Niilismo e Concórdia: os leitores de Machado de Assis, por Rogério Mattos

 

Por Rogério Mattos

Em boa medida, quem criou o Machado de Assis que conhecemos foram seus leitores. Diante da imensa fortuna crítica que conta com importantes trabalhos estrangeiros (às vezes esses chegam a suplantar em importância os nacionais), além dos escritos de Roberto Schwarz, cujo empenho de quase toda uma vida se deu a interpretar quem chamou de “mestre na periferia do capitalismo”. Este mesmo crítico, apesar de uma forte contenda com Silviano Santiago a favor de modelos explicativos nacionais contra modelos estrangeiros para explicar a literatura brasileira, sempre contrapõe nossa sociedade a um tipo de liberalismo estrangeiro que nosso país nunca chegou a alcançar.

Se essa própria noção de liberalismo pode em muito ser criticada, ainda mais seria sua aplicação a realidade nacional. Esse estrangeirismo na leitura de Machado de Assis transformou-o não em um grande autor, mas em um gigante. Contudo, o século XIX é repleto de lutas sociais importantes, teve autores de grande relevância participando disso (um dos casos paradigmáticos é Sousândrade), e tudo parece se ofuscar frente a presença do “bruxo do Cosme Velho”. Mas não se ofusca só a literatura, mas a complexa sociedade brasileira da segunda metade do século XIX como um todo.

O pequeno texto abaixo tende a abrir algumas brechas diante de certa unanimidade ao redor de Machado de Assis, provocar alguns questionamentos, na análise principalmente de seus leitores e do que se chamou de “autor hipocondríaco”, ou seja, o éthos da escrita machadiana.

Esse artigo pode ser lido em pdf no Academia.edu

Um estranho lapso crítico e a hipótese improvável

Todo o estudante de literatura brasileira se vê obrigado a esbarrar na suposta aporia machadiana sobre uma possível traição de Capitu no famoso romance Dom Casmurro. Contudo, na fortuna crítica de Machado de Assis, esperou-se setenta anos para que a visão dominante este romance fosse alterada. A publicação do romance é de 1890 e a do ensaio crítico de 1960. A mudança interpretativa se deu por causa da contribuição de uma pesquisadora estrangeira, Helen Cadwell, que associou o protagonista do romance ao personagem Otelo, da peça homônima de Shakespeare. Se hoje é colocada em dúvida a traição mencionada no romance é devido a essa intervenção estrangeira. Parece que os leitores de Machado continuariam a endossar a tese de Bento Santiago por tempo ainda mais prolongado.

Como uma espécie de interlúdio, Silviano Santiago, em 1969, escreveu num famoso artigo, A retórica da verossimilhança, que já tinha passado o tempo de encarar como um tribunal o caso exposto no romance machadiano. Parecia fazer alusão a um debate antigo, mas a forma-tribunal assumida (traiu ou não? de quem é a culpa?) emergiu nessa década com força, talvez maior do que em qualquer outra ocasião. Segundo o crítico brasileiro, não seria um caso de traição ou não, mas de um estudo sobre o ciúme, cujo prelúdio pode ser visto no romance de Machado de Assis, Ressurreição.

Somente em 1991, em artigo de Roberto Schwarz, depois publicado no livro Duas meninas[1], são expostas ideias a respeito do envolvimento do autor do romance com seu meio social. Bento Santiago teria um “ânimo patriarcal e policial, à cata de prenúncios e evidências de adultério”. Na tardia virada crítica, Capitulina, antes mais uma das famosas adúlteras dos populares romances de adultério escritos no século XIX, passa a ser vista não só como inocente, mas dotada de inteligência própria e capacidade de livre-iniciativa. No segundo texto do livro Duas Meninas, Schwarz chega a chamá-la de “agente das Luzes”, portadora de uma visão iluminista, racionalista, frente ao sentimentalismo romântico e decadente de Bentinho[2]… Esta diferença de personalidades, aliada ao desnível de classe entre o casal, é narrada por Machado de uma maneira dúbia (entre a “metafísica” e a “galhofa”), supostamente para que ao leitor brasileiro “as implicações abjetas de certas formas de autoridade fossem menos visíveis”.

A visão de um Dom Casmurro tímido e melancólico é retomada num artigo de Kathrin Rosenfield[3], de 2007, e associado à resignação diante da tragicidade da vida, inspirada no filósofo niilista alemão, Arthur Shopenhauer – uma das referências maiores de Machado de Assis, junto ao ceticismo do pensador francês Blaise Pascal. Para Shopenhauer, o mundo e a vida não podem fornecer ao ser humano uma verdadeira satisfação. Como saída, nos restaria ou a resignação ou a “descarga” das dores humanas com a contemplação de uma obra de arte (releitura do conceito aristotélico de “catarse”).

Tese recente escrita por Vitor Cei Santos resgata a crítica nietzschiana à filosofia pessimista alemã. De acordo com Nietzsche, a resignação e o sentimento de impotência perante a vida são produtores da má-consciência (sentimento de culpabilidade e inferioridade) e do ressentimento. O espírito vingativo, portanto, seria o resultado deste tipo de comportamento, onde a vingança seria o meio do “entorpecimento da dor através do afeto” (Genealogia da Moral, III, §15). Tendo em vista esta leitura, talvez não se devesse mais perguntar sobre a facticidade do adultério no romance, mas em que medida seu autor, cuja biografia é marcada pelo ciúme para com sua esposa (agravado pelo fato de não terem filhos; de ter dado ordem expressa para que queimassem as cartas trocadas com sua esposa) e o desnível social entre ambos, não inverteu a equação e, sob a ótica de um patriarca do império, descreveu sua própria dor e má consciência. Será válido esse questionamento?

Livre viúvo na época da escrita do romance, pode se encaixar na descrição de um “Dom Casmurro [que] seria um homem do ressentimento, sujeito refém de seu passado e de suas marcas, vingativo no limite da exaustão ou da doença, desprovido daquela que seria a autêntica ação, a afirmativa, lhe restando somente a reação, que consiste numa espécie de autoenvenenamento que o devora por dentro. Impotente quanto ao que foi feito, ele é um irritado espectador de tudo o que passou[4]”. O Olhar para trás, o alimentar as velhas dores: uma atitude comum, explicitada pelo autor inúmeras vezes, e que o fez, em sua fase tardia, um exímio memorialista…

Num trabalho crítico bem posterior (Dom Casmurro: simulacro & alegoria[5]), João Adolpho Hansen, ao aludir à teoria do “autor hipocondríaco”, diz que a escrita contraditória, conflitante, paródica e irônica de Machado, deixa seu leitor sem saber se o caso tratado é a do autor ficcional, Bento Santiago, ou o do autor real, Machado de Assis. Com a postura acima, seria reinstaurado novo tribunal, mas com outra causa a ser julgada? Lembro-me das palavras de Paul Ricoeur em seu Memória, história e esquecimento: a fenomenologia de Heidegger, ao se empenhar no que chama de “ser para a morte”, nunca poderá ser concatenada com qualquer metodologia historiográfica. A História surge como coveiro, para enterrar os mortos, ou como juiz. É um trabalho póstumo. De um modo geral, sendo coveiro ou juiz, todo morto é julgado, apesar da maior ou menor dose de benevolência que se use para ele. Reler Machado é reabrir esses arquivos. Agora, porém, deve-se levar o exame desses arquivos para além do meramente ficcional.

O mar em Dom Casmurro e a travessia de outro estrangeiro, John Gledson

Entre a década de 1970 e 1990, quando Roberto Schwarz escrevia sobre os primeiros romances de Machado de Assis (Ao vencedor, as batatas) e sobre Brás Cubas (Um mestre na periferia do capitalismo), um outro americano, John Gledson, na década de 1980, se debruça novamente sobre o tema da traição em Dom Casmurro. Segundo o autor, o marco histórico fundador do romance seria 1871, ou seja, a Lei do Ventre Livre, que teria sido outorgada pelo imperador para poder fazer sua viagem a Europa e pousar como progressista. Outras correntes cruzam essa data simbólica: a questão religiosa que, com a proclamação da república e do Estado laico fez com que, definitivamente, faltar com a palavra seja fenômeno mais corriqueiro do que na época de maior religiosidade… E o ideal moderno, simbolizado pelas veleidades de Pedro II de frequentar o ambiente europeu como um monarca ilustrado. Porém um mar separa não só a Europa do Brasil, como também os personagens de seus sonhos ou o país de sua modernidade…

José Dias, o agregado, muda sua ideia de apoiar a ida de Bentinho ao Seminário depois de receber como promessa uma viagem a Europa; Dona Glória, mãe do protagonista, nunca poderia sequer sonhar com o continente estrangeiro e suas modernidades devido ao seu conservadorismo e apego religioso; Capitu encontra o desterro na Suíça e o filho do casal a morte. O suposto amante, Escobar, morre afogado nesse mar que separa cada um de seus sonhos, a sociedade de seu ideal, as duas famílias (de Escobar e Bentinho) de seu idílio europeu (a viagem que planejavam fazer juntos), além de impedir Escobar, como comerciante, de participar do capitalismo financeiro internacional e não só da limitada economia nacional…

Uma outra corrente vinda de longe atravessa o famoso romance de Machado, a Guerra do Paraguai. Quando Bento Santiago discute com Manduca, o pobre e jovem leproso no leito de morte, sobre a Guerra da Criméia, John Gledson enxerga a defesa da Rússia pelo protagonista contra a posição a favor da Turquia, a “Doente da Europa”, como um meio de se comentar sobre a “maldita guerra” brasileira. O crítico americano propõe encarar Bento como o Brasil e Manduca como o Paraguai, “pelo menos no sentido negativo de que (…) muito do que ele diz se encaixa nessa identificação. Em Manduca, a combinação de pobreza e instinto agressivo quadra bem com a ‘personalidade’ do país de Solano López[6]”. Pode ser dito mais: a “combinação” grifada por mim pode ser comparada com texto mais tardio de Machado: “O que é a ação! Alguns dias de combate fizeram mais do que longos anos de polêmica diplomática. Bem podia ter-se poupado o papel que se gastou em notas e relatórios: eram mais algumas libras de pólvora. Com selvagens não há outro meio[7]”. Era a defesa da civilização contra a barbárie, o imperativo da guerra.

Os críticos pontuam que houve uma atenuação de sua empolgação guerreira – selvagem – depois que os anos passaram, a medida que a guerra ia se revelando um desastre… Mas é sempre bom lembrar algumas palavras reveladoras: “Se depois do espetáculo das orelhas enfiadas numa corda e expostas à galhofa dos garotos de Assunção, houver um país no mundo que simpatize com o Paraguai, não precisa mais nada — esse país está fora da civilização[8]”. Tais notícias grotescas não vinham para informar, mas para consolidar entendimentos prévios a respeito da bárbara república paraguaia, sem qualquer veleidade europeísta. No livro de Francisco Doratioto, Maldita Guerra, se relata que, se o império brasileiro não estava tão atrelado a interesses britânicos para deslanchar a guerra (isso teria ocorrido num segundo momento por causa do endividamento extremo do governo com os bancos estrangeiros para financiar a aventura imperial), os paraguaios tentavam se aproximar dos Estados Unidos (que não tinham condições no momento de interferir de maneira mais enfática nos conflitos da América do Sul), num afã bárbaro e federalista, talvez muito próximo ao que buscaram os revolucionários pernambucanos durante boa parte do século XIX. Bárbaros, então. Bolivarianos, talvez se dissesse hoje: Bolívar, outro admirador do sistema federalista americano…

Machado atenua sua visão a respeito da guerra. Chega a dizer que seria melhor lutar contra Mitre ou abjura de uma maneira geral diante de todas as perdas obtidas com a guerra. Deserta de sua entusiasmada militância inicial. Não quer dizer que o Paraguai deixou de ser “bárbaro”. No máximo, a civilização falhou em seus objetivos. O império brasileiro, intracontinental, quanto mais buscava se impor em seu interior profundo, mais distante ficava do mar, distante de uma maneira insuportável da velha Europa… Machado talvez se veja no espelho ao encenar o debate entre Bentinho e Manduca. Sua posição em relação ao conflito mudou quando escreveu Dom Casmurro?

Talvez seu nacionalismo ingênuo tenha se atenuado e essa visão, plasmada com maior racionalidade e empáfia, tenha sido exposta na boca de Bentinho quando debateu com o menino moribundo. Plasmar sua visão antiga através de um personagem de claros contornos elitistas pode ter sido um meio que o autor criou para se distanciar de si mesmo, para rir de si, apesar de que indicação nenhuma é revelada a respeito de o mínimo de consideração pela sorte do povo paraguaio, independente dos abismos em que foram jogados os dois países durante a guerra. Machado recua diante de seu patriotismo ingênuo, torna-se um pessimista empedernido em relação ao império brasileiro; talvez até tenha suavizado sua cruel distinção entre “civilização e barbárie”, porém é inútil procurar uma visão que chamaríamos hoje de progressista, próxima aos dilemas sul-americanos. Não! Não é um caso de anacronismo: essa visão progressista, federalista, estava presente em todo o nosso continente, em especial a partir do nordeste. Mas ali vigorava, tal como vigorou entre quem idealizou e não traiu a Conjuração Mineira, o Estados Unidos anti-imperialista do século XIX. O amor de Machado pela Europa é uma espécie de amor doente, a cópia em negativo do entusiasmo malogrado de Manduca ao defender a Turquia, a “Doente Europa”…

John Gledson esclarece importante metáfora de Dom Casmurro. São as estátuas de antigos imperadores romanos que enfeitavam a casa de sua mãe na rua Matacavalos e que ele faz questão que estejam na cópia da antiga casa que constrói no Engenho Velho. Em especial, trata-se da imagem de Massinissa, rei númida, que casou com Sofonisba. Ela foi esposa de Sifax, rei dos massessilos e inimigo dos romanos. Perde a guerra para Massinissa e sua esposa é sequestrada pelo conquistador. Como ela era filha do cartaginês Asdrúbal, teme a vingança dos romanos e pede para o rei vitorioso lhe proteger. Casam-se, porém Cipião, o Africano, desconfia que a mulher possa ser veículo de traição na província romana e pede ao rei para que a assassine. Ela bebeu a taça de veneno consciente, sabendo dos motivos de sua morte. Muitos comentadores associam Capitu a Sofonisba e Gledson adiciona: Bento se associa a Roma. Capitu não pode casar com alguém de uma classe superior a dela e o veículo de sua morte é esse representante das classes altas.

O problema é que no romance quem quase toma um café envenenado é Ezequiel, filho do casal. Existem, portanto, além desses dois casos de envenenamento, um simbólico e outro narrado pelo protagonista, um terceiro envenenamento. Logicamente, é o do próprio Bento Santiago. Capitu não se envenena, mas pela força geral das circunstâncias, é obrigada a uma vida no exílio. Seu filho não é morto pelo pai por um ato repentino de arrependimento. Irá morrer pouco depois na Europa em meio às ruínas arqueológicas que fora pesquisar. Bento é o único que se mantém vivo, envenenado, ressentido.

De onde vem esse veneno, portanto? Se fizermos o uso da teoria do “autor hipocondríaco” acima aludida, ou seja, num enfoque que pode ir da vida do autor até a vida do personagem, podemos ver que o veneno de Machado, ao que também chamamos de Mar ou o grande tema do mar em Dom Casmurro, a distância da “civilização”, ou seja, a Europa em relação ao Brasil, vemos que seu niilismo, na esfera política, se baseia numa compreensão da completa impossibilidade de se alcançar os padrões civilizatórios que ele julga os mais acertados. Diante do impossível, a galhofa, ou seja, a criação de um estilo sereno e relativamente límpido, afeito a paradoxos não tão emocionantes (caso contrário um tema como o de Capitu, risível, não açoitaria a crítica por tanto tempo…), mas inspirado na Europa e na super-estilização da literatura da época de Flaubert, criamos um autor “modelo exportação”. Que distância, contudo, de um pan-americanismo do furor de um Sousândrade, autor contemporâneo de Machado!

O mar, o mar e o mar…

A Europa não é alcançada, a política de Conciliação do Império resulta na Guerra que depois trará o arrependimento a muitos. Frente ao mar gigante, um sorriso tímido. Em seus melhores momentos, irônico. Nunca a gargalhada rabelaisiana, nunca o “furor heroico” bruniano, nunca um éthos, no seu sentido mais original, Renascentista. A ironia é o sorriso da superioridade; a gargalhada, o baixo corporal, é o momento pleno do encontro com a sociedade como um todo. O furor é substituído por uma certa timidez, mascarada pela superioridade irônica. Assim, é preciso rever a imagem de Machado de Assim,  o que foi onstruído por seus leitores.

Se fizemos alusão ao posicionamento machadiano em relação a Guerra do Paraguai, para se ter em conta o pessimismo, essa fraqueza de vontade que o movia, “entre o niilismo e a galhofa”, teríamos que rever seu posicionamento em relação a escravidão no Brasil. Seria o caso de um trabalho particular e que já foi feito também por inúmeros outros críticos. Contudo, não basta ser contra a escravidão de um modo geral, genérico, bacharelesco. Lembrei de Sousândrade, mas em sua época ainda viveram Luiz Gama, o “tolstóico” (como chegou a se chamar) André Rebouças, e uma série de outros personagens que não gostavam de contemplar um ideal – esse mal do século, da decadência, shopenhaueriano –, mas que tiveram uma vida verdadeiramente engajada, apesar e por causa de sua produção científica, profissional ou artística.

Há um mal machadiano que é fruto desse tipo de leitura, ou seja, resultado de leitores que o alçaram a um patamar que talvez não lhe corresponda. O século XIX literário fica pequeno frente a esse gigantismo fabricado. O “autor hipocondríaco” e seus leitores formaram uma visão bastante duvidosa a respeito de alguém que supostamente é uma unanimidade no mundo das letras. Gledson chega a falar que o livro nos força a reconhecer Bento como nosso irmão… “Quando percebemos todas as ilações desse fato, é que conseguimos produzir nossa cura” (p. 183). Só que não é Bento que é nosso irmão, tampouco Machado, e sim seus leitores. Não há cura andando com um paranoico. Há cura se reconhecermos as limitações de entendimento desses que nos rodeiam.

Para finalizar, bem característica é a posição de outro notório leitor machadiano. Sidney Chalhoub. Numa pequena ficção, monta um tribunal póstumo onde Brás Cubas é interrogado pelos vermes: “’E o Senhor, Criador desta Criatura, votará em Bolsonaro?’. Machado de Assis gaguejou, não disse que sim, nem disse que não. Diante da insistência dos vermes, respondeu enigmático, a caminho da porta de saída: “É sabido desde a mais remota noute dos tempos que no dia 28 de outubro de 2018 Hércules realizará o seu DÉCIMO-TERCEIRO trabalho. Boas Noutes![9]”. Talvez votasse nulo, o que seria bem característico desse ela machadiano (“nem que sim nem que não”). Diante de uma civilização que não se realizou, dos “erros do PT”, talvez até votasse em Ciro ou, quem sabe, em Joaquim Barbosa. Militante e popular, nunca!

NOTAS

[1] Schwartz, Roberto. Duas meninas. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

[2] O crítico parece se apoiar mancamente numa leitura do velho narrado onisciente, que claramente não é o caso do romance em questão; não se pode afirmar algo do gênero a respeito dos personagens, ainda mais os secundários: como diz Hansen, trata-se de uma escrita em palimpseto.

[3] ROSENFIELD, Kathrin. A ironia de Machado em Dom Casmurro: reflexões sobre a cordialidade antitrágica. Letras, Santa Maria, v. 32, p. 71-90, 2007.

[4] CEI SANTOS, Vitor. A voluptuosidade do nada: o niilismo na prosa de Machado de Assis. Tese de doutorado defendida em 2015 na UFMG e publicada recentemente em livro. A referência acima se encontra na página 245 da tese.

[5] HANSEN, J. A. D. Casmurro: simulacro & alegoria. In: GUIDIN, M. L. et al. (Orgs.). Machado de Assis: ensaios da crítica contemporânea. São Paulo: Unesp, 2008. p. 143-177.

[6] GLEDSON, John. Machado de Assis: impostura e realismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p.123.

[7] ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Crônicas. Rio de Janeiro/São Paulo/Porto Alegre: W. M. Jackson, 1946, p. 296.

[8] ASSIS, Machado. O Diário do Commercio. 07 de fevereiro de 1865, p. 1. Disponível em: Acesso em: 19 dez. 2018.

[9] Chalhoub, Sidney. Brás Cubas vota em Bolsonaro. E Machado de Assis?. Publicado em 26/10/2018 em https://meiramonteiro.com/bras-cubas-vota-em-bolsonaro-e-machado-de-assis/

 

Rogério Mattos: Professor e tradutor da revista Executive Intelligence Review. Formado em História (UERJ) e doutorando em Literatura Comparada (UFF). Mantém o site http://www.oabertinho.com.br, onde publica alguns de seus escritos.

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