Adélia Prado, a poetisa mineira

Por Odonir Oliveira

Adélia Prado reúne todas, ou quase todas, as características mineiras em sua lírica. Inspirar-se em seus versos não é difícil. Raízes de extensão profunda me levam ( e a outros, quero crer), a sugar, a buscar água e nutrientes para meus versos.

De temperamento reservado, essa tatuagem subcutânea mineira, que é por se ter nascido e crescido entre montanhas, como dizia dia-e-noite meu velho pai. 

Adélia Prado tem uma religiosidade intrínseca que pode abrir mão de igrejas em rituais de calendário, mas não de sinos, que embalam almas: “Tudo que sinto esbarra em Deus”.Tradições calcadas nas vizinhanças compartilhadas, no aconchego da troca de falas, mineiramente sussurradas, confundidas muitas vezes como labirínticos sobrevoos de marocas apenas. Segredos mineiros de primos, primas, tias, avôs e avós. Segredos que desvelados devem permanecer entre quatro paredes: “Não se comenta de família com estranhos”.

Além da Filosofia que estudou na Universidade e do que leu pela vida, “mineiramente vivida”,  Adélia segura umas bandeiras, que desavisados não perceberão e lhe atribuírão tons de submissão, de escravidão ao lar, ao marido etc. e mais etc. Apenas.

Mas, cuidado, há que se ler com farol alto as simplicidades da poeta mineira. São sofisticadas as suas palavras.

Adélia é mulher de dor, família, cama, mesa, amor, religião e de loucuras, Dona Doida particular e universal.

Solar

Minha mãe cozinhava exatamente:

 arroz, feijão-roxinho, molho de batatinhas.

 Mas cantava.

https://www.youtube.com/watch?v=5hHoRXzd8PI]

 

Fluência

Eu fiz um livro, mas oh meu Deus,

não perdi a poesia.

Hoje depois da festa,

quando me levantei para fazer café,

uma densa neblina acinzentava os pastos,

as casas, as pessoas com embrulho de pão.

O fio indesmanchável da vida seguia seu curso.

Persistindo a necessidade dos relógios,

dos descongestionantes nasais.

Meu livro sobre a mesa contraponteava exato

com os pardais, os urinóis pela metade,

o antigo e intenso desejar de um verso.

O relógio bateu sem assustar os farelos sobre a mesa.

Como antes, graças a Deus.

 

Ensinamento

Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.

 

Casamento

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.

https://www.youtube.com/watch?v=vo9LWLRgby4

Briga no boteco

Encontrei meu marido às três horas da tarde
com uma loura oxidada.

Tomavam guaraná e riam, os desavergonhados.

Ataquei-os por trás com mãos e palavras
que nunca suspeitei conhecesse.

Voaram três dentes e gritei, esmurrei-os e gritei,
gritei meu urro, a torrente de impropérios.

Ajuntou gente, escureceu o sol, 
a poeira adensou como cortina.

Ele me pegava nos braços, nas pernas, na cintura,
sem me reter, peixe-piranha, bicho pior, fêmea ofendida,
uivava.

Gritei, gritei, gritei, até a cratera exaurir-se.

Quando não pude mais, fiquei rígida,
as mãos na garganta dele, nós dois petrificados,
eu sem tocar o chão. Quando abri os olhos, 
as mulheres abriam alas, me tocando, me pedindo graças.

Desde então faço milagres.

A Serenata

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele virá com a boca e mão incríveis 
tocar flauta no jardin.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos: 
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
– só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela,se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?

[video:https://www.youtube.com/watch?v=ARVdYTkSumA

Poesias: Poesia reunida, Ed. Siciliano, SP. 1991.

Imagens da internet.

Redação

15 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Cacos para um vitral

    Que boa lembrança. Adélia faz parte desse avançar na vida para alguns. Desde que a encontrei, la pelo meado da adolescência, não a mais larguei. Estranho, ou até muito logico, ela e Clarice fazem parte desse continuar e avançar, e olha que Adélia ja chegou de certa forma a criticar Lispector… Paciência com Clarice! Paciência com o mundo, Adélia.

    Adélia e Clarice tão bonitas, tão existencialistas! Nossas grandes escritoras.

    “Dor não tem nada a ver com amargura. Acho que tudo que acontece é feito pra gente aprender cada vez mais, é pra ensinar a gente a viver. Desdobrável. Cada dia mais rica de humanidade”.

    1. RUIM

      Me apanho composta:

      As vísceras, o espírito,

      Meu anima em dispneia.

      Nem uma seta consigo pintar na estrada.

      Ô tristeza, eu digo olhando meu livro.

      Ô bobagem.

      Ô merda,

      polivalentemente, eu digo.

      De que me adiantou pegar na mão do poeta

      e mandar pra frente da batalha feminista

      a mulher do meu amado,

      se o que me sobra é um nó,

      uma ruga nova,

      a lembrança da gafe abominável?

      Tudo para encruado.

      Nem ao menos o rabo da poesia,

      o fedor de vida

      que às vezes deixa no ar

      o seu intestino grosso.

      Ô Deus, eu digo enraivada,

      esmurrando o ar com meu murrinho de fêmea.

      Ó, Ai. Ai. Ai, ai …

      Se chovesse ou eu ficasse grávida,

      Quem sabe?

      Na saída da cidade desconhecida 

      Duas placas altas apontavam:

      IBES …………………ARIBIRI

      Um preto no cruzamento 

      olhava atentamente para o fim dos tempos.

      Eu olho meu olho fixo.

      Como se não houvesse cantochão nem monges.

       

  2. Nossas contradições: o curso e o discurso

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=tKnT2hjV-nU%5D

     

    SEDUÇÃO

    A poesia me pega com sua roda dentada,
    me força a escutar imóvel
    o seu discurso esdrúxulo.
    Me abraça detrás do muro, levanta
    a saia pra eu ver, amorosa e doida.
    Acontece a má coisa, eu lhe digo,
    também sou filho de Deus,
    me deixa desesperar.
    Ela responde passando
    a língua quente em meu pescoço,
    fala pau pra me acalmar,
    fala pedra, geometria,
    se descuida e fica meiga,
    aproveito pra me safar.
    Eu corro ela corre mais,
    eu grito ela grita mais,
    sete demônios mais forte.
    Me pega a ponta do pé
    e vem até na cabeça,
    fazendo sulcos profundos.
    É de ferro a roda dentada dela.

  3. Vida e arte não tem nada a

    Vida e arte não tem nada a ver.Mas Adélia é por demais alheia ao Brasil. A última entrevista que assisti com ela revelou-se horrorizada com Dilma e o PT. E deu vivas ao Aécio. E deu muitas, muitas loas a imprensa brasileira. Burguesa ao máximo. Assim como na poesia do peixe dá pra ver que vive segregada nas montanhas de Minas. 

    Esqueceria outros

    pelo menos três ou quatro rostos que amei

    Num delírio de arquivística

    organizei a memória em alfabetos

    como quem conta carneiros e amansa

    no entanto flanco aberto não esqueço

    e amo em ti os outros rostos

    Ana Cristina  César

     

    Flores do mais

    devagar escreva

    uma primeira letra

    escreva

    nas imediações construídas

    pelos furacões

    devagar meça

    a primeira pássara

    bisonha que

    riscar

    o pano de boca aberto

    sobre os vendavais;

    devagar imponha

    o pulso

    que melhor

    souber sangrar

    sobre a faca

    das marés;

    devagar imprima

    o primeiro

    olhar

    sobre o galope molhado

    dos animais; devagar

    peça mais

    e mais e

    mais

    Ana Cristina César

     

     

     

    1. Maravilhosos versos de Ana Cristina César

      Nossas contradições: o curso e o discurso 

      F. Pessoa: “O poeta é um fingidor…”

      Rodando

      Depois de muita e boa chuva, Célia voltava de Belo Horizonte para sua casa no interior do Estado. Era bom viajar de ônibus, vendo, parecia-lhe que pela primeira vez, o verde rebrotando com força. Ouviu um passageiro falando pra ninguém: que cheiro de mato! Sol farto e os moradores desses conjuntos habitacionais de caixa de papelão e zinco, que brotam como grama à margem das rodovias, aproveitavam pra esquentar o couro rodeados de criança e cachorro. Os deserdados desfilavam, a moça e seu namorado com bota de imitação de peão boiadeiro iam de mãos dadas, com certeza à casa de uma tia da moça, comunicar que pretendiam se casar. Uma avó gorda com seu neto também passou, ela de sombrinha, ele de calcinha comprida de tergal. Iam aonde? Célia fantasiou, ah, com certeza na casa de uma comadre da avó, uma amiga dela de juventude. O menino ia sentir demais a morte daquela avó que lhe pegava na mão de um jeito que nem sua mãe fazia. Desceram três moços de bermuda e camisa do Clube Atlético Mineiro, e um quarto com grande inscrição na camiseta: SÓ CRISTO SALVA! Camiseta e bermuda não favorecem a ninguém, ela pensou desgostosa com a feiúra das roupas. Bermudas principalmente, teria que se ter menos de dez anos pra se usar aquela invenção horrorosa. Teve dó dos moços que só conheciam futebol e dupla sertaneja. Foi um pensamento soberbo, se arrependeu na hora. Tinha preconceitos, lembrou-se de que gostara muito de um jogo de futebol em Londrina, rodeada de palavrões e chup-chup com água de torneira e famílias inteiras se esturricando gozosamente entre pão com molho e adjetivos brutais, prodigiosamente colocados, lindos e surpreendentes como as melhores invenções da poesia. Concluiu sonolenta, o mundo está certo. Uma criança começou a chorar muito alto: quero ficar aqui não, quero sentar com meu pai, quero o meu pai. A mãe parecia muito agoniada e pelo tom do choro Célia achou que ela abafava a boca da criança com uma fralda ou a apertava raivosa contra o peito, envergonhada de ter filha chorona. Suposições. Tudo estava muito bom naquele dia, não sofria com nada, nem ao menos quis ajudar a mãe, botar a menina no colo, estas coisas em que era presta e mestra. Assistia ao mundo, rodava macio tudo, o ônibus, a vida, nem protagonista nem autora, era figurante, nem ao menos fazia o ponto naquele teatro perfeito, era só plateia. Aplaudia, gostando sinceramente de tudo. Contra céu azul e cheiro de mato verde Deus regia o planeta. Estava muito surpresa com a perfeita mecânica do mundo e muitíssimo agradecida por estar vivendo. Foi quando teve o pensamento de que tudo que nasce deve mesmo nascer sem empecilho, mesmo que os nascituros formem hordas e hordas de miseráveis e os governos não saibam mais o que fazer com os sem-teto, os sem-terra, os sem-dentes e as igrejas todas reunidas em concílio esgotem suas teologias sobre caridade discernida e não tenhamos mais tempo de atender à porta a multidão de pedintes. Ainda assim, a vida é maior, o direito de nascer e morar num caixote à beira da estrada. Porque um dia, e pode ser um único dia em sua vida, um deserdado daqueles sai de seu buraco à noite e se maravilha. Chama seu compadre de infortúnio: vem cá, homem, repara se já viu o céu mais estrelado e mais bonito que este! Para isto vale nascer.

      Em  Filandras, Editora Record – Rio de Janeiro, 2001, pág. 119.

    2. ***** Cinco (5) estrelas o

      ***** Cinco (5) estrelas o teu comentário.

      Sou mineiro e… da Adélia Prado admiro a poesia, a humanidade, a mineiridade e a simplicidade dos versos.

      Mas polìticamente ela e as opiniões dela são simplesmente desprezíveis. 

      Sou mineiro, assim como Adélia Prado e Fernando Brandt, poeta e letrista, recentemente falecido; assim como Milton Nascimento o é, por adoção e identificação. Como músico e compositor, Milton e Fernando são admiráveis. Polìticamente são, também, desprezíveis.

      Há alguns anos aprendi que podemos admirar as qualidades de uma pessoa, sem idolatrá-la ou subscrever acrìticamente o que ela diz ou pensa. Sou um mineiro apegado às boas tradições do estado; apreciador da música, da poesia e da arte mineiras. Mas o conservadorismo político, o atraso obscurantista que mantém o statu quo anti e o moralismo hipócrita, arcaico e arraigado que apresentam  boa parte  dos ilustres mineiros, ah, esses jamais fizeram parte do conjunto de valores que cultivo.

      1. Vivo em uma cidade mineira que elegeu a presidenta com número

        consideravelmente superior de votos em relação ao outro candidato. Todavia, a mineiridade, mineirice que observo/constato por aqui acredito ver-se bem representada no discurso de Adélia Prado.

        Não se consegue fugir da polaridade Bias X Andradas e, vez por outra se aliam, para a Prefeitura. O prefeito amigo de avião , unha e carne do ex- governador do aeroporto familiar, faz o que quer e … negociam-se empregos na prefeitura, fazem-se listas controladoras de votos por zona eleitoral etc.

        Posso provar?

        Mas como, se todos os que denunciam têm seus empregos como contratados na Prefeitura? E concursos? Ninguém sabe, ninguém viu.

        O CURSO e O DISCURDO VÃO LONGE!

        É como dizia a minha mãe, frasista e mineiríssima : É assim que é: faz o que eu digo e não o que eu faço.

        Dona Doida

        Uma vez, quando eu era menina, choveu grosso
        com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.

        Quando se pôde abrir as janelas,
        as poças tremiam com os últimos pingos.

        Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema,
        decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos.

        Fui buscar os chuchus e estou voltando agora,
        trinta anos depois. Não encontrei minha mãe.

        A mulher que me abriu a porta, riu de dona tão velha, 
        com sombrinha infantil e coxas à mostra.

        Meus filhos me repudiaram envergonhados,
        meu marido ficou triste até a morte,

        eu fiquei doida no encalço.
        Só melhoro quando chove.

        Adélia Prado, Poesia Reunida, Ed. Siciliano 

        [video:https://www.youtube.com/watch?v=VL2rJo_nRG8%5D

  4. Também brochei totalmente com

    Também brochei totalmente com a minha conterrânea quando li suas opiniões políticas. Mas, temos que lembrar, ela e família são historicamente ligadas á rede globo, dai…..

    1. “Também brochei totalmente com …”

      (Por favor, não deixe isso acontecer não, moço)

       

      A carne simples

      Na cama larga e fresca

      um apetite de desespero no meu corpo.

      Uivo entre duas mós.

      Uivo o quê?

      A mão de Deus que me mói e me larga na treva.

      Na boca do barro, barro.

      Quando era jovem

      pedia cruz e ladrões pra guarnecer meus flancos.

      Deus era fora de mim.

      Hoje peço ao homem deitado do meu lado:

      me deixa encostar em você

      pra ver se eu durmo.

  5. Uma chave entre poesia e política…

    De repente a coisa enveredou pra política. Certo, não condenaremos também a obra de Céline, Poundm etc.. Encanta-me o amor, o companheirismo presente no poema “Casamento”, a idéia de sermos e termos companheiros para todas as horas. Mas o poema seguinte, Briga de Boteco, é a expressào do conservadorismo, do amor que toma ares de patrulha, tomando o  outro por  objeto, propriedade. E isso acontece também à esquerda, quando confere às relações, aos sentimentos valores de troca. E  cá fico  pensando se  é possível ser realmente revolucionário sem amor fati…

    1. Boa reflexão, Cris

      Boa reflexão, Cris Kelvin.

      Não julgo poetas, principalmente os meus, brasileiros. Gosto ou desgosto. Entretanto, muitos têm suas cobranças, suas exigências. Acho legítimo também. Somos seres fractais de nós todos mesmos.

      AMOR não se explica, define, ou compreende. Cada vez aprendo que SENTE-SE e pronto. Mas já pensei diferente também, em outros tempos.Fico me perguntando, e isso vem de um tempinho pra cá, dormiria eu ao lado de um reacionário, um camarada de direita, equivocado minimamente?

      NO DISCURSO digo que não.

      NO CURSO, não sei como seria? É a mais pura verdade. Não sei se largaria tudo e o deixaria.  Se tentaria conviver com as diferenças possíveis. Não sei mesmo. NÃO TENHO ESSAS CERTEZAS TODAS NÃO.

      Desculpem, mas é assim que sou.

      UM JEITO

      Meu amor é assim, sem nenhum pudor.
      Quando aperta eu grito da janela
      – ouve quem estiver passando –
      ô fulano, vem depressa.
      Tem urgência, medo de encanto quebrado,
      é duro como osso duro.
      Ideal eu tenho de amar como quem diz coisas:
      quero é dormir com você, alisar seu cabelo,
      espremer de suas costas as montanhas pequenininhas
      de matéria branca. Por hora dou é grito e susto.
      Pouca gente gosta.

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=m66kw54CsI8%5D

      1. Não ia bem por aí, mas…

        …  já que vc tocou no assunto; acho difícil amar com certas diferenças; claro, amor não se explica, mas tem o amor ao belo (dirão, é relativo) cuja estética p pode passar por julgamentos éticos, pelo cérebro e o coração… mas  pode-se se amar como animais ou como uma piedosa mulher de atenas;  mas nos casos antitéticos, pode ser delírio amar a aparência, o que nào é…  prefiro o que é…. ma daí chega o padre, conclamando a amar o  feio, não a feiura…  muito bonito na teoria… 

        1. Interessante.

          Gosto de “ouvir” porque já falei muito, sendo professora.

          Realmente, con-viver com os muito diferentes, intimamente, é quase impossível.

          Politicamente, há os equivocados, que de coração BOM, mas de mente doutrinada, se deixam ir para o lado negro da força. A esses, com afeto e diálogo, DOU O MEU AMOR, ainda que bem diferentes.

          Aos malévolos, egoístas que só pensam em si, na acumulação de riquezas, de propriedades etc. etc. a estes manifesto meu desprezo. Ignoro-os. Mesmo que sejam um Tesão de pessoas.

          [video:https://www.youtube.com/watch?v=sRPYV6vLKdM%5D

          1. Pis é, tem gente que tá na lua…

            … mas entre eles há os sectários e os abertos ao diálogo…  Outro dia, falavamos do filme Ataiçoados. Quem diria que o personagem de Tom Berenger, com aquele amor e olhos iluminados comportar-se como um selvagem? Como somos feitos de chiro-oscuros, não dá apra se fiar na candeia dos olhos.  E eis nossa miserável condição humana; de perto, talvez ninguém seja normal…. para o bem ou para o mal, temos cada qual nossa porção… O personagem Barry L’yndon é bem  emblemático sobre essa coisa toda: vale uma resenha, um post

  6. A cicatriz

    Estão equivocados os teólogos 

    quando descrevem Deus em seus tratados.

    Esperai por mim que vou ser apontada 

    como aquela que fez o irreparável.

    Deus vai nascer de novo para me resgatar.

    Me mata, Jonathan, com sua faca, 

    me livra do cativeiro do tempo.

    Quero entender suas unhas,  

    o plano não se fixa, sua cara desaparece.

    Eu amo o tempo porque amo este inferno,

    este amor doloroso que precisa do corpo, 

    da proteção de Deus para dizer-se 

    nesta tarde infestada de pedestres.

    Ter um corpo é como fazer poemas, 

    pisar margens de abismos, 

             eu te amo.

    Seu relógio,

             incongruente como meus sapatos,

    uma cruz gozoza, ó Felix Culpa!

     

    Em Poesia reunida, p. 391. Siciliano, SP. 1991. 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=m66kw54CsI8%5D

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador