Sócrates e o sacrifício ritual da justiça a mando da Rede Globo, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Sócrates e o sacrifício ritual da justiça a mando da Rede Globo

por Fábio de Oliveira Ribeiro

O Juiz Rubens Casara, autor do livro Estado Pós Democrático, publicou hoje um Twitter a propósito da transmissão do julgamento de Lula pelo STJ:

A espetacularização da justiça faz do réu um objeto a ser tratado de acordo com os rumos da opinião publica(da), muitas vezes forjada a partir da desinformação, e o gosto do espectador (em sociedades autoritárias, os espetáculos são manifestações de autoritarismo). 

Resenhei a obra para o GGN e fiz algumas considerações sobre a perseguição do autor no CNJ. De fato, mantenho alguma proximidade com ele através do Twitter e em razão disso resolvi responder a mensagem que ele publicou.

“Ninguém peca voluntariamente”, disse Sócrates. Os nóias da @justicafederal, @TRF4_oficial e @STJnoticias são apenas incapazes de vencer seu sadismo classista e sua vaidade doentia. Derrotados por si mesmos eles se dizem socráticos e aplicam o conceito de justiça de Trasímaco.

A @RedeGlobo e seus donos são mais poderosos do que o @inst_lula. Portanto, Lula deve ser esquartejado em público. Não para satisfazer o “novo modelo de Justiça” e sim para cumprir um sofisma infame do século IV a.C.: a justiça não é nada mais do que a conveniência do mais forte.

Espetáculo, sim. Mas um espetáculo retrô e não moderno. Sob as camadas digitais das imagens cintilantes que serão transmitidas em tempo real pela Rede Globo ou pelo @YouTube iremos ver hoje um julgamento digno da já então decadente democracia ateniense.

A tirania do poder arbitrário que se expande à custa da Justiça não é um regime político. Ela é em primeiro lugar uma falha de caráter dos juízes brasileiros. Vítimas de seus ódios e vaidades eles reforçam o pecado porque se deixaram subjugar por seus vis desejos inferiores.

Sócrates acreditava que a maldade pode constituir um obstáculo à aquisição da sabedoria. O “daimon” dele o impedia de se aproximar de pessoas com as quais era impossível conversar. Quanto tempo ele ficaria conversando com os juízes que sacrificam a justiça para atender a Globo?

É preciso problematizar o que está ocorrendo e formular conceitos modernos para um mundo que se modernizou como fez Rubens Casara. Mas não podemos perder de vista o que há de especificamente humano em todos nós: aquilo que nos liga profundamente aos homens e mulheres que viveram em civilizações que não existem mais, pois eles também refletiram sobre problemas semelhantes em condições ligeiramente diferentes.

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

3 Comentários

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  1. Public Enemy nº 1

    Na internet os jovens tem consciência do que é falso, mas tem dificuldade em discernir o que é verdade.

    “Quanto tempo ele ficaria conversando com os juízes que sacrificam a justiça para atender a Globo?”

    Globo significa a condução do pensamento pelas infromações direcionadas com intento de convencer e insuflar a população?  Há solução para tal suposta distorção da democracia? Sim, sigamos a Grande Russia, por exemplo. Quem colocará o guizo no pescoço do gato?

     

  2. Venho pensando, também nisso,

    Venho pensando, também nisso, ultimamente desde que o homem e as civilizações existem, no sofrimento dos injustiçados. Compensaria levantar um altar a eles? Ou só nos resta o sofrimento e a dor?

     

     

     

     

     

  3. Ao depois, ssim ocorreu com

    Ao depois, ssim ocorreu com os acusadores de Sócrates:

    MELITO, ÂNITO e LÍNCON – segundo Plutarco – depois odiados pelos Atenienses cairam no mais completo ostracismo social,  que desesperados acabarm por se enforcaram.

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