E Gebran vai dizendo “Amém” à condenação que Moro impôs a Lula…

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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O desembargador ainda não concluiu o voto. Segue lendo e concordando com a sentença de Sergio Moro, ao vivo, há mais de 2 horas

ATUALIZADA ÀS 12H50

Jornal GGN – O desembargador João Gebran Neto começou há mais de 2 horas a leitura de seu voto sobre a sentença de Sergio Moro contra Lula como esperado: rejeitando todas as preliminares apresentadas pelos advogados e denotando que concorda com todos os aspectos da condenação. De contundente, Gebran disse que Lula foi “um dos articuladores, se não o principal”, do esquema na Petrobras.

Na tentativa de contrariar os argumentos das defesas, que alegam falta de provas, Gebran decidiu ler diálogos entre testemunhas e procuradores, entre testemunhas e o juiz de primeira instância, trechos de delações premiadas. Tudo para dizer que, embora Lula negue, tudo indica que a decisão de Moro está correta e o ex-presidente era o “fiador” do esquema de corrupção na Petrobras , tendo recebido o triplex como contrapartida.

Ao longo de 40 minutos, Gebran citou as preliminares da defesa de Lula e negou deferimento a todas. Essa fase do julgamento analisou as alegações de que Moro foi um juiz parcial, que violou o direito à ampla defesa e presunção de inocência, que agiu em conluio com a grande mídia e que não tem competência para julgar Lula – já que admitiu, em embargos de declaração, que não há conexão entre contratos da OAS com a Petrobras e o apartamento no Guarujá.

Neste último tópico, como nos outros, Gebran disse que o assunto já havia sido “exaustivamente debatido” no TRF-4 e no Superior Tribunal de Justiça. Citou decisões passadas que foram tomadas nessas duas cortes e no Supremo Tribunal Federal, em vários processos, na intenção de derrubar a tese de que Moro não deveria ser o juiz de Lula.

Só que Gebran ignorou que todas as decisões citadas foram dadas antes de Moro admitir que não há provas de ligação direta entre o caso triplex e a Petrobras.

NO MÉRITO

O relator entrou no mérito da condenação de Lula atacando primeiramente um dos argumentos mais usados pela defesa: o de que Moro utilizou apenas delações sem provas, de corréus interessados em obter um acordo de colaboração premiada com a Lava Jato, para sustentar a condenação.

Gebran entendeu que “são válidos os depoimentos prestados por colaboradores e corréus, sendo que seu elemento probatório depende da sintonia com outros elementos nos autos.”

“A existência de negociação [entre os corréus e os procuradores de Curitiba], apesar de admitida, não culminou no acordo nem especificação de benefícios. Eles foram ouvidos na condição de interrogados, não colaboradores”, disse, destacando que o depoimento de Leo Pinheiro [OAS] não é uma delação segundo a lei. “Todavia, as palavras dos corréus podem ser utilizadas se reveladas espontâneas, coerentes.”

O desembargador também leu várias delações premiadas usadas contra Lula, como a de Delcídio do Amaral, Renato Duque e Pedro Corrêa, ignorando que todas elas foram colocadas em xeque pela defesa, por falta de provas que corroborem o que foi dito. A delação de Delcídio chegou a ser considerada falso pela Procuradoria da República no Distrito Federal.

O magistrado passou ao largo das reclamações e decretou que as delações, separadas, parecem “frágeis”. Mas juntas, e somadas a outros índicios, estão qualificadas.

Gebran também negou que um “ato de ofício”, ou seja, uma ação clara e praticada diretamente por Lula, seja necessária à condenação por corrupção passiva. 

Ele usou o julgamento do Mensalão pelo Supremo Tribunal Federal para afirmar desnecessária “a exigência de vantagem indevida. Basta que o recebimento [da vantagem] esteja relacionada com os poderes de fato” de um político. No caso, Lula tinha o poder de indicar cargos na Petrobras e recebeu o triplex em troca.

Ao comentar sobre o uso de reportagem de O Globo como “meio de prova”, ele disse que tem suas ressalvas contra isso mas que, no caso, a notícia do jornal funcionou para valorizar a tese acusatória.

Embora tenha prometido, antes de iniciar a leitura do voto, que seria detalhista, minucioso e que diria o que acha sobre todos os aspectos da condenação, até o momento, Gebran apenas lê o material usado por Moro e diz “Amém” à maneira como o juiz de piso sentenciou Lula a 9 anos e 6 meses de prisão.

Ele ainda não concluiu o voto. Segue lendo o voto, ao vivo, há mais de 2 horas. Por volta das 13h10, começou a rebater a defesa de Lula.

Após Gebran, será a vez dos desembargadores Leandro Paulsen e Victor Laus.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

18 Comentários

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  1. Já avacalharam quando

    Já avacalharam quando aceitaram noticia de jornal como prova, na segunda instância!!!, nem estágiario cometeria uma atrocidade dessas……..

  2. Na estrutura do Judiciário, o

    Na estrutura do Judiciário, o desembargador Gebran está hierarquicamente acima de Sérgio Moro.

    Ao julgar o caso de Lula, ele se ajoelhou e recitou a sentença do juiz primeira instância como se ela fosse uma bula papal.

    Incrível. Apesar das ilegalidades evidentes da decisão apreciada Gebran não foi capaz de fazer qualquer reparo no julgado. 

    Suponho que na Loja Maçonica o desembargador seja SUBALTERNO a Sérgio Moro.

     

     

    1. é impressionante… são os

      é impressionante… são os mesmos erros…as mesmas contradições da sentença… o Gebran… ele não analisa novamente..apenas ressalta e repete exatamente o que Moro fez na sentença e inclui de forma mais abrangente o depoimento do Léo Pinheiro… quase tudo é Leo Pinheiro… 

      e, no final, ainda cita Moro, na boca de Rosa Weber do STF, no julgamento da AP 470, sobre o domínio do fato… 

       

  3. Brasil

    Um desembargador, dentro desta conjuntura,  escolher este caminho, quer dizer que ele está em guerra.

    Essa é uma luta de classes.

    O desembargador oferece seu voto sem considerar a lei nem sua família. Apenas defende seu lado na guerra.

    Esse cidadão condenaria o Lula até pela morte de Joana D’Arc!

    O Brasil? Ora o Brasil.

     

  4. Primeiro tenta-se misturar

    Primeiro tenta-se misturar tudo e se lembra do DOMINIO de FATO aludindo que LULA a tudo sabia e tudo tramava na Petrobrás (inclusive do CARTEL das empreiteiras que depois retirariam do LUCRO delas as contribuições históricas e registradas pros partidos) ..depois

    ..depois se ingnora o depoimento da defesa  ..de P.Okamoto por exemplo que falava que CASO o apto fosse aprovado por LULA, que a transferência deveria ser feita a preços de mercado  ..um assunto tratado por ele e LEO Pinheiro e dito em juízo

    ..e depoimento do próprio LULA que NÂO nega que esteve no apto  ..mas que depois de tudo, ele resolveu ponderar e NÃO aceitar a compra (troca das cotas)

    FATO ..ninguém nega na defesa que houve interesse da família ..o que se NEGA com veemência é que não houve a posse, a transferência de propriedade, a compra efetiva  ..devido a uma simples desistência ORAS

    Aliás, parece que DESISTIR duma compra antes que ela se efetive  ..parece, se o comprador for LULA, parece que aqui isso virou CRIME

    A verdade que fica é que LULA esta sendo condenado pelos desvios do modelo político  ..os mesmos que pegam a todos, inclusive ao PSDB que NUNCA vem ao caso

  5. Voto?

    Acompanhando a leitura modorrenta desse senhor gebran, me deu a impressão que o autor da redação do voto foi o próprio moro.

    Seria possível?

  6. E o apos?

    Pelo que estamos assistindo vai-se desenhando a tendência do TRF-4. Se Lula for então condenado na segunda instância, como sera o momento depois? Com esse Brasil ai não é mais possivel conciliar. Se não houver justiça para Lula não temos mais como respeitar essas instituições que não se respeitam.

  7. Processo marcado

    Infelizmente a esquerda e até o Lula estão enganados quanto a este processo. Não há que esperar dó nem clemência de carrascos que já decidiram que ele será executado porque é culpado. Não adianta promessas de que irão recorrer. Recorrer a quem? Não adianta sequer esperar por eleições Ou alguém tem dúvidas que vão eleger um da turma deles e manter tudo do mesmo jeito? A esquerda, os movimentos sociais e o povo em geral querem terceirizar as suas responsabilidades e o seus desígnios esperar por exemplo que a comunidade internacional resolva o problema. Quer artistas se indignem. Que um ou outro movimento ocupe as calçadas tocando bumbo. A situação chegou a um ponto sem volta. Ou se reage firme e se enfrenta esses caras ou fiquemos sentados de cabça baixa vendo a carruagem passar e o país apodrecer.. 

  8. Quando Lula praticou os fatos criminosos imputados a ele?

    Presume-se que  fatos criminosos atribuídos ao Lula tenham sido praticados na sua vida pregressa. Mas o Desembargadior Gebran, Relator do processo, afirmou que o que será considerado não serão os fatos da vida pregressa dos réus, mas os fatos da denúncia.

    Ora, os fatos da denúncia não foram supostamente cometidos na vida pregressa do Lula?

    Qualquer burro pode ser desembargador, já que o cavalo do Calígula era $enador Romano.

  9. Senhor Deus dos

    Senhor Deus dos desgraçados!
    Dizei-me vós, Senhor Deus,
    Se eu deliro… ou se é verdade
    Tanto horror perante os céus?!…(Castro Alves)

    Como é difícil acreditar.

  10. 2 PESOS E 2 MEDIDAS…

    ENQUANTO ISSO, EDUARDO AZEREDO DO PSDB ESTÁ ESCAPANDO DA CADEIA PELA DEMORA EM SEU JULGAMENTO!

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/como-azeredo-pode-escapar-da-prisao-mesmo-se-condenado-novamente-pelo-mensalao-mineiro/

    Afinal, por que o PT não aceita mudar nosso sistema político? Por que não defende o direito do próprio povo cassar os políticos?

    Temos hoje um judiciário tendencioso, sem moral, e injusto; a ponto de promover
    uma vergonhosa perseguição ao Lula, como essa, por culpa do próprio PT!
    Casos assim precisam ser levados ao STF, pedindo o afastamento do juiz
    do processo, por ser nitidamente inimigo de uma das partes, e poder
    fazer um julgamento tendencioso. Algo que, por pior que seja o Lula, não
    podemos admitir; porque amanhã tal injustiça poderá voltar-se contra
    nós mesmos. É um absurdo que o Moro (família fundadora do PSDB), inimigo
    político do Lula, possa julgá-lo, ainda mais depois de todos os abusos e
    declarações tendenciosas que cometeu.

    Absurdo desse tamanho, não nos leva a desconfiar que o PT gosta, e beneficia-se com toda essa perseguição, tornando-se a VÍTIMA?

    Afinal, por que o PT nada faz para mudar essa pouca vergonha, e apoia a continuidade dessa situação?

    Caso o STF não afastasse o Moro do processo, a sociedade deveria pedir o
    impeachment desse juiz do “supremo”, um direito que qualquer cidadão pode exercer.
    Entretanto, o presidente do senado engaveta todos os pedidos de
    impeachment contra os juízes do STF. Por isso nosso judiciário virou um
    caos, porque a população não tem direito de corrigi-lo! Mas se
    tivéssemos o poder de CONVOCAR O PLEBISCITO DESTITUINTE desse senador
    com nossos ABAIXO ASSINADOS, ele pensaria mil vezes antes de agir contra
    a sociedade, para não perder seu cargo. Aliás, já teríamos colocado
    muitos juízes no olho da rua, e nossa Justiça seria moralizada. Confiram
    como funciona o judiciário no mundo desenvolvido, que o Lula e o PT não
    aceitam para o Brasil:

    http://democraciadiretabrasileira.blogspot.com.br/2015/07/diferenca-entre-o-nosso-judiciario-e-o.html

  11. Só não entendeu quem não quis

    Será que os brasileiros não entendem que é um golpe de estado que está sendo articulado desde 2013? Naquela época as manifestações em quase todas as capitais, o lockout dos caminhoneiros (leia-se da CNI, Fiesp e empresas de transporte), igualzinho como aconteceu no Chile no golpe que derrubou Allende. Depois vieram as eleições, a esperança dos golpistas era a eleição do playboy e como não aconteceu, passaram para o plano B: derrubar a presidenta e começar a perseguição implacável ao PT. Mas nada estaria encerrado se não tirassem Lula da vida pública, encarcerá-lo e têm início a grande farsa dos processos que o condenaram. Lula está condenado desde o primeiro momento em que se iniciaram as investigações, a condução coercitiva, esta na verdade foi uma decisão de última hora, pois nesse dia em que ele foi conduzido para o aeroporto de Congonhas, já havia um jato da PF pronto para levá-lo preso para Curitiba. E esse golpe teve a participação de todas as instituições do país, do judiciário, do legislativo e dos militares, sim, os sempre vivos militares que só não fizeram uma quartelada para derrubar Dilma porque o mundo do séc. XXI não comporta mais esse tipo de tomada do poder. E quem, na sociedade civil está por trás desse golpe? As empresas de comunicação (leia-se rede Globo, Folha, Estadão), os centros financeiros, a Fiesp, a CNI, enfim, esse país, como diria Trump “is a shit hole country”.

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