A integração entre cientistas e governantes

Gerenciamento de riscos e catástrofes deve integrar cientistas e governantes

Do Extra

Nos últimos 20 anos o impacto dos desastres naturais foi devastador. Em todo o planeta, 4,4 bilhões de pessoas foram afetadas, sendo que 1,3 milhões morreram, e US$ 2 trilhões foram gastos. A China teve 2.5 bilhões de pessoas afetadas, os Estados Unidos gastaram US$ 560 bilhões e no Haiti morreram 230.675 pessoas. Esses números, divulgados ontem pela Margaretha Wahlstrom, representante especial da Secretaria de Redução de Risco e desastres da Nações Unidas durante a Rio+20, foram usados na manhã desta quinta-feira pelos cientistas reunidos “Forum on sicence, technology and innovation for susteinabls develompment”, evento paralelo à conferência, para mostrar como é preciso que cientistas, governos e sociedade em geral entendam que é urgente incluir o debate sobre gerenciamento de riscos de catástrofes na pauta do desenvolvimento sustentável.

Ana Maria Cruz, especialistas em desastres da Universidade de Kyoto, no Japão que dividiu a mesa com pesquisadores do Canadá, Reino Unido, Senegal, Suíça, entre outro países, são precisos pelo menos dez anos até que uma nação se recupere de uma catástrofe ambiental. No contexto das mudanças climáticas, que tornarão mais frequentes enchentes, chuvas, secas, é fundamental, para ela, que os governos sejam mais honestos com a população e passem as informações disponíveis:

— Os governos dão uma falsa sensação de segurança à população. Há proteção contra desastres naturais, mas os eventos dos últimos dez anos deixou claro que é preciso haver mais. Os cientistas têm informações e a população precisa saber dos riscos que corre. Repassar essas informações é uma responsabilidade dos governos — disse a pesquisadora.

Para o diretor do Instituto para Redução de Catástrofe do Canadá, Gordon McBean, será preciso uma colaboração internacional para prevenir e superar os efeitos gerados pelos desastres naturais. Ele defendeu que além de desenvolvimento de pesquisas em conjunto, os países que possuem ‘know-how’ e dinheiro precisam ajudar aqueles que são menos favorecidos.

Os especialistas reunidos no fórum, realizado na PUC-Rio, reconheceram ainda que a falta de comunicação entre aqueles que detêm as pesquisas e os que possuem o poder de aplicá-las é o maior desafio a ser enfrentado.

— Não se deve colocar toda a responsabilidade na mãos dos políticos. Sabemos muito, mas também precisamos criar formas de transferir esse conhecimento para a prática e deixar a sociedade informada — disse Walter Ammann, presidente do Fórum de Risco Global, em Davos, Suíça.

Kuniyoshi Takeuchi, Diretor do Centro para Desastres Aquáticos e Gerenciamento de Risco do Japão, contou que em seu país, para proteger a população de riscos naturais, o governo informa as empresas sobre áreas de riscos antes de criarem projetos de novas edificações.

Allan Lavell, membro do Comitê Científico do Reino Unido, afirmou que não se trata apenas de falta de investimento ou dinheiro. Segundo ele, é preciso atitude daqueles que estão à frente do poder e das pesquisas.

Luis Nassif

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