Caderno de Viagem, roteiro histórico e sentimental

Para compreender narrativa do livro, é preciso situar-se em seu momento histórico: início dos anos 1980. A América Latina vivia sob o domínio do medo, com ditaduras sufocando as instituições e suprimindo as garantias individuais

Um roteiro histórico, geográfico, sentimental e cultural, de autoria de José Roberto Garbim e Eduardo Waack

Brasil, Paraguai e Argentina de Carona

Este livro inscreve-se na tradição dos grandes romances e relatos de viagem. Desde tempos imemoráveis, diversos foram aqueles que eternizaram num relato as aventuras e descobertas que a estrada proporciona. O jovem Marco Polo no livro “Viagens” narrou sua aventura pela Ásia entre os anos de 1276 e 1291. “A Viagem do Beagle” (Charles Darwin), “Na Pior em Paris e Londres” (George Orwell), “A Estrada para Oxiana” (Robert Byron), “Terra dos Homens” (Antoine de Saint-Exupéry), “De Carona com Buda” (Will Ferguson) e o clássico “On The Road” (Jack Kerouac) são alguns exemplos. A Bíblia, de certa forma, é um livro de viagens, ao descrever os caminhos do povo judeu no Oriente Médio.

Para compreender a narrativa deste livro é preciso situar-se em seu momento histórico: início dos anos 1980. A América Latina vivia sob o domínio do medo, com ditaduras sufocando as instituições e suprimindo as garantias individuais. Brasil, Argentina e Paraguai, apoiados pelos Estados Unidos, não eram exceções. No Paraguai, o general Alfredo Stroessner instaurou em 1954 um regime marcado pela brutal repressão popular. Em 1964, no Brasil, os militares depunham João Goulart, tomando o poder. Na Argentina, um feroz golpe em 1976 fez surgir um regime militar que causou a morte de milhares de pessoas, e o desaparecimento de tantas outras. Era arriscado ser diferente e as pessoas tinham medo da própria sombra. A democracia só voltaria ao nosso país, em tese, em 1984.

Os tempos eram outros. Não existiam computadores pessoais, internet, câmeras digitais nem telefones celulares. Muito menos GPS, Google Maps, redes sociais (Facebook, WhatsApp, Instagram). A telefonia fixa era limitada, as estradas precárias e o correio postal, embora lento, constituía-se o mais seguro modo de comunicação. Nesse contexto, aconteceu a viagem descrita (elaborada a partir do diário de José Roberto Garbim e ao qual foram agregadas as memórias e observações de Eduardo Waack), cujos personagens são dois adolescentes caipiras residentes no interior paulista, prestes a alistar-se no serviço militar obrigatório (do qual se safaram) e a enfrentar o concorrido mercado de trabalho num país eternamente em crise.

Sobre o livro, assim se expressou Garbim: “Existe um provérbio português que diz: O melhor da festa é esperar por ela. Digo que esse provérbio está enganado. Após essa viagem, e tudo aconteceu nela, afirmo sem sombra de dúvida que o melhor da festa é a festa. O planejamento e o sonho foram bons, com certeza; sem o sonho ou sem o planejamento não teríamos conseguido. Mas surpresas, imprevistos, e acima de tudo, viver intensamente o que a vida nos proporciona, aproveitar cada minuto no momento em que ele acontece e nunca deixar de viver e aprender, aproveitando os instantes inusitados, os novos amigos, a vida e as oportunidades que ela nos dá é inesquecível.” E Waack completa: “Ali, naquele hiato entre a adolescência e a fase adulta, inspirados nos grandes mestres, demos asas à imaginação e sentimos, ainda que por poucas semanas, o gosto bom e contagiante da liberdade que o tempo não apaga e o coração acolhe & revigora.”

Caderno de Viagem — Literatura Brasileira Contemporânea

Autores: José Roberto Garbim e Eduardo Waack

Projeto gráfico, editoria e revisão: Jornal O Boêmio

Apresentação: Carlos Eduardo Rein (Teddy)

Traduções: Tomás Rosa Bueno

Ilustração da capa: Fabrício Lima

Fotografia da página 02: Rudi Bodanese

Apoio cultural: Garbeer Cerveja Artesanal

Contato com os Autores:

[email protected] e [email protected]

 

Redação

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