Temer traça propositais dúvidas ao STF para não ter isenção questionada

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Já com a liberação do novo relator da Operação Lava Jato, o presidente da República Michel Temer quer seguir na tentativa de conciliação com o Judiciário, sem deixar de lado interesses e pressões de sua cúpula na escolha do novo nome para o Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, a decisão caminha entre os ministros João Otávio de Noronha e Humberto Martins, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ainda de Alexandre de Moraes, que cultiva maior apoio dos políticos, e o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Martins Filho, que também foi apoiado pela CNBB.
 
Todos os nomes, com exceção do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, têm proximidade com o universo político e hoje ocupam cargos de reconhecimento jurídico. João Otávio de Noronha foi nomeado por Fernando Henrique Cardoso ao STJ, foi diretor jurídico do Banco do Brasil.
 
Em fevereiro do ano passado, o GGN revelou a articulação de João Otávio de Noronha, enquanto corregedor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para a defesa do senador Aécio Neves (PSDB) nos julgamentos das contas de campanha do então candidato à Presidência, em 2014. Sempre considerado o mais aecista dos membros do Judiciário, era nome certo para o Supremo, caso Aécio Neves assumisse o Planalto.
 
Outra opção não menos transitável no mundo político, o ministro Humberto Martins é amigo do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Foi subprocurador-geral do Estado de Alagoas. No ano de 2015, chegou a promover um encontro, em sua própria homenagem, com magistrados, advogados e políticos. Quem abriu com o discurso o evento foi o filho de Calheiros: Renan Filho (PMDB), governador de Alagoas. 
 
De todos os nomes, o que mais poderia prejudicar a imagem tentada por Temer de isenção e imparcialidade na escolha do ministro é o integrante de seu governo, Alexandre de Moraes. Além de uma suposta defesa – ainda não fechada a suspeita de um sarcasmo – pelo ministro Marco Aurélio Mello, deputados, senadores, políticos de toda a base, de PMDB a PSDB, entre outros, defendem à exaustão a sua escolha.
 
 
Por fim, a indicação de Ives Gandra Martins Filho já foi parcialmente negada por Michel Temer, após a repercussão de decisões polêmicas e conservadoras do presidente do TST. Ainda assim, entidades defenderam o jurista, como os arcebispos dom Odilo Scherer e dom Orani Tempesta, além do cardeal Sergio da Rocha da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
 
Não faltam a Temer opções de ministros, desembargadores, advogados e juízes que carregam um reconhecimento de tradição na carreira jurídica e, ao mesmo tempo, com amplas passagens e ligações políticas que poderiam favorecer o presidente em processos na última instância.
 
Com as diversas escolhas e cartas na mão, Temer deixará a Cármen Lúcia mais essa responsabilidade: conversará com a presidente do STF para o seu aval aos nomes, a fim de obter a última palavra de apoio do próprio Supremo, para que não restem dúvidas sobre a “isenção” do governo peemedebista.
 
A narrativa já está sendo distribuída a quatro cantos pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e pelo líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), ambos citados na Operação Lava Jato. “O que o presidente tem nos dito é que ele está buscando um perfil o mais similar possível ao do ministro Teori. Alguém que seja profundamente técnico, discreto, altamente competente, como era o ministro Teori”, disse Padilha.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1.  “O que o presidente tem nos

     “O que o presidente tem nos dito é que ele está buscando um perfil … que seja profundamente técnico, discreto, altamente competente, como era o ministro Teori”, disse Padilha.

    Bem! Neste aspecto, a única afinidade entre Moraes e Teori é capilar. Ambos são, o supremo ministro era, carecas. No resto…

    Granda parece ser o preferido do “primeiro estado” nacional. Não sei se Francisco apoiaria um membro da Opus Dei tão tacanho. A ordem religiosa citada já dos deu um “Santo”, outro, na altura dos acontecimentos, seria dose.

    Sobram o aecista/fernandista/psdebista e o calherista. Briga de foice.

    Ah! Me lembrei de Heleno Torres. Este deu uma “puxada” tão profunda no usurpador que deve ter deixado dona Marcela furiosa. Duvido que em 2017 surja um puxa saco maior.

    É uma pena que os melhores nomes do mundo jurídico do momento estejam, tal qual no tempo da ditadura, na oposição.

     

  2. TEMER NÃO PROCURA UM MINISTRO…

    TEMER NÃO PROCURA UM MINISTRO COM PERFIL TÉCNICO,MAS UM MINISTRO QUE LIVRE A SUA CARA E A CARA DE SUAS CORJAS CORUPTAS

  3. Se são esses os nomes

    Se são esses os nomes prováveis, então, com certeza o stf se apequenará mais outro tanto. Nenhum deles possui estatura para serem ministros do STF (na acepção do termo). O pior deles? Ora, empatam em qualquer quesito: um pior do que o outro e todos – desde sempre – adstritos aos pequenos “negócios” judicantes: são os famosos “criadores” de direito em favor da casa-grande. Não teríamos mais neste país merreca nenhum grande constitucionalista? Alguém que pudesse assumir a chamar os ministrecos em relação a defesa da CF? Pelos nomes, assim como na “enquete” (argh) dos ínclitos juízes federais (mas que baboseira), prevalece a ideia de que o stf (tão acovardado) é mera repartição criminosa-criminal. Dão nojo.

  4. Não é q o Tema não vá ser atingido pela LJ, ela vai acabar de

    tingí-la, de tanta merda que tá fazendo.

    Pau quedá´em Xico, não pode dar em Franchico.

    Temer vai jogar bosta no ventilador da Nação e curtir os milhões amealhados nas entranhas tebebrosas do poder politico conluiado com os demais poderes, cada um levando sua cota do assalto aos trabalhadores. A podridão é generalizada. Esse país ta um verdadeiro sepulcro descaiado, podre por fora e pior por dentro.

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