Segundo Moro, governo não vai interferir nas investigações sobre Flávio

Palavra do Ministro é posta em dúvida quando se observar últimos passos do governo: transferência do Coaf para a Justiça, mudança na lei de acesso a informação, reestruturação da Receita Federal e novas regras de fiscalização do BC 
 
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Arquivo Agência Brasil
 
Jornal GGN – O Ministro da Justiça e ex-juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro disse em entrevista à agência notícias britânica Reuters, nesta quinta-feira (24), em Davos, que o governo não irá interferir na investigação sobre transações financeiras atípicas envolvendo o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e ex-assessores dele na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), entre eles o policial militar aposentado, Fabrício Queiroz.
 
“Essa é uma investigação preliminar, não há nada conclusivo sobre isso e no momento o caso está nas mãos dos promotores estaduais. Então, eles estão fazendo seu trabalho de maneira normal”, disse Sérgio Moro na entrevista concedida em inglês.
 
“O governo nunca vai interferir no trabalho dos investigadores ou no trabalho com promotores”, acrescentou.
 
O Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf), transferido do extinto Ministério da Fazenda para o Ministério de Moro, identificou 48 depósitos de R$ 2 mil entre junho e julho de 2017 na conta de Flávio, além do pagamento de pouco mais de R$ 1 milhão de um título bancário na Caixa Econômica feito pelo filho do presidente. 
 
Já o ex-assessor e ex-motorista de Flávio, Fabrício Queiroz é investigado por movimentar R$ 7 milhões em três anos. Sua conta também recebia, periodicamente, o depósito de, pelo menos, oito ex-funcionários de Flávio na Alerj, sempre próximos das datas de pagamento. Queiroz foi, ainda, ligado a milícia que comanda o Escritório do Crime, exposta na Operação Os Intocáveis, na ação promovida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e que tem como alvos os assassinos da vereadora Marielle Franco (Psol).
 
Por acaso, o discurso de Moro, em Davos, onde acontece o Fórum Econômico Mundial, não acompanha as últimas ações das estruturas do governo Bolsonaro. Nesta quinta, a Folha de S.Paulo divulgou uma reportagem mostrando que o Banco Central lançou uma consulta pública alterando regras de fiscalização por parte das instituições financeiras que podem ter impacto na apuração de crimes de lavagem de dinheiro. 
 
As duas medidas mais polêmicas propostas pelo BC são a retirada de parentes políticos da lista de pessoas fiscalizadas, e a alteração da linha de corte de R$ 10 mil para R$ 50 mil que devem ser obrigatoriamente comunicadas ao Coaf.
 
Leia também: BC quer tirar parentes de políticos de lista de fiscalizados e mexer em limite do Coaf
 
Ontem, o presidente em exercício Hamilton Mourão assinou um decreto que mudou a lei de acesso a informação, publicado hoje no Diário Oficial da União. As novas regras permitem agora que funcionários comissionados também possam decretar sigilo a um documento. A regra anterior restringia a um pequeno número de autoridades, como o próprio presidente da República, o poder de colocar um documento sob sigilo. 
 
No segundo dia de governo, Bolsonaro afirmou ainda outro decreto, nº 9.679, impondo uma série de cortes na estrutura da Secretaria da Receita Federal, levando o corregedor José Pereira de Barros Neto a encaminhar um memorando ao novo Secretário, Marcos Cintra, apontando os resultados da medida: a transformação de três serviços relevantes em meras assessorias, extinção de uma coordenação operacional e uma divisão, e o corte de cinco dos dez escritórios da Corregedoria da Receita. 
 
Leia também: Governo Bolsonaro monta estratégia para controlar informações públicas, por Luis Nassif
 
 
Redação

13 Comentários

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  1. Moro não merece um atmo de

    Moro não merece um atmo de confiança… O cara mais sujo, dissimulado e lesa-pátria da história brasileira recente

  2. E porque o governo deveria interferir?
    $érgio Moro disse o óbvio.
    Ora, porque cargas d’água esse governo de merda deveria interferir nas investigações do MP?

  3. Definitivamente,  o que Loro

    Definitivamente,  o que Loro fala , não se escreve…

    O consigliere da famiglia vai ter que rebolar pra justificar as barbaridades da súcia !  Se der ruim,  pedem perdão e fica por isso..

    Dizer uma coisa , fazer outra….o dia a dia do governo Bozonazi !

    A Com tantas indas e vindas, té a voz parece que afinou ainda mais….

  4. moro, cheira mal…

    está podre como o governo do bozo, …. cheira tão mal, que ninguém, a nível internacional, quer ter a imagem associada a esse sujeito abjeto…

  5. A diferença entre Lula e Flávio Bolso
    Há afirmações mas não há provas de que Lula é criminoso. Em relação ao Flávio Bolsonaro ocorre o contrário: há provas dos seus crimes mas seus cúmplices negam tais crimes, nada o obstante eles saltem aos olhos até dos cegos.

  6. O governo bolsonaro está instalando mais ainda a corrupção.

    O governo está desmontando mecanismo de transparência, e governando para a corrupção.

     

    A mudança para que o COAF não investigue parentes de políticos é a gritante senha de que a corrupção é o esteio desse governo.

     

    Imensamente trágico para quem votou no Bozo, para moralizar o país, e instalou um poderoso vírus da

    corrupção dentro do governo.

  7. #

    Interferir nas investigações? Ora, mas por que um ministro da Justiça deveria interferir nas investigações sobre o filho do homem que o nomeou ministro da Justiça?

    Quando alguém precisa avisar publicamente que não cometerá irregularidades, é porque essa pessoa já se considera irregular.

     

  8. Decreto?

    Nem Bolsonaro nem Mourão fariam um “decreto”, mas sim o Moro, que colocaria na mesa deles para estes assinar. Moro está fazendo de Rasputín neste governo.

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