Enviado por Gilberto Cruvinel
Tanto de meu estado me acho incerto,
que em vivo ardor tremendo estou de frio;
sem causa, juntamente choro e rio,
o mundo todo abarco e nada aperto.
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É tudo quanto sinto, um desconcerto;
da alma um fogo me sai, da vista um rio;
agora espero, agora desconfio,
agora desvario, agora acerto.
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Estando em terra, chego ao Céu voando,
num’hora acho mil anos, e é de jeito
que em mil anos não posso achar um’ hora.
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Se me pergunta alguém porque assim ando,
respondo que não sei; porém suspeito
que só porque vos vi, minha Senhora.
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Luís de Camões CAMÕES, L. Sonetos de Camões. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998.
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Lindo!
Lindo!
Crise !
Para aguentá – la, só com muita poesia !
Para mim, o segundo maior poeta da língua portuguesa
Só superado por Pessoa, porque Pessoa é insuperável.
Tanto de meu estado me acho incerto, por Luiz Vaz de Camões
O Princípio da Incerteza de Heisenberg parece que se embebebeu do soneto de nosso vate mor!