Toffoli defende renovação da Constituição para atender interesses, mas não substituição

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Mudanças, segundo ele, devem visar “o crescimento econômico e a responsabilidade fiscal” e a menor transferência “dos conflitos da sociedade” ao Judiciário e ao Estado
 

Foto: Carlos Moura/STF
 
Jornal GGN – Foi a vez do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), mostrar receio com o futuro da Constituição brasileira: “Não podemos substituir ‘o governo das leis pelo imponderável do governo dos homens’, disse Celso Lafer”. A frase foi dada em palestra sobre os 30 anos da Carta Magna, também conhecida como Constituição Cidadã.
 
No evento, Toffoli conclamou a “não desanimar” e manter “a segurança jurídica”, com os direitos assegurados pela Constituição, que “atribuiu ao Judiciário a importante missão de ser o guardião dos direitos assegurados no texto constitucional e lhe conferiu mecanismos para limitar os poderes atribuídos ao Executivo, ao Legislativo e ao próprio Judiciário”.
 
Por outro lado, no discurso, Toffoli defendeu a “renovação” do texto constitucional para permitir “o crescimento econômico e a responsabilidade fiscal”, além de se mostrar favorável à reforma da Previdência, do sistema tributário e dos maiores investimentos em segurança pública. “É essencial a celebração de um pacto federativo, evitando que estados e municípios cheguem a um quadro insustentável de inadimplência”, exemplificou.
 
Acrescentando: “Aos mais afoitos, lembro que a Constituição de 1988 é viva”. “É uma Constituição que se permite ser modernizada, sempre respeitando a essência imutável do texto constitucional. Estabelece mecanismos de atualização. Seja através de emendas à Constituição. Seja por meio da jurisprudência dos tribunais, em particular da Suprema Corte”.
 
Apesar de suas defesas pessoais sobre o modelamento da Constituição, Toffoli manteve a cautela para explicitar que a nossa Carta não pode ser derrubada ou substituída: “Os tribunais devem ser capazes de interpretar e adaptar o texto da Constituição à luz dos nossos tempos. Isto é, não a reescrevendo, mas a interpretando e aplicando com PRUDÊNCIA”, destacou.
 
Ainda, outras opiniões diversas foram manifestadas pelo ministro, como, por exemplo, de que não se pode transferir ao Judiciário e ao Estado “todos os conflitos que existem na sociedade”. “Nós não podemos ficar presos àquele passado de uma sociedade escravocrata em que o Estado surgiu antes da sociedade civil.”
 
“Temos que assumir as nossas responsabilidades. Parar de esperarmos tudo de um representante eleito, de um líder, de uma autoridade instituída. Precisamos nos organizar para a resolução dos nossos problemas. Por isso, venho defendendo, desde o meu discurso de posse, a realizarmos um grande Pacto Nacional – o povo, a sociedade civil e os Poderes da República”, defendeu.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

13 Comentários

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  1. Os excelentíssimos não

    Os excelentíssimos não respeitam a constituição e o Sr. Toffoli quer emendá-la. Para que? Para ser feita em conformidade com os interresses dos generais que guardam o seu gabinete ?

  2. Constituição? Qual? Aquela
    Constituição? Qual? Aquela que o STF transformou em papel de bunda usado para adjudicar no Brasil ao neoliberalismo fascista em troca de aumento salarial para os juízes vagabundos que ganham acima do teto e abaixo da moralidade?

  3. Constituição? Qual? Aquela

    Constituição? Qual? Aquela que o STF transformou em papel de bunda usado para adjudicar o Brasil ao neoliberalismo fascista em troca de aumento salarial para os juízes vagabundos que ganham acima do teto e abaixo da moralidade?

  4. Em resumo, se Bolsonaro
    Em resumo, se Bolsonaro quiser fazer algo contrário a constituição basta emenda-la para que o inconstitucional se torne constitucional. Por essa fórmula simples qualquer coisa será possível.

  5. Em resumo, se Bolsonaro
    Em resumo, se Bolsonaro quiser fazer algo contrário a constituição basta emenda-la para que o inconstitucional se torne constitucional. Por essa fórmula simples qualquer coisa será possível.

  6. Se porém fosse portanto

    Se é para “remendar” a dita cuja eu colocaria uma clausula em que postulantes à presidência da Republica não podem ser limitados intelectualmente e isso não tem a ver com estudo somente, toscos, preconceituosos, racistas, violentos, agressivos e misoginos. Esses preceitos são minimas para chefes de Estado. 

  7. Alguém

    ainda tem dúvida de que o Brasil é o país da piada pronta?

     

    Em tempo: as esquerdas vão cometer o suicídio coletivo caso aposte num fracasso do governo do capitão nazista.

    1. Caso ele continue com esses

      Caso ele continue com esses discursos de mudança de embaixada, questionar investimentos chineses no Brasil, etc etc as chances de fracasso são grandes. É como os castelos de areia de se constrõem na praia, leva um tempo enorme para se fazer e minutos fara se destruir, as Exportações e relac’õesinternacionais são assim.

  8. Economista

    Bom saber que o nosso ilustre presidente do STF, além de historiador perspicaz, também é um economista isento. E quando fala na prudência do judiciário e nas jurisprudências dos tribunais, será que isso incluiria a criatividade empregada para que duas quadrilhas seguidas fossem entronizadas na direção do país após o golpe de 2016?

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