Petrobrás gasta R$ 3 bilhões ao ano com ativo que privatizou

Em cerca de 10 anos, a petroleira deve gastar todo o ‘lucro’ com a venda da empresa em pagamento de aluguel de gasoduto

Jornal GGN – A Petrobras sente no montante de seus cofres a privatização da Transportadora Associada de Gás S.A. (TAG), pagando cerca de R$ 3 bilhões ao ano para utilizar os gasodutos da empresa, que antes fazia parte do seu patrimônio e foi vendida por cerca de R$ 36 bilhões.

Em cerca de 10 anos, a petroleira deve gastar todo o ‘lucro’ com a venda do ativo em pagamento de aluguel do gasoduto. E vai continuar gastando, já que a sua distribuição passa pela TAG.

A estatal poderá chegar a gastar o que conseguiu vendendo a empresa em menos tempo ainda porque, além da produção aumentar ano a ano e a estatal precisar escoar o gás e o petróleo, tem os reajustes no preço do aluguel, destacou reportagem da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

“A Petrobras produz mais de 90% do petróleo do país e é responsável por 100% do refino, ela mais produz do que exporta, e o transporte do gás é feito pela TAG e a NTS [Nova Transportadora do Sudeste], ambas vendidas. A Petrobras sabia, antes de vender as transportadoras, iria aumentar a produção e as usaria ainda mais, e mesmo assim vendeu”, Explicou o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) /Subseção da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Cloviomar Cararine.

Já o ex-presidente da Petrobras e atual pesquisador do Instituto de Estudo Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), José Sérgio Gabrielli, analisou a venda da TAG como uma decisão de mudança de estratégia, sem lógica econômica, uma vez que ela atendeu ao mercado e culminou na aprovação da nova lei do gás.

“Eu discordo desta movimentação, que vem a partir de 2016 [pós-golpe], de mudar profundamente a regulação do gás natural no Brasil. Esta é a intenção. Por isso, a Petrobras foi proibida de ser distribuidora, de dominar o mercado, porque empresários acham que é preciso ter concorrência” disse.

“A venda da TAG foi o ativo que mais interessou ao mercado. Quem comprou tem uma renda fixa, que só no último trimestre de 2020, com contratos de aluguel de longo prazo, rendeu bilhões”, explicou.

Redação

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador