O arame de João Cabral de Melo Neto
por Romério Rômulo
Arame é um cão desencapado:
Posso meter-lhe calor e assar tudo
Posso meter-lhe elétrons e rever
Todo seu corpo incendiado em pânico.
O dente afiado do arame
Pode caber a mais dura contundência
Com suas farpas que até rasgam couro
De algum marruco tresloucado em fuga.
O arame de aparência tão restrita
É sempre dúctil, mas não é volátil:
Onde ele chega, outro corpo não.
O arame traz uma soberba sempre
De tranquilidade rústica e evidente:
Onde ele é, é bom que outro não seja.
Romério Rômulo
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