Os excluídos da grande festa

O beija-flor e a flor de romã

Para inaugurar este novo espaço, começo postando algo sobre a atenção, sobre ler nas entrelinhas, com um poema novo:

 

¿Não ver por entre e sob o estirão da noite

o manto de brumas sobre os olhos

e além do ontem muito adiante

pelas frestas cinzas das finiestras

 

¿não ver enquanto o corte desangrando

só o dorso forte do machado

única lâmina de múltiplas dores

e das feridas linhas entreabertas

 

¿não ver o que se sabe e desconhece

mentira há muito ouvidada

a rinha de sorte que representa

novas signaturas indescobertas

 

¿não ver o riso sempre interdito

Encortinada íris e siso

o véu mais negro desencobrindo

o que é real e não as seitas

 

¿não ver os nós e a sua desflocularidade

a penumbra do culto que cultua

dois gumes no rumo do murro

a lâmina fria e o que ainda infesta

 

¿não ver a súplica do que amanhece

a pedra que se ergue em muro

a poeira agora levantada

sobre todas as coisas que ainda restam

 

¿não ver entre o raro e o trivial

a farsa aninhada na face

máscara invertendo a alma

se quase tudo pertence à besta

 

ah! não ver nas entrelinhas

é morrer precocemente

ser um inocente útil

excluído da grande festa

Redação

3 Comentários

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  1. Muito bem, Erlon. Eh isso,

    Muito bem, Erly. Eh isso, vamos em frente. E linda a imagem que acompanha.  Mas eu, ranzinza que ando, continuo de mau humor com o novo blog. Vamos ver se minha desflocularidade melhora com o tempo…

    1. Muito bom

      É… eu também não estou satisfeito com o formato do novo blog. A mim me parece aqueles sistemas feitos por programadores preguiçosos que copiam e colam os scripts. Já fiz isso também. A foto, e o poema também, é de minha autoria

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