Google celebra 175º aniversário de Ernesto Carneiro Ribeiro

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Sugerido por MiriamL

175º Aniversário do Ernesto Carneiro Ribeiro é celebrado em Doodle

Por Thiago Barros e Melissa Cruz, no TechTudo

O 175º Aniversário do Ernesto Carneiro Ribeiro é o tema do Doodle do Google exposto na página inicial do buscador nesta sexta-feira (12). Médico, professor e linguista, nasceu em Itaparica, na Bahia, em 1839. Cuidadoso na correção da linguagem, foi pioneiro no Brasil em debates linguísticos na revisão ortográfica do Código Civil Brasileiro e envolveu-se em polêmicas com seu ex-aluno, Ruy Barbosa.

O linguista destacou certos aspectos do português praticado no país que não eram percebidos pelos gramáticos, e tornou a língua a primeira com gramática adaptada em função da língua falada. Publicou A redação do projeto do código civil e A réplica do Dr. Ruy Barbosa (1905). Ribeiro morreu em sua terra natal, em 1920, aos 81 anos. Nesta sexta, são completados e celebrados 175 anos do seu nascimento.

No Doodle animado que o Google preparou em homenagem a Ernesto Carneiro, ele é ilustrado no meio da segunda letra “o” da marca da empresa, fazendo uma das coisas que mais gostava: escrevendo. Mas sua carreira começou de forma bem diferente, na medicina. Formou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1854, e depois passou a se dedicar ao magistério. Estudou no Liceu Provincial de Salvador.

Ernesto fundou dois colégios na Bahia. Em 1874, o Colégio da Bahia. Dez anos depois, inaugurou uma instituição com o seu próprio nome, o Ginásio Carneiro Ribeiro, que teve seu comando por 36 anos. Professor de português, ensinou muita coisa a nomes muito relevantes na cultura nacional, como Ruy Barbosa, Euclides da Cunha, Rodrigues Lima, Castro Alves, entre outros. Com Ruy Barbosa, porém, viria a ter uma grande polêmica.

A polêmica com Ruy Barbosa

Logo após a proclamação da República do Brasil, no primeiro governo do seu estado natal, Ernesto participou da política. Entrou para uma comissão convocada pelo seu governador Manoel Vitorino, visando a elaboração de um plano de ação educacional. Pouco depois, em 1902, foi incumbido pelo Ministro da Justiça e Negócios Interiores, José Joaquim Seabra, de realizar a revisão do Projeto de Código Civil brasileiro.

O projeto era substituir a legislação das Ordenações Filipinas, que já estava obsoleta, havia sido desenvolvido por Clóvis Beviláqua. Já com a bagagem de duas publicações muito destacadas, a Gramática Portuguesa Filosófica, de 1881, e ainda a sua principal obra, os Serões Gramaticais, de 1890, contando a visão histórica da Língua Portuguesa, e o aspecto científico do idioma, respectivamente, ele aceitou o convite.

No mesmo ano, Ruy Barbosa estava na presidência da comissão do Senado instituída para o estudo do trabalho de Beviláqua. Ele apresentou seu parecer sobre o projeto em três dias, com 560 páginas de severas críticas ao projeto legislativo. No seu “Parecer do Senador Ruy Barbosa sobre a Redação do Projeto do Código Civil”, que foi publicado na Imprensa Nacional em abril, chamou o texto de “obra tosca, indigesta, aleijada”.

Então, Ernesto Carneiro Ribeiro, em quatro dias, fez a revisão gramatical do projeto, com o nome de “Ligeiras Observações sobre as Emendas do Dr. Ruy Barbosa ao Projeto do Código Civil” e publicado no Diário do Congresso em outubro de 1902. Ruy publicou uma réplica posteriormente, e em 1905 Ribeiro fez sua tréplica, em 899 páginas: “A Redação do Projeto do Código Civil e a Réplica do Dr. Ruy Barbosa”.

Defendendo a normatização de peculiaridades do idioma português falado no Brasil, o que fazia do filólogo um pioneiro no assunto, Ernesto contribuiu muito para a formação dos estudos da língua e para a concepção da Lei 3.071, ou “Código Civil dos Estados Unidos do Brasil”, que só viria a ser publicado em 1º de janeiro de 1916.

Quatro anos depois, em 1920, ele veio a falecer, mas sua história e seu legado não foram esquecidos pelos brasileiros. E ainda existe o Colégio Estadual Ernesto Carneiro Ribeiro, na cidade de Feira de Santana, na Bahia. Em Vera Cruz, outra cidade baiana, existe uma Avenida Ernesto Carneiro Ribeiro. Agora, neste 12 de setembro de 2014, ele ganha a sua presença no Doodle do Google. Mais uma bela homenagem.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. O BETINHO MERECE UMA HOMENAGEM

    Vou dar uma sugestão para o Google, no aniversário do Betinho um grande brasileiro, que lutou contra a fome e pelos pobres, ele poderia colocar um parto vazio no seu letreio. 

      1. Ele está na história do

        Ele está na história do Brasil, por tentar ajudar os pobres. E  você ? Um mal amado, pois ninguém deve gostar de um cara tão amargo e chato com você! 

  2. Não se sabe a intenção ….

    Cinteúdo estranho. História meio que mal contada.

    Deveríamos resgatar o vocábulo estória. Este sim, é um vocábulo muito importante para nós, brasileiros.

    Há outras “versões”  sobre a origem de nosso “código patrimonial civil” de 1916 , de cunho pseudo liberal conservador e patriarcal.

    As mulheres, objetos do matrimônio, é que o digam. Pode nos explicar as “versöes” do débito conjugal versus estupro. Ou ainda, nos explicar melhor a tal de “autorizaçao para o trabalho”. Ou ainda, orientar-nos à respeito dos direitos de primeira dimensão, sobretudo estes, tão homenageados pelos “civilistas liberais de  outrora”.  Voto para elas só a partir de , salvo engano, 1932.

    Especificamente, quanto ao uso do vernáculo eis ai, um dos maiores problemas que o “direito” positivado enfrenta. 

    Nós foi ali de mode que fizemo o servico correto indesde onti  e matemo o homi…

    Quem entendeu e o que entendeu e porque entendeu do jeito que entendeu?

    Não há necessidade do uso da língua culta “jesuíta” para compreender o que ocorre no mundo sensível . Além disso,  estou na corrente que considera  a  língua como algo vivo”.  Ela, portanto, convive . Moleques , brinquedos dos meninos de outrora no “brejo da cruz”  influenciavam , sobremaneira,  a lingua para horror dos “intelectuais”.

    No brasil ainda há , no que diz respeito ao idioma oficial, no mínimo dois idiomas. Um falado e outro escrito.

    Afora dezenas de outros. Centenas. Mais precisamente 210 ou 220 idiomas “brasileiros” que seráo “avaliados” pelo código civil aglutinador  monocultural.

    Por fim, o próprio código reconhece: 

    “Nas declaracóes de vontade se atenderá mais à intençao nelas consubstanciadas do que ao sentido literal da linguagem.”

     

    Saudaçoes

     

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