Catarina e Jarirí – uma paixão sobre-humana, por Cafezá

Obra Di Cavalcanti

Catarina e Jarirí – uma paixão sobre-humana, por Cafezá

Indaí, Catarina si alembrô qui, desdi manhã, eiles num tinham si alimentadu. A não ser Tuxo, qui tinha comido uma sopa di legumes e tomado leite cum mel di jataí.

– Néja, u chá tirou a fome da gente. Inté si isquecemo di cumê.

Maisi Néja num respondeu, tão concentrada istava nas premeras estrelas qui cumessavam a fazê suas entradas no palco da noite, num cunsiguia tirá oszói déilas.

Entoncis, Catarina olhô pra o céu i tumém ficô hipnotizada. As luzes das estrelas pareciam tão próchimas qui dava vontadi di pegá-las cum as mão.

– Paréci qui tem um vidro em fórma di lente bem na frente dos nuóssos ólhos, lançando as luzes das estrelas nus nuóssos rostos. Agóra  eu to inxérganu uma enórmi nuvem di estrelas. O qui é isso, mestre? Qui nuvem é éissa?

– É o caminhu du leite, Clódiu – disse mestre Bódim. É tumém chamado di Via Láctea, a galáxia nas quar nósis istamos, aqui perdidos nu nuósso planeta Terra, girando em vórta do Sol. U nuósso planeta Terra num passa di una minúscula areinha da menór areinha du Univérso. E tem gente qui si acha muita cousa pur ter muitus bens materiais e – não duvidem! – eiles vão destruir tudo. São jienti malvada, qui pensa qui é peçonha ispicial. Seis pur cento dos habitantis da Terrra concentra quase toda riqueza material do planeta, incuantu a maiór parti do restante vive na pobreza, nu sofrimento i na dor profunda pur num ter o qui comer i aonde morar. Disse um poeta: “Ponha sua boca ao pó, a ver se há esperança.”

– Talvez haja esperança sim, mestre. Nósis istamos tão concentrados na parte visual qui num istamos ouvindo os pássaros vortando pra os seus ninhos. Eu to iscuitano toda a revoada deiles, tão alegris por poderem descansar, cuidar dos seus óvinhos i dar os úrtimos alimentos aos seus fiótis. Agora há poco, passô arguns papagaios gritando arrerrenque arrerrenque. Bando di maritacas, di garças i di passarim miúdos cruzando o ar nas úrtimas luzes du dia.

– Ucê tá cérto, Jarirí. No Brasil, a esperança tem nome, éila se chama FERNANDO HADDAD.

Redação

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