com o marqueteiro, o pagamento ocorreu “por fora” dos registros da Justiça Eleitoral porque é “comum” que partidos políticos não declararem todas as doações recebidos. Isso ocorre, segundo ele, por vários razões. Entre elas, para não extrapolar o limite imposto para os gastos da campanha, e para “evitar especulação, um leilão entre doadores sobre quem está dando mais, quem está dando menos.”

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Cultura generalizada

Santana reforçou que existe uma “cultura generalizada de caixa 2”.  “A relação dos empreiteiros com partidos e governos sempre foi, na política brasileira e mundial, de buscar caminhos extralegais, porque os preços são altos e eles não querem estabelecer relações explícitas com os doadores de campanha.”

Em outro momento, Santana disse que “havia dificuldades alegadas [por parte do PT] de recolhimento de doações”, mas que a “única coisa que pude perceber em todas as campanhas até o momento (…) é que não era uma operação organizada. Era uma busca de doação eleitoral como é feito normalmente em todas as campanhas. É ilegal? É. É deplorável que se faça? É. Mas que é generalizado aqui e no mundo, é. Não é só na América Latina. Na Europa e nos Estados Unidos ainda existem várias formas de disfarce.”

Mas por que um marqueteiro reconhecido mundialmente aceitou uma forma de pagamento reconhecidamente ilegal, perguntou Moro. Porque está é a “prática no mercado”, devolveu Santana. “Você vive dentro de uma disputa no ambiente profissional que você termina tendo que ceder. Ou faz a campanha dessa forma, ou vem outro que aceita fazer.”

Num segundo confronto com Moro, Santana voltou a indicar que empresas doam via caixa 2 com verba que não necessariamente foram obtidas a partir de cobrança de propina. No seu caso, imaginou que a empresa pagante não tinha contratos com o poder público, mas estava apoiando a candidatura de Dilma de olho em negócios futuros. Sua esposa, em depoimento a Moro, disse que nas conversas com Vaccari nunca foi debatido a licitude dos recursos, muito menos se era fruto de corrupção na Petrobras. Ela disse que sua única preocupação era estar usando uma conta no exterior não declarada.

Distorção do sistema

Ao final do depoimento, Santana fez um “apelo por justiça” a Moro, alegando que sua reputação tem sido deteriorada na imprensa por conta dos desdobramentos da Lava Jato, pois a interpretação geral é de que ele faz parte da quadrilha que o PT teria montado para vencer eleições com dinheiro desviado da Petrobras.

“O marketing político não cobra propina. Não é a causa de irregularidades eleitorais. Elas são geradas por esse sistema eleitoral distorcido e adulterado. Hoje, com parcimônia, permita-me dizer: 98% das campanhas no Brasil utilizam caixa 2. Campanhas pequenas, médias e grandes. Isso envolve centenas de milhões de pessoas que são ou foram remuneradas com caixa 2. Se tivesse o mesmo rigor que estão tendo comigo, sairia uma fila daqui [Curitiba] e ia bater em Manaus. Não quero me isentar de caixa 2 ou qualquer erro. Nós erramos, mas não somos corruptos nem lavadores de dinheiro”, desabafou.

Relações com Dilma

Moro perguntou a Santana por que ele não admitiu o recebimento de dívida do PT via caixa 2 antes. Segundo o marqueteiro, foi por “questões psicológicas, políticas e profissional”. Santana disse que jamais imaginou que poderia ser preso. Depois, que não queria “romper, do ponto de vista profissional”, cláusulas de confidencialidade que têm com partidos. Além disso, não queria prejudicar Dilma.

“Eu raciocinava comigo: eu que ajudei, de certa maneira, a reeleição dela, não serei a pessoa que vai destruir a presidência e trazer um problema. Nessa época [fevereiro, quando foi preso e alegou que os pagamentos eram por campanhas no exterior] já se iniciava o processo de impeachment, mas não tinha nada aberto. Mas sabia que poderia prejudicar. Era uma pressão muito grande na minha consciência profissional, da minha fidelidade e relação afetiva com pessoas”, disse Santana, que assinou acordo de delação premiada com a Lava Jato.

Recado a Gilmar

Sem mencionar diretamente o ministro do Supremo Tribunal Federal, Santana rebateu, por provocação da defesa de Mônica Moura, a tese de que ele integra o esquema de corrupção do PT para consolidar seu “projeto de poder”.

“Acho isso uma coisa pergunta absurda. Eu tinha relação profissional [com Dilma e Lula], já de longo curso, porque durava há oito, dez anos [o trabalho de marketing. Em relação ao PT, eu era prestador importante de serviços, mas era um corpo estranho dentro do partido. Eu tinha relação com os candidatos, com ninguém mais. Eu não tinha poder para perpetuar um sistema. E não existia um complô de perpetuação do poder onde eu era o elemento chave.”

O depoimento de Mônica Moura ao juiz Sergio Moro reforçou tudo que foi dito por Santana em juízo.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

34 Comentários

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  1. Essa operação lava jato, que

    Essa operação lava jato, que está na 100a. fase, bateu no teto a muito tempo. Como disse o publicitário e eles sabem disto, 98% das campanhas utilizam caixa 2. Foi assim com Aécio, Marina, Eduardo Campos, Dilma e em todos os pleitos anteriores a eles. 

    Em parceria com os paspalhos da rede globo, a hipocrisia destes caras não tem nenhum limite.

    Vamos ver se a fila chega de Curitiba a Manaus.

    Aguardando a prisão dos outros marqueteiros e tesoureiro dos outros candidatos.

    Ou se acaba com essa operação ou estes caras destroem este país.

  2. Criminalização Geral da Política

    A operação lava-jato criminaliza por inteiro a política brasileira, começando pelo PT (obviamente). A Justiça não sugere caminhos nem aguarda que o povo soberano moralize o ambiente político do Brasil, mas apenas acusa, prende e pune. A política está doente, por conta da falta de lucidez do eleitor (influenciado pelo PIG), pelo abuso do poder econômico nas campanhas, pela enorme quantidade de partidos políticos e por outras diversas razões que, se solucionadas com uma reforma, teriam feito grande parte do trabalho de melhoria do ambiente político, permitindo á justiça atuar como sempre faz, contra criminosos e crimes tipificados, não contra toda a estrutura política brasileira e suas práticas históricas.

    A Justiça teve boas oportunidades para “orientar” o ambiente político e não o fez. Gilmar sentou-se um bom tempo em relação ao término de financiamento de campanhas por parte de PJ. Não conseguiram punir o Maluf e outros contumazes e, com isso, permitiram a proliferação do assunto. Nos anos 90, o Paulo Francis e o Boechat cansaram de acusar ilícitos na Petrobras, e não deu em nada. Por isso é que a ação da justiça se confunde com uma ação direta contra o PT.

    A justiça brasileira, aparentemente, não consegue lidar com o ambiente da política, na sua devida dimensão e tipificação, por conta da existência de: costume histórico; práticas políticas para financiar campanhas; empreiteiras achacadas se confrontam com políticos corruptos e intermediários corruptores. Ainda, a política simplesmente seguiu o “jogo do mercado”, agregando valor à mediocridade agregando dinheiro em publicidade, levantando Zé ninguém em nível de “estadista”, para concorrer contra Zé Mané, que também inchou as telas da rede Globo com propaganda enganosa. Onde foi esse dinheiro? Para a publicidade, naturalmente, pois, depois da eleição o Zé Ninguém e o Zé Mané ficaram do mesmo tamanho. Ou seja, o mercado publicitário brasileiro é outro vilão desta história.

    O ambiente criminoso que tomou conta da política é antigo, como todos sabem. Os recentemente anunciados pelo Janot (Sarney, Calheiros, Eduardo Cunha e Juca) atravessam esta história desde as suas origens, de 30 anos atrás, seguindo com os tucanos, mas apenas até a chegada do Lula ao poder ninguém tratou este assunto como um “crime”, mas apenas como um acordo entre cavalheiros, gente finíssima que trocava favores. Fazia parte da política. Todos faziam.

    O PT não pode

    A chegada do PT ao poder e se utilizar dos mesmos expedientes para construir sua caixa 2 deixou de ser tolerado pelo establishment. Pobre não pode entrar nesse clube, naquele jogo entre gente finíssima. Aí não pode. Aí e “crime”. O PT começou a ser criminalizado pelas mesmas ações que antes eram legítimas. Hoje é crime a pedalada, antes não. Hoje é crime assinar decretos, antes não. O Marcos Valério (do mensalão tucano) começou a ser criminoso apenas quando pactuou com o PT.

    Criminalização da Política

    A justiça brasileira não consegue enxergar em forma holística o problema deste ambiente e a visão preconceituosa em relação ao PT fez dirigir as baterias da justiça como se delito comum fosse, com juiz que interroga e prende, com ritos processuais próprios para criminosos comuns, com tipificação inadequada dos delitos. Pior ainda, o objetivo é prender e punir, não de solucionar o problema desde a sua raiz. Sem regras definidas, o juiz partiu direto com o cartão vermelho a expulsar jogadores, começando pelo PT, que já estavam ganhando de 4 eleições a zero dos adversários (indo para a quinta)

    Assim ocorre com o golpe do impeachment, nessa mistura jurídica e política do julgamento, onde se força a barra política para chamar de crime algo que, a rigor, não é; ou pelo menos até então não havia sido considerado assim.

    Uma proposta de Solução

    Se realmente quisessem acabar com este problema e fizer verdadeira justiça, deviam primeiro dissecar a situação histórica, compreender a sua origem e as suas implicâncias. Com isso em mãos seriam traçadas as linhas para solucionar o assunto.

    1.       Chamar os atores a conversar. Todos os líderes de grandes partidos e grandes empreiteiras. Colocar o problema e discutir a forma de sair desse labirinto. Acordo de leniência de todos os grandes partidos poderia ser um caminho.

    2.       Primeiro as regras do jogo, depois o cartão amarelo e finalmente o vermelho. Os nossos juízes foram direto ao cartão vermelho e quase que estão fechando o estádio.

    3.       Reforma política ampla e irrestrita, com ênfase na proibição de financiamento de PJ;

    4.       Tipificar os crimes e os criminosos (os atores). Existem empreiteiras vítimas e não culpadas, atravessadores gananciosos e políticos de dois tipos: com prática comum de caixa 2 para propaganda; ou gatunos mesmo, com enriquecimento pessoal;

    5.       Os gatunos para a cadeia.

    6.       As empreiteiras devem receber novo tratamento técnico e comercial nas licitações, mais transparentes.

    Todos os atores ou jogadores estão envolvidos (talvez com exceção de partidos muito nanicos). Se expulsar todos acaba o jogo. Quando direita e esquerda se digladiam com armas equivocadas, se chama a ambos e se normatiza novamente o jogo. Ao expulsar ambas as partes do campo o que é feito é criminalizar a política, em geral, e ainda falindo as empreiteiras e criando o caos no país, rumo a uma ditadura meritocrática e do poder econômico (que é a rigor o grande culpado por inflacionar economicamente o debate político).

    A justiça não pode existir apenas para punir, mas para ajudar a regulamentar a vida ordeira dos brasileiros, orientando, advertindo e, finalmente, punindo criminosos tipificados.

  3. Onde estão os outros?

    Se o árbitro de Curitiba não mandar buscar os marqueteiros dos outros 10 principais partidos estará provada sua parcialidade e seu anti-petismo nas investigações.

  4. Curioso como uma notícia tão explosiva como essa não virou manch

    Curioso como uma notícia tão explosiva como essa não virou manchete no PIG!

    1. Infelizmente…

      A manchete da folha de SP (donos também do “datafalha”) é de que “Santana confessa que entrou dinheiro de corrupção na campanha da Dilma em 2014.”
      Essa declaração de que “98% dos partidos têm caixa 2”, não vem ao caso…

  5. Há um corte claro na LJ, que

    Há um corte claro na LJ, que delimita o que é investigado a fundo e o que não merece apreço.

    Moro só ouve o que ele quer. Pouco importa se ele sabe da prática de caixa 2 em outras campanhas. A ele importa só a do PT. Duvido que se houvesse algum indício (ou o que ele considerasse indício) de algo parecido em outra campanha (como deve haver, mas parece não haver interesse), o MP ou ele investigariam o fato.

    Ponto.

  6. E os justiceiros da lava jato

    E os justiceiros da lava jato imaginando que com suas práticas seletivas, canhestras, verdadeiras imposturas, extinguirão a corrupção na política. Vão se catar justiceiros de araque!

  7. Essa matéria tenta defender o idefensável.

    O caixa 2, independente do partido, é dinheiro vindo de crimes graves, seja corrupção, tráfico ou sonegação. Por sua vez. o depoimento do Zwi Skornicki deixa claro que o dinheiro recebido por Santana é proveniente de corrupção da Petrobrás.

  8. Infelizmente, embora o

    Infelizmente, embora o marqueteiro diga a verdade sobre o caixa dois como prática amplamente generalizada, se as declarações dele são as relatadas no artigo, elas não “têm potencial para deflagrar uma devassa em 98% das campanhas no Brasil, sem distinção entre partidos”. Não é uma novidade, pois até as pedras sabem que o caixa dois é provavelmente maior do que o caixa um, e que é prática de todos os partidos que disputam eleições para ganhar. E não aponta nenhum dado que motive devassa alguma: não cita nomes, nem de partidos, nem de indivíduos, nem de empresas, não menciona valores, não dá nenhum indício para investigação alguma.

    O que está destruindo o golpe vem de dentro: o reconhecimento do MP de que pedaladas fiscais não são operação de crédito, e portanto não podem constituir “crime contra o orçamento”, e o comportamento Grocho-marxista do TCU, aceitando do governo Temer comportamentos que condenou quando praticados pelo governo Dilma.

  9. Se essa Operação Lava Jato

    Se essa Operação Lava Jato não fosse direcionada poderia se transformar num marco no esforço para desmontar de vez esse conluio criminoso envolvendo o Capital e a Política tendo como vítimas o erário e a lisura do processo eleitoral.

    Nesse sentido, a delação desse marqueteiro, profundo conhecedor desse modelo viciado e viciante, deveria receber boa nota e redirecionar a estratégia da operação hoje imbuída apenas em criminalizar o atual sistema de Poder encabeçado pelo PT deixando intacto uma estrutura que, comprovadamente, vai muito além dele e cuja origem se perde no tempo.

    Será que alguém ainda pode duvidar desse grau de comprometimento (98%) aventado pelo João Santana? Só se for um rematado idiota ou um hipócrita. O que não implica, claro, que dada a sua generalização e universalização ele deixe de ser abominável e prescinda de enquadramento judicial. 

    A persistir esse ânimo do sistema repressor(PF-MPF-Juízo de Curitiba) em somente comprovar suas teses acerca de uma grande estratégia de um partido por conta de um suposto projeto de Poder, perderemos mais uma chance de avançar no esforço de purgar nosso sistema político a partir da implosão do seu núcleo crítico que é, como exarado no início desse comentário, a parceria visando interesses alheios à causa pública envolvendo o Poder econômico e os agentes políticos. 

    Por fim, uma indagação e uma indignação: possui o Juiz Moro ainda condições de estar à frente desse processo após as reiteradas demonstrações de má vontade no que tange a necessidade de aumentar seu foco? Já não teria perdida a mais cara das atribuições de um magistrado, a imparcialidade? 

     

     

    1. Sim, sim, mas

      Prezado JB, evidentemente que este moço que gosta de usar camisas negras não tem condições de estar à frente deste processo, mas ele continuará à frente do processo….

  10. Caixa 2 nas campanhas políticas e os interesses diversosl

    Até as pedras sabem que o caixa 2 existe de forma generalizada,  excepcionada a inexistência.

    De outro lado fica cada vez mais evidente a incapacidade da “República dos Estados Unidos de Curitiba” em sair fora da narrativa inicial de liquidar com o PT, seus apoiadores, e servir aos interesses do que se chama “elite” e os internacionais, notadamente os americanos.

    O ataque as grandes empreiteiras brasileiras e a Petrobras é relevante na condução dos trabalhos, ao que se vê.

    No processo de desestabiliação da Petrobras os integrantes do enclave são pressurosos em carrear dados ao exterior visando sustentar processos contra a Petrobras, VÍTIMA DA ROUBALHEIRA.

    Quanto aos indíicios de caixa 2 em outras campanhas políticas Santana deixou claro com sua delação.

    Mas como, ao que corre na rede, qualquer indício contra tucanos “não vem ao caso”, é difícil que o “caixa 2” saia das campanhas do PT e aliados. Os “estados-unidenses de Curitiba” tem uma enorme dificuldade no quesito. Foge à narrativa. Fica complicado.

    Tucano por definição não é pobre, preto, puta ou petista, logo . . . são inocentes até com prova em contrário.

    Também a notar, que até o momento não restou comprovada a origem dos recursos em contratos com a Petrobras, salvo no mapa inicial da campanha lava-jatista.

    Assim, na proximidade de julgamento do impedimento de Dilma no Senado, casualmente, claro, começam aparecer processos e indiciamentos contra petistas e suas campanhas.

    Novidade ? Nenhuma.

     

     

  11. Isenção?

    A frase dita pelo moro, “é dinheiro de corrupção mesmo” comprova que há pré-julgamento, o que o torna inapropriado para conduzir o processo…. Mas, e daí…? 

    1. “É dinheiro de corrupção mesmo”

      Está muito claro que o Mentirão, do Joaquim Barbosa, e a Lava-Jato, do Sérgio Moro, são farsas jurídicas montadas para dar ares de legalidade a um processo de criminalização do Partido dos Trabalhadores. O primeiro criminalizou o Caixa 2 e o segundo criminalizou o Caixa 1, as doações legais. Os verdadeiros ladrões (os delatores) são anistiados quando “produzem provas” contra o PT e personagens da oposição – e até do PMDB – , quando aparecem, são deixados de lado.  Após bons governos Lula e Dilma, e as sucessivas reeleições, o poder judiciário, representante da direita, como última instância, resolveu agir para remover o PT do governo. Pobre Brasil, que retrocesso…

  12. Entendo que isso prejudica

    Entendo que isso prejudica bastante a situação de Dilma (e deveria prejudicar bastante também a de Temer) no TSE. O dinheiro foi para a campanha dos dois. Separar as contas é golpe. A separação das contas não dá pra engolir de jeito nenhum.

    Acho que o fato de Dilma não saber não tem tanta relevância, pois o julgamento é da campanha. Ou seja, o(a) candidato(a) tem que se responsabilizar pelas pessoas que trabalham para ele(a). É como o gerente de uma empresa, que é responsável por assinar os documentos importantes elaborados por seus subordinados. O candidato precisa saber de onde vem o dinheiro de sua campanha. Pelo menos sobre origem de dinheiro ele(a) precisa estar ciente de tudo, e endossar as ações mais importantes. É preciso que seja assim para todos.

    Claro que está havendo uma grande campanha contra o PT. Seria bom se a justiça descobrisse e houvesse punição para o caixa 2 dos outros partidos também.

    1. O detalhe nesse caso é que se

      O detalhe nesse caso é que se refere a 2010, não a 2014. Então ele não deve interferir no processo do TSE, mas politicamente deve ser a pá-de-cal para qualquer tentativa de reverter o golpe no Senado, a menos que alguma outra revelação apareça.

      E essa licença que as campanhas dão para os marqueteiros é muito preocupante. Eles adicionam serviços e custos para as campanhas, pondo gordas margens de lucro, levando a fatura logo depois da campanha. Mesmo com o governo e a tinta na caneta, a conta só foi acertada em 2013.

  13. Por mais que não se goste da

    Por mais que não se goste da politica Dilma, uma coisa é inegável = ela É honesta. Não deve ter ganho um centavo indevido em toda sua vida pública. Nas duas campanhas pra presidente, claro que ela deve ter dito aos que tomavam conta do dinheiro que era pra todo centavo ser contabilizado. Mas todos sabem que isso não existe. O caixa 2 rola solto em todos os partidos. E a lei responsabiliza o candidato – independnete se ele souber ou não. 

    Bem, é mais um ingrediente pro desfecho quase certo do impeachment dela. Duas coisas são terríveis = o sujeito que fez o impeachment é um LADRÃO notário, o Cunha; e a docilidade do povo (não falo os movimentos que fazem barulho pró ou contra Dilma ), que viu um presidente ser tirado do cargo e encarou isso como se fosse um capítulo de novela. Dá vergonha quando a gente compara com o que o povo fez lá na Turquia , deixando bem claro que o povo colocou no poder e só o POVO pode tirar, pelo voto, do poder. O resto é repúbliqueta de bananas. 

     

    1. Marqueteirocracia e campanhas eleitorais

      Se a versão do caso for como a que Santana está contando, em sua delação, bem como de sua senhora, ele claramente quebrou a confiança de Dilma, assim como Vaccari quebrou. Se Santana expusesse o problema, fosse cobrar Dilma na cara dura, ele provavelmente seria encaminhado a fazer um acordo em circunstâncias legais, sem dinheiro por fora e com tudo legalizado. Mas Santana preferiu receber a grana na Suíça, sem pagar imposto, sem passar nota fiscal. E o pior que o PT aceitou, cometendo a mesma estupidez que fez com Duda Mendonça.

      A marqueteirocracia é algo que envenena as campanhas. Eles centralizam todas as etapas, da produção de material impresso, de pesquisas, de estratégias, de tudo, enquanto as direções partidárias ficam responsáveis por arranjar dinheiro para pagar a conta. Os controles de custos, estratégias de negociação, de busca de menores custos, ficam de fora. É uma logística gigante, com custos brutais, mas que pela própria escala pode e deve ser barateada. E na hora de passar a conta, eles passam a conta de um Fasano por um serviço de um restaurante médio. E ai do partido se contrariar o marqueteiro que pode se bandear para o adversário sem dó e piedade, criando um fato político negativo, bem como risco de vazamentos nada agradáveis. Elsinho Mouco e o Gaudêncio Torquato vão faturar muito pela proximidade com o interino nas próximas campanhas.

      O candidato deveria ter a responsabilidade nisso e tem a responsabilidade legal, mas acaba não podendo se envolver nessa questão porque é forçado a delegar para se concentrar em aspectos políticos, programáticos, bem como fazer campanha. A missão dele é cuidar da grande política. Mas os burocratas partidários não tem coragem de tocar esses aspectos do dia-a-dia da gestão, jogando com a perspectiva de vitória como mecanismo de garantir arrecadação e pagamento de gastos. Com a eleição de governadores, senadores e deputados ao mesmo tempo, a missão de cuidar da campanha fica mais difícil.

      Um planejamento pré-campanha é essencial, mas muitas vezes precisa ser flexível. Candidatos tidos como competitivos acabam empacando no meio da campanha, precisando diminuir a estrutura em níveis mínimos (exemplo Ciro 2002, Lindberg na eleição estadual de 2014), enquanto outros tidos como inviáveis acabam se tornando competitivos e com perspectiva de vitória, tendo que ampliar a estrutura (transição Marina para Campos em 2014, candidatos do PT em 2002 com a Onda Lula). Aí, os custos com bandeiras, adesivos, dentre outros, crescem. É preciso ter contratos que contenham esse risco e evitem aumentos de custos ou desperdícios desnecessários.

      E o pior é que vejo que aqui na Resistência ao golpe vejo gente capaz de fazer o mesmo trabalho de Santana com muito mais paixão, com amor a causa e sem se envolver em negociatas. Aqui na Bahia, eu vejo a resistência ao golpe e fico admirado com essas pessoas. Gente que faz campanha com paixão e coração, capaz de bolar boas músicas de campanha, bons lemas, e boas frases que contagiam o eleitorado. E bons quadros de gestão que saberiam “jogar duro” com gráficas, com fabricantes de bandeiras, dentre outros para conseguir menores preços. Essa gente combativa que lembra gente generosa como Carlito Maia. E os crowdfundings recentes mostraram que temos ainda um eleitorado generoso para apoiar uma campanha combativa e generosa para com o povo e para com o Brasil. Se 1 milhão de eleitores de esquerda de classe média e alta doassem 1000 reais, nós já teríamos 1 bilhão para disputar em 2018 e a direita teria que nos engolir.

  14. Dois exemplos: honestidade e hipocrisia

    Após a leitura desse post, ficamos convencidos de que aí existem dois exemplos: 1. Um homem honesto, João Santana; 2. Um juiz parcial e hipócrita, Sérgio Moro. E ponto final.

  15. João Santana confessou que

    João Santana confessou que mentiu quando disse que os valores recebidos foram de campanhas prestadas no exterior, acrescentou que foi na verdade caixa 2, e a manchete é que “Santana contraria a Lava-Jato”???

    1. Sim

      porque o que o Sergio Moro queria é que ele dissesse que o caixa 2 vinha de dinheiro sujo o que ele não confirmou, além de afirmar que 98% das campanhas fazem caixa 2 agora se vão investigar só a do PT tudo bem, mas não digam que a Lava Jato e o Moro buscam a verdade.

  16. santana e moro

    1) desconheço o partido que não objetive o poder.

    2) a sonegação empresarial é caixa dois nas empresas. Impossivel aceitar que caixa dois em partidos politicos seja somente de currupção.

    Conclusão, no empate santana x moro deu dois a zero.

  17. João Santana está pagando o

    João Santana está pagando o preço de ter sido o marqueteiro vitorioso de Lula e Dilma. E os derrotados, não receberam caixa 2? Os coxinhas aplaudem mas não se atentam que amanhã a ira de Moro pode se voltar contra eles. João sanata não oferece perigo, deeria estar solto, pagar uma multa e prosseguir em seu trabalho de sucesso.

  18. Contudo, porém, todavia…

    Contudo, porém, todavia… Santana surtou em alguns momentos como esse de dizer que, desde sempre, 98% das campanhas utilizam Caixa 2, e não só no Brazil-zil-zil, mas até nos States of America, que é o império do mundo e também nas suas demais províncias.

    E como não limitou-se a falar só de Lula e Dilma, mas teve a petulância de dizer ao juiz mor da república coisas impensáveis como essa que recebeu das campanhas destes “dinheiro de negociação política” e não de corrupção, pelo que teve de ouvir dele a martelada em riste que “foi sim dinheiro de corrupção e ponto!”, mesmo assim as entrelinhas genéricas do que disse bastam para amarrar as sentenças dos já condenados Lula e Dilma 

  19. O mistério de Tostines

    “O marketing político não cobra propina. Não é a causa de irregularidades eleitorais. Elas são geradas por esse sistema eleitoral distorcido e adulterado”.

    O marketing político gera essa distorção. Se as campanhas forem baratas, o poder dos corruptores diminui. É preciso que elas sejam muito caras e sofisticadas para que apenas quem tem muito apoio financeiro seja eleito. A legislação foi feita pra isso. 

    Santana pode ser ingênuo, mas não é burro para não perceber o jogo em que está metido.

    O marketing político pode não cobrar a propina, mas provoca a necessidade dela.

    “O candidato foi eleito porque tem dinheiro ou tem dinheiro porque foi eleito”?

    Esse é o mistério do marketing político.

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