Maira Vasconcelos
Maíra Mateus de Vasconcelos - jornalista, de Belo Horizonte, mora há anos em Buenos Aires. Publica matérias e artigos sobre política argentina no Jornal GGN, cobriu algumas eleições presidenciais na América Latina. Também escreve crônicas para o GGN. Tem uma plaqueta e dois livros de poesia publicados, sendo o último “Algumas ideias para filmes de terror” (editora 7Letras, 2022).
[email protected]

Quando é ano velho, por Maíra Vasconcelos

Kandinsky

Quando é ano velho, por Maíra Vasconcelos

21 de dezembro, 2018

As horas de terror já nos visitaram e muitos não perceberam(?). Hoje temos as demonstrações
daqueles aprendizados. Uniformes que não pegaram forma de manequim de museu: voltam a andar por aqui. Isso é o mesmo que retroceder, forçar o tempo a ser o que já não seria mais. Temos também a cadeira que se balança superior a tudo, o hino nacional e o verde e amarelo bem fechados e exatos como se amassem, mas não amam.
Os portadores de cabeças fedorentas e burrinhas:
essa triste cena contra os sonhos. Eles são como as sobras daquele terror, o resto
do restolho. Virou gente. Tentam desenhar um país diferente-e-parecido com alguns, que podem ser muitos, mas não são. Prefiro não calcular esse amontoado:
os cães da oposição pisam o fígado agudamente.
Ah.
A contemplação e a reflexão parecem estar um pouco mortas, não se sabe
onde vivem, nem em quem. Alguns de nós nos reconhecemos porque olhamos montanhas e florestas, ou apenas porque praticamos e pensamos como amar,
ao invés de professar.  
Sim. O hino nacional está muito alto, acho que nenhuma música deve ser imposta.
São os tempos da imposição de uma vida limitada em parâmetros do calar-se a si mesmo. Está muito estranho isso aqui. Também as cores podem ser muitas, diversas, não apenas três ou quatro.. afinal, por que estamos a falar de cores?  S.O.S.
Alguém mais percebe o ar rarefeito? respire respire, os médicos não chegarão. Então, roubar para resistir. Você vê algum problema nisso? Qual o tamanho desse problema? 
Agora, o hino não irá parar de tocar, roubando o seu silêncio e a sua fala, juntos.
O hino está subido demais de tom. Você não está incomodado? Ah. As coisas estarão viradas assim até 2027? Estive a fazer alguns cálculos. Prefiro ainda não calcular.

Vou tecer espaços de silêncio no meu peito formato borboleta: aqui somente o som que eu quero. E você vai fazer-construir
o que? Longe do terror de uma música  que não para de soar, além das cores que cegam. Pois toda repetição é como a morte disfarçada em falso movimentar-se.
Aumentarão a música pátria cada vez mais, e isso tem o nome de distorção
é o que altera e então sai daquilo que é, realmente, só irá parecer, mas já não é mais. E ainda não chegou a pior hora. Disso tudo que abafa a fala, disso tudo que também nos cala. Ainda mais. Você vai fazer o que?

Maira Vasconcelos

Maíra Mateus de Vasconcelos - jornalista, de Belo Horizonte, mora há anos em Buenos Aires. Publica matérias e artigos sobre política argentina no Jornal GGN, cobriu algumas eleições presidenciais na América Latina. Também escreve crônicas para o GGN. Tem uma plaqueta e dois livros de poesia publicados, sendo o último “Algumas ideias para filmes de terror” (editora 7Letras, 2022).

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Fazer o que ?

    Se já nos roubaram nosso hino , nossa bandeira !!!

    Nosso verde e amarelo !!!

    Brevemente nossas matas , nosso “ouro negro”, nossos minerais !

    Nossos aviões , nossas fábricas e construtoras e toda a nossa “Civilização” .

    Nosso ídolo maior paralizado.

    O que sobrará para nós ? Terra arrazada !!!!!!!!!!

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador