Centenário da morte de Augusto dos Anjos motiva exposição em São Paulo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Sugerido por MiriamL

Da Agência Brasil
 
Por Daniel Mello
 
Os cem anos da morte de Augusto dos Anjos motivam Exposição Esdrúxulo! na Casa das Rosas, na Avenida Paulista, região central da capital. O poeta nascido na Paraíba, morreu com apenas 30 anos em Minas Gerais em 1914. O único livro, de composições de tom pessimista, teve como inspiração a própria vida, como sugere o título: Eu. “Somente a Ingratidão — esta pantera — foi tua companheira inseparável!” , diz um dos versos mais famosos do autor.
 
Por isso, a vida do poeta é o tema do primeiro dos cinco eixos que formam a exposição. Uma vida muito curta e sofrida, enfatiza o curador Júlio Mendonça. Nessa parte, o visitante poderá ver reproduções de documentos que marcam momentos importantes da trajetória do poeta. A partir daí, a obra do poeta é apresentada em 23 poemas. “Os mais marcantes, representativos da poesia dele”, explica o curador.
 
A morte é o segundo eixo da exposição. “Agora, sim! Vamos morrer reunidos”, escreveu o autor no verso inicial de Vozes da Morte. A consciência da finitude e as referências diretas a morte são constantes na obra do poeta. “Já o verme — este operário das ruínas —“, diz um verso de Psicologia de um Vencido, “há-de deixar-me apenas os cabelos, na frialdade inorgânica da terra!” fecha o poema que traz outras característica de sua obra: a escatologia. O tema também integra uma ala a parte da mostra.
 
É explorada ainda a relação da obra do poeta com a ciência. “Vive em contubérnio com a bactéria, livre das roupas do antropomorfismo”, refletia o autor em o Deus-Verme. O uso de termos científicos, especialmente da biologia foi outro traço do escritor. Mendonça explica que nisso o poeta antecipava tendências na arte. “Uma das coisas que principalmente dos anos 1960 para cá foi se tornando mais clara é que o poeta antecipou certos elementos da poesia moderna, que os modernistas iriam criar a partir de 1922”, ressaltou o curador.
 
Ao final, um espaço cênico brinca com a popularidade do artista que no início do século 20, quando ainda estava vivo, era visto como excêntrico. “Muito lido e apreciado por pessoas do país inteiro. Seu único livro teve muitas edições. E muita gente se recorda de certos versos dele muito claramente, tem gravado na memória alguns versos que ficaram muito famosos”, comenta Mendonça.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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