Reacionários, porém geniais (Parte I), por Edgard

Questões de ordem ideológica sempre assombraram a arte. Toda geração, de um jeito ou de outro, acaba se envolvendo em polêmicas sobre definições políticas e a necessidade ou não de se engajar em querelas partidárias. Se por um lado há exemplos em abundância de artistas identificados à esquerda, por outro não faltam aqueles de pensamento conservador — muitos deles francamente reacionários — filiados a uma linhagem de autores espirituosos e politicamente incorretos, caso de um H. L. Mencken e de um Nelson Rodrigues. Outros escritores foram ainda mais longe no espectro direitista, ora revelando-se fascistas antissemitas (como Céline e Pound), ora despudorados racistas, como no caso de Monteiro Lobato.

Nem por isso, é preciso que se diga, as obras desses autores deixaram de ser geniais, na medida em que pairam acima de suas preferências ideológicas, sem se deixar contaminar de todo pela política. Para o jornalista Paulo Francis, outro desses conservadores de língua afiada, a tendência do intelectual é ser de direita, “um elitista” por definição. Há quem discorde. Mas talvez seja esse o caso de muitos dos escritores listados a seguir, cujos flertes — alguém dirá “relacionamento sério” — com regimes totalitários não se prestam a uma desqualificação de suas obras nem tampouco a patrulhas ideológicas. Afinal, as opiniões políticas desses artistas, cujo legado sobrevive descolado de suas posturas, dizem menos sobre a literatura em si do que sobre a imperfeição do homem em busca da Beleza.

Confira a lista de escritores…

Redação

22 Comentários

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  1. MOnteiro Lobato racista? È

    MOnteiro Lobato racista? È preciso muita ideologia na cabeça para ter essa visão caolha. Lobato escreveu dentro do contexto de sua época, usando os mesmos referenciais dos bons escritores, escreveu dentro das balizas do mundo tal qual era, é racista porque criou o personagem tia  Anastacia, narrada com cores bondosas e perfeitamente dentro do contexto daquele mundo ?Os que aassim acham são os mesmos que veem hoje a empregada domestica como escrava.

    Mencjen,  um jornalista mordaz, era critico de politicos, de jornalistas, de escritores, não é visto como direitista e sim como

    um cronista demolidor de mitos que legou visões nada abonadoras sobre ícones da sociedade americana. Nada tem a ver com ideologia, mesmo porque esse conceito nos Estados Unidos é muito mais apagado do que na Europa, não é um referencial tão destacado na analise do pensamento e da literatura.

    Quem quer classificar o mundo ideologicamente é a esquerda porque a ideologia é sua unica sustentação intelectual.

    1. AA, sou totalmente contra

      AA, sou totalmente contra patrulha ideológica em cima de artistas, ainda mais, os geniais. Nada do ponto de vista ideológico pode tirar o brilhantismo da obra do Lobato. Mas ele cabe nessa lista sim, que nada tem de “mcartista ao contrário”. Não é uma perseguição. É uma defesa de que se leia a obra pela obra e descarta-se as opiniões políticas dos autores, muitas vezes cheias de idiosincrasia.

      Dito isso, não há como negar que Lobato era reacionário e racista sim. O que ele deixa escapar em seus livros aqui e ali. Mas 99% de sua literatura é genial, no que enriquece a alma, sendo assim um antídoto ao facismo e ao racismo. Só os pobres de espírito lêem Sítiio do Pica-Pau Amarelo e viram reaças racistas. O escritor era um poço de contradições, como todos nós, qual a novidade?

      1. Lobato foi 1 dos primeiros intelectuais a pensar outra causa

        para o subdesenvolvimento do país que nao fosse a natureza racial do povo, e sim a falta de ferro e petróleo. Mesmo no que se refere a características dadas como negativas ao povo, nao era a raça que ele imputava, e sim o atraso e a ignorância decorrentes da influência da Igreja. Se foi racista em cartas particulares, isso nao interessa. Na obra infantil, em particular, há laivos racistas sim, mas tb muita reflexao ANTI-racista.

        Há um trecho dele sobre isso que adoro em particular, nao me lembro mais se em Hans Staden ou em Peter Pan. Dona Benta narra qualquer coisa para os netos, e Pedrinho pergunta qual era a raça superior. É a ariana, responde ela. Mas logo depois acrescenta: bem, isso é o que dizem os historiadores, que sao todos arianos. E continua contando uma fábula em que um leao passa por uma aldeia e vê uma estátua em que caçadores matavam um leao. Muito diferente seria essa estátua, pensou o leao, se os leoes fossem escultores…

    2. Epístolas de Monteiro Lobato à Tito e aos Romanos

      mais umas pitadas contextuais temporais do nosso velho de guerra pregador Monteiro Lobato:

      1905 (na carta a Tito Lívio Brasil)

      “…. A mesma lei que faz a criança filha do negro sair, em quaisquer condições do meio e da cultura em que seja colocada, com a pele preta do pai, faz também uma raça conservar sempre os característicos morais dos seus antepassados. No caso individual só um sangue mais elevado, um sangue de raça mais superior, poderá transfundir nos entes novos o germe da progressividade; no caso segundo, só a emigração e a consequente fusão de sangue superior trará uma aptidão congênita para o progresso. É o nosso caso. As melhores leis, os homens mais sábios, a ciência inteira a nosso serviço, não aumentaria de um grão a nossa progressividade. A educação (porque isso seria educação) não operaria na essência do homem, e sim na superfície.

      É necessário para que o Brasil ganhe algum dia o estado que almeja da civilização, que a grande qualidade que falta ao mesmo se torne congenital pela inoculação dos vírus modificadores. Faltava-nos aptidão para o trabalho, espírito de iniciativa e ambição. Como poderão ser inoculadas essas qualidades na massa do nosso sangue? Pela educação, propaganda, exemplo, necessidade? Não. Tudo isso junto seria improfícuo.

      É pelo italiano e pelo alemão que esse vírus, essa vacina será lançada em nossas veias, e portanto o maior patriota no momento atual é aquele que se casa com uma italiana ou uma alemã e vai trabalhar como um mouro nos campos a fazer bons filhos, sacudidos e espertos.”

      1916  (na carta a Heitor de Morais)

      “… Farto ando da roça e de me aborrecer diariamente com a maior peste que Deus ou o Diabo botou no mundo para eterno castigo dessa besta de carga que é um fazendeiro norte-paulista: o caboclo. Oh! Quadrúmanos! Oh! quadrúpedes (ainda não me firmei em que espécie eles residem) vagabundos! Que horror tem eles ao trabalho! Suspiro pelo domínio alemão no mundo, porque só o alemão, conquistando este país, teria o topete bastante para revogar a Lei 13 de Maio, pichar a caboclada e pô-la a substituir o negro no eito, sob vistas de truculentos feitores armados de uma máquina de surrar aperfeiçoadíssima, movida a eletricidade. Por mal dos meus pecados o Júlio de Mesquista derranca tanto a Alemanha na resenha semanal, que não sei se ela resistirá este 42 vocal. E o Rui por cima a mobilizar o seu exército inumerável de verbalismo…” 

      1929  (na carta a Alarico da Silveira Júnior)

      “Aqui (nos states) há muitas cousas engraçadas, mas a mais engraçada de tôdas é ver negro falando inglês. Eu cada vez que vejo isso na rua paro e abro a bôca. E o mais engraçado é que êles não entendem uma palavra da nossa língua. Vale a pena dar um passeio até aqui só para ver êsse “felômeno” como dizia a nossa criada.”

      1935 (na carta a Henrique Rupp Junior)

      “… Estamos escravizados à Standard e assim ficaremos. Nascemos escravos. Nossa alma é de escravo. No nosso corpo corre o sangue dos 400 degredados portugueses que vieram colonizar isto com Tomé de Sousa, misturado com a negrada de Angola e os sórdidos índios tapuias. Esperar qualquer coisa de semelhante salada é ser desassisado.

      Não tenho o prazer de conhecer a V. Exa., mas pelo sobrenome Rupp vejo que tem sangue alto. Por isso mesmo tem a mentalidade diferente da comum no mulatóide e impressionou-se com as verdades do livro de Essad Bey. Mas que podem os homens de mentalidade igual à de V. Exa. fazer neste mare magnum de bodes filhos de Portugal e África?

      Deixemos o Brasil apodrecer em paz. Nasceu bichado. Está seguindo o seu destino biológico.

      Sem mais, e agradecidíssimo pela sua generosa manifestação, subscrevo-me,

      Admirador e humilde criado

      Monteiro Lobato

      P.S.:

      Se quiser trocar ideias com um homem de visão igual à sua e já regularmente informado sobre a questão do petróleo, procure o Dr. Artur Neiva. Da aproximação de ambos há de resultar algo bom.”

      Do livro Cartas Escolhidas – 1º tomo, de Monteiro Lobato, Editora Brasiliense, 1959.

      (comprado recentemente num sebo da cidade por R$. 2,00).

    3. O que?

      Nada à ver!

      Não seja injusto André, todo santo dia aparecem aqui os “direitistas extremistas” usando de “teses coletivistas” e “cartilhas classificatórias” ao se referir às pessoas da esquerda. Sempre se expressam(?) com a técnica furada de nos desinvidualizar… Vejo exatamente o oposto e temos todo o arquivo do blog para comprovar o que digo…

      Aliás, nem sei o por que desse seu disparo bôbo, pois justamente você é um dos poucos direitistas daqui que costuma pensar com a própria cabeça…

      Quanto a Lobato, realmente ele foi um produto de sua época, um grande escritor, aparentemente um homem bondoso, que flertou com teses higienistas como era comum em certa parte da classe intelectual da época. Como? Ora à época o higienismo parecia (ou tentava parecer) científico, e ele não implicava em análises de caráter… Dê a cada um a parte que lhe cabe…

      Um abraço.

  2. Monteiro Lobato nunca foi um racista

    Chamar Moneiro Lobato de racista é um absurdo. Qual escritor da época teve o personagem o princial de um livro um mulher negra (“Histórias de Tia Anastácia” de 1937). O conto “Negrinha”, de 1920, é uma das maiores críticas que eu conheço ao racismo velado da nossa sociedade. Neste conto, Monteiro Lobato denuncia a desigualdade entre brancos e negros de uma forma sutil porem emocionalmente arrebatadora.

    Daqui a pouco, irão afirma que Mário de Andrade foi racista contra os índios ao escrever Macunaíma.

    PS: Sobre o tema, sugiro a leitura do excelente artigo “Monteiro Lobato e a questão do racismo” (https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/monteiro-lobato-e-a-questao-do-racismo)

     

    1. Sinto muito, mas Lobato foi

      Sinto muito, mas Lobato foi racista, sim. Confira os textos postados abaixo pelo Pompeu. Como muitos intelectuais de sua época, assumiu posições eugenistas e racistas, quando jovem. Mais velho, arrependeu-se delas, embora ainda houvesse marcas disso em sua obra.

      1. Concordo, Jair…
        Lobato

        Concordo, Jair…

        Lobato tornou-se racista, não pelo conteúdo de suas obras – pois, talvez estes, até estivessem de acordo com seu tempo – mas, por outras questões, como por exemplo, suas afinidades com a eugenia, sua estranha simpatia com “Ku klux klan” e etc.

        Outro fato curioso, é que Lobato, através de correspondências enviadas à intelectuais da época, referia-se à população nordestina como “feio material humano”, e adjetivos do gênero.

        Infelizmente, Lobato foi racista sim, contudo, há que se exaltar as qualidades do grande escritor que foi, e, também, alguns aspectos positivos, tais como, suas críticas “àquela época”, ao chamado “jeitinho brasileiro” de se resolver as coisas, e, ao mau hábito, tipicamente brasileiro, de se deixar tudo para a última hora.

        1. Concordo.

          Concordo. Não disse que isso o torna um mau escritor, pelo contrário. Aliás, desses aí acima Pound e Céline são geniais, alguns de meus escritores favoritos. E foram fascistas. 

  3. Fernando Pessoa tinha pés de barro.

    Um Fernando Pessoa mais sombrio
    Por Silio Boccanera

    do site Triplov

     

    Londres – A obra de arte transcende o autor, claro, e o apoio de Jorge Luiz Borges à ditadura militar argentina, por exemplo, não diminui a qualidade de sua literatura. Nem a obra de Ezra Pound é menor por causa de suas simpatias políticas pelo nazismo. Tampouco a arquitetura de Oscar Niemeyer merece crítica só porque ele defende o stalinismo. Não dá, entretanto, para esconder uma certa decepção quando se descobre que o ídolo tem pés de barro. Nunca é agradável descobrir um aspecto sombrio sobre alguém que admiramos, mesmo que só no plano intelectual.

    Daí meu susto agora diante do poeta português Fernando Pessoa, que aparece em todos os seus tons, alguns bem cinzas, na longa e bem pesquisada biografia recém-lançada no Brasil pela Editora Record, com o título do personagem e subtítulo “uma quase autobiografia”. O livro é do advogado e intelectual pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho, que dedicou muitos anos a desvendar vida e obra daquele que muitos (inclusive o biógrafo) consideram um dos maiores – senão o maior – poeta da língua.

    Talvez por ignorância – hipótese mais provável, no meu caso – eu nunca tivesse esbarrado em informações suficientes sobre a vida extra-literária de Pessoa, a ponto de já saber de seu lado preconceituoso no que se refere a classe, raça e gênero. Daí o choque da novidade ao descobri-lo neste baixo nível no livro de Cavalcanti. Pode-se atribuir talvez a um “reflexo do período” o que Pessoa escreveu, por exemplo, sobre a mulher: “na nossa época, (ela) supõe-se com direito a ter uma personalidade; o que pode parecer justo e lógico, e outras coisas parecidas; mas que infelizmente foi de outro modo disposto pela natureza”. Diz ainda que “em relação ao homem, o espírito feminino é mutilado e inferior”. E que “o verdadeiro pecado original, ingênito nos homens, é nascer de mulher”.

    Menos justificável como subproduto da época (início do século XX) é sua opinião sobre os trabalhadores, quando diz que a sociedade deve ser dominada por uma elite de “super-homens”, enquanto operários devem ser “reduzidos a uma condição de escravatura ainda mais intensa e rígida do que aquilo a que chamamos a escravatura capitalista”.

    Pior – e mais decepcionante – é ler o que Pessoa escreveu sobre raça. Já tinha 28 anos, não era um adolescente imaturo, conforme relato no livro de Cavalcanti: “A escravatura é lógica e legítima; um zulu (negro da África do Sul, que falava a língua banto) ou um landim (indígena de Moçambique, que falava português) não representa coisa alguma de útil neste mundo. Civilizá-lo, quer religiosamente, quer de outra forma qualquer, é querer-lhe dar aquilo que ele não pode ter. O legítimo é obrigá-lo, visto que não é gente, a servir aos fins da civilização. Escravizá-lo é que é lógico. O degenerado conceito igualitário, com que o cristianismo envenenou os nossos conceitos sociais, prejudicou, porém, esta lógica atitude”.

    Pessoa continua, em texto de 1917: “A escravidão é lei da vida, e não há outra lei, porque esta tem que cumprir-se, sem revolta possível. Uns nascem escravos, e a outros a escravidão é dada. O amor covarde que todos temos à liberdade é o verdadeiro sinal do peso de nossa escravidão”.

    Quase dez anos depois, ele se mantinha firme nessas convicções racistas: “Ninguém ainda provou que a abolição da escravatura fosse um bem social”. E ainda: “Quem nos diz que a escravatura não seja uma lei natural da vida das sociedades sãs”?

    BASE HISTÓRICA

    Pessoa escrevia essas barbaridades menos de trinta anos após a abolição da escravatura no Brasil e mostra-se um sucessor legítimo de longa tradição portuguesa no apoio à servitude de povos que a elite lusitana considerava inferiores, dos negros africanos aos índios brasileiros. Como escreveu o historiador brasileiro Jorge Caldeira: “Desde a chegada dos primeiros colonos (portugueses), o Brasil foi uma sociedade escravista. Só havia uma maneira de os europeus sobreviverem nas novas terras: possuir um escravo que, caçando e pescando, lhes garantisse o sustento. Quando o foco da atividade econômica passou da extração para o cultivo, ampliou-se ainda mais a necessidade de escravos”.

    As primeiras vítimas foram os índios, então chamados de “negros da terra”. Mem de Sá, terceiro govenador-geral do Brasil, determinou em 1562, “que fossem escravizados todos, sem exceção”. E assim se fez com 75 mil caetés e, depois, os tupiniquins. Quando o número de indígenas se mostrou insuficiente, os portugueses começaram a importar escravos da África.

    Outro historiador brasileiro, Eduardo Bueno, conta que os padres jesuítas se opunham à escravidão dos índios – sobretudo os já cristianizados – mas aceitavam a dos africanos. E os próprios padres tinham escravos negros. “Os jesuítas se empenharam em submeter os indígenas aos rigores do trabalho metódico, aos horários rígidos e à monogamia. Combateram a antropofagia, a poligamia e o nomadismo – e assim acabaram sendo responsáveis pela desestruturação cultural que empurrou para a extinção inúmeras tribos” – escreve Bueno.

    O abolicionista Joaquim Nabuco se indignou que grande número de padres tivesse escravos no Brasil. “Nenhum padre nunca tentou impedir um leilão de escravos, nem condenou o regime religioso das senzalas”. Ninguém menos do que o reverenciado padre José de Anchieta observou: “Para esse gênero de gente (os índios), não há melhor pregação do que espada e vara de ferro”.

    Bueno relata que “houve casos de escravos lançados vivos nas caldeiras ou passados nas moendas, além daqueles que, besuntados de mel, foram atirados em grandes formigueiros”. Dos castigos, segundo o historiador, “conhecemos a palmatória, as chicotadas no pelourinho (às vezes, até matar), tronco (prende os pés), colar de ferro. Mas podiam ser punidos com a castração, a quebra dos dentes a martelo, a amputação dos seios, o vazamento dos olhos, a queimadura com lacre ardente”.

    Da África vieram mais de três milhões de escravos para o Brasil, e a resistência a acabar com a escravatura fez com que ela durasse oficialmente até 1888. Continuou a existir, porém, no plano informal, pois como explica Bueno: “Os libertos foram jogados na miséria, sem terras para cultivar, escolas, hospitais. Alguns ficaram nas fazendas, com salários baixíssimos. Milhares foram para as grandes cidades, em busca de algo melhor; daí a origem das favelas”.

    A lei proibiu a escravidão ao final do século XIX, mas não conseguiu (nem pretendia) suprimir o preconceito, que existe até hoje na sociedade brasileira. Menos em relação aos índios, porque estão longe da vista, não interferem no dia a dia e não ameaçam o conforto das elites, a não ser quando exigem direitos sobre suas terras.

    Já os negros, de presença ostensiva nas cidades, mesmo que confinados a favelas, geram um racismo que não se expressa mais com a clareza abominável de Fernando Pessoa, no texto citado acima. São tratados como cidadãos inferiores, sob justificativas nunca explicitadas como preconceito racial – o que de fato é – e sim como suposto resultado de pobreza e baixo nível educacional dos negros, mulatos, pardos ou seja lá qual eufemismo escolhido para definir não-brancos.

    Pelo menos Fernando Pessoa evitou essa máscara de hipocrisia.

    Silio Boccanera

     

    1. É uma pena

      Pois é Gilberto, já estava ao par da informação contida no texto. Quando soube do pensamento privado de FP, senti vontade de nunca mais lê-lo, abominá-lo… Que tipo de FDP fala assim de outras raças e classes? Mas como eu poderia esquecer o que senti ao ler “Poema em Linha Reta” ou “Horizonte”? 

      Às vezes a vida é muito complexa…

      Um abraço.

  4. bobão esse edgard nunca vi

    bobão esse edgard nunca vi mais gordo de fazer um esforço hercúleo de crítica rasteira simplória reacionária espetaculosa para rotular reacionários, porém geniais…. literatura e pensamento político é muito mais que ativismo bobão simplório viciado de militante cultural náufrago sem boia sem bandeira pra dizer que é sua…

    seu nassif é uma mãe que acolhe a todos os filhos áulicos do esquerdismo patético.

  5. Tudo deve ser lido com 

    Tudo deve ser lido com  cautela e criticado com os olhos aguçados do leitor, senão vira endeusamento e idolatri, de algumas pessoas que em sua vida privada não passavam de idiotas. Por exemplo, consta que o cramunhão do Hitler era um pintor de mão cheia. Só enxergo homens até a  altura de meus ombros, acima, não vejo  um sequer.

  6. A obra é muito mais

    A obra é muito mais importante que o autor. A obra é eterna (ou quase isso) o autor é mortal. Um texto bem escrito, instigante, que  me dê prazer em lê-lo e me faça entrar em reflexoões praaté então inexpolradas é mais importante do que saber se o autor é conservador, racista ou algo que o valha. Claro, sempre haverá o contexto histórico, isso não dá simplesmente pra ignorar, mas esse contexto também é menos importante que a obra em sí. Só senti falta nas fotos acima de Martin Heidegger.

  7. Contradições e tolerância

    Acho que tolero, mas não aceito. Tento separar, mas ao ler estes textos, fica mais difícil. Acho que tem que ser um exercício contínuo, assim como tentamos tolerar muitas pessoas que nos rodeiam com pensamento tão diverso.

    Mas é sempre necessário apontar o lado B deste ícones, porque influenciam com suas idéias.

    Cansativo, mas necessário

  8. O bom direitista é aquele que

    O bom direitista é aquele que não coloca em risco o projeto de poder da esquerda.

    Caso contrário toda carga de ódio contra ele.

    Ela é de direita mas não é fascista, tem o mesmo efeito que ela é negra mas é bonita.

     

    1. Comparação estapafúdia. E

      Comparação estapafúdia. E além do mais alguns desses aí, excelentes escritores, foram fascistas mesmo, como o americano Pound e o francês Céline. Escaparam da pena de morte por pouco, pela mobilização de outros artistas e intelectuais que intercederam por eles.

    2. Você leu a lista?

      Pound era ‘figadalmente’ facista, a ponto de cometer um ato de traição (as declarações radiofônicas) em plena guerra, e foi o apoio de muitos ‘esquerdistas’ e ‘centristas’ e também ‘direitistas’ que livraram o pescoço dele.

      Monteiro Lobato era eugenista, se o foi até o fim da vida ou não eu não sei, mas pelo menos quando escreveu boa parte dos seus livros infantis (os quais eu adoro) ele ainda era.

      E o Fernando Pessoa(s) é muito maior que o sujeito que nelas residiam.

  9. Tem…

    …muito bom escritor estúpido. Escrever bem não está necessariamente vinculado à inteligência prática-política. Reinaldo Azevedo, por exemplo, escreve bem. Mas já notaram a estupidez?

    1. Reinaldão representa (como um ator). E não é estúpido

      Uma das melhores críticas de cinema li de Reinaldo Azevedo (o título era mais ou menos assim: “o cinema brasileiro em busca de uma alma”). E, numa revista de curta duração, havia alguns bons artigos, nada a ver com o papel e o vocabulário odioso com que hoje ele atua (se não me engano, a revista era dirigida por ele, Primeira Leitura). Levam Reinaldão muito a sério, ele deve morrer de rir, secretamente: arrebata ($$) um público reacionário, garante um emprego, ao mesmo tempo em que deve se deleitar com a repulsa e indignação (odiosa?) que provoca os demais. PS – Não leio Reinaldão. Quem o realimenta é quem o acompanha, nem que seja de vez em quando. Acho graça nos dois lados, e só fico sabendo por tabela.

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