Barragens em Mariana ainda podem se romper, admite Samarco

Jornal GGN – Em entrevista coletiva realizada ontem (17), um representante da mineradora Samarco admitiu que ainda há riscos de rompimento em duas barragens de rejeitos da empresa na cidade de Mariana (MG).

Uma das barragens em risco é a de Santarém, que represa parte dos rejeitos da barragem do Fundão, uma das que romperam, causando a onda de lama que destruiu o distrito de Bento Rodrigues. Outra barragem que corre riscos é de Germano. “Hoje os fatores de segurança para a barragem de Selinha [dique da barragem de Germano] que é menor dos barramentos de Germano, é o 1,22. É o menor fator de segurança que a gente tem”, disse Kleber Terra, Diretor de Operaçãoes e Infraestrutura da empresa. Segundo ele, as normas que ditam as medidas de segurança exigem um fator acima de 1,5.

Enviado por Vânia

Do Uol

Samarco admite que barragens ainda podem se romper em Mariana (MG)

A barragem de Santarém, que represa parte dos rejeitos da barragem do Fundão, que rompeu e causa a onda de lama que matou várias pessoas e segue pelo rio Doce,  pode também romper já que foi danificada após o desastre de Mariana (MG). A barragem de Germano, mais distante de ambos, também corre riscos.
 
Durante entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (17), na sede da Samarco, em Mariana (MG), representante da empresa admitiu que não está descartado um rompimento.
 
“Hoje os fatores de segurança para a barragem de Selinha [dique da barragem de Germano] que é menor dos barramentos de Germano, é o 1,22. É o menor fator de segurança que a gente tem”, disse Kleber Terra, Diretor de Operações e Infraestrutura, para completar que Santarém está com fator de segurança em 1,37. Conforme ele, as normas que regem as medidas de segurança em barragens exigem um fator acima de 1,5.
 
Segundo outro representante da empresa, a barragem de Santarém pode se romper caso haja um “fluxo descontrolado” de materiais.

 
“A maior preocupação mesmo, na barragem de Santarém, é a erosão. Então, um fluxo descontrolado passando novamente por cima da barragem, nós poderíamos aumentar, sim, essa erosão e poderíamos ter, sim, passagem desse material que está retido à montante para à jusante”, afirmou Germano Lopes, gerente-geral de projetos estruturais. “Esse fluxo descontrolado pode ser provocado por chuvas intensas, fazendo com que uma cheia se formasse dentro da bacia hidrológica das barragens”.
 
De acordo com os representantes da empresa, obras emergenciais estão sendo feitas nas duas barragens, As obras em Germano vão durar 45 dias e, as da Santarém, 90 dias.
 
Conforme Kléber Terra, no dia do rompimento, aproximadamente 35 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro vazaram de Fundão, que estava com 55 milhões de metros cúbicos. Segundo ele, 20 milhões permanecem no fundo de um vale dessa barragem.
 
“Na descida [do rejeito], esse volume erodiu uma parte da barragem de Santarém. Então, uma parte de Santarém foi levada por esse fluxo. Outra parte permaneceu lá. Hoje, dentro de Santarém, tem 5,5 milhões de metros cúbicos, e tem 20 milhões na de Fundão”, afirmou.
 
Ele declarou que uma empresa especializada foi contratada para analisar a condição do dique de Selinha.
 
“É difícil falar se vai romper ou não. A gente contratou essa empresa para simular essas condições. Mas como é uma ciência muito complexa, a gente não tem a resposta rápido”, salientou.
 
Os representantes da empresa disseram ainda que a Samarco não está poupando recursos para tentar minimizar, nesse primeiro momento, o caos advindo do rompimento da barragem de Fundão, que destruiu boa parte dos subdistritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana, além de ter formado uma onda de rejeitos que percorre o rio Doce e já provocou transtorno no fornecimento de água potável em cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo. 

 

Redação

7 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. tá ruim, mas pode piorar

    Governador decreta emergência

    17 de novembro de 2015

     POPULAÇÃO DE vários municípios, como Valadares, buscam apoio das autoridades para conseguir água mineral

    POPULAÇÃO DE vários municípios, como Valadares, buscam apoio das autoridades para conseguir água mineral

    O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), decretou nesta terça-feira (17) situação de emergência em toda a bacia do rio Doce, que só no Estado engloba 212 municípios. A princípio, apenas Mariana estava em situação de emergência.

    http://www.drd.com.br/news.asp?id=50089800036549010000

  2. E a vale, vai ser processada

    E a vale, vai ser processada por isso, seja aqui ou nos EUA ?

    Essa fato é culpa da empresa e é muito pior do que ocorreu com a Petrobras. aonde nos casos de corrupção a empresa foi vítima.

  3. O Doce não passa lá, mas a Adic da Bahia quer R$ 10 bi

    INDENIZAÇÕES PODEM SER DE R$ 10 BILHÕES

    Ministérios Públicos Federal e Estadual já garantiram r$ 1 bilhão com a assinatura de um Termo de Compromisso com a Samarco. Relator do novo código da mineração diz que seriam necessários entre r$ 10 bilhões e r$ 14 bilhões para recuperação do meio ambiente. Associação da Bahia entra com ação pedindo r$ 10 bilhões

    por ROSANE SANTIAGO | [email protected] | GOVERNADOR VALADARES –

    O valor que a empresa Samarco Mineração terá que pagar para reparar os danos ambientais provocados pelo rompimento da barragem em Mariana poderá ser bem mais do que R$ 1 bilhão, quantia que consta em um termo de compromisso assinado pelos Ministérios Públicos Federal e o Estadual com a Samarco na última segunda-feira. Esse valor, inclusive, já é uma garantia para o custeio de medidas preventivas emergenciais, mitigatórias, reparadoras ou compensatórias mínimas. Mas há quem questione e entenda que esse montante é muito muito pequeno diante da gravidade das consequências para a população. A Associação de Defesa de Interesses Coletivos (Adic) da Bahia quer indenização de R$ 10 bilhões. O deputado federal e relator do novo código da mineração, Leonardo Quintão (PMDB-MG), também acredita que seria necessário um montante entre R$ 10 bilhões e R$ 14 bilhões para recuperação do meio ambiente.

    O impacto bilionário é, segundo o parlamentar informou ao DIÁRIO DO RIO DOCE, muito além do que o Ministério Público e o Ibama estão prevendo. “Toda a Bacia do Rio Doce foi afetada. O impacto é bilionário, vai muito além do que o Ministério Público, Ibama e outros órgãos ambientais estão prevendo. Já visitei toda a calha do rio Doce, sou relator do novo código da mineração e sei do que estou falando. Nesta catástrofe foram 58 milhões de m³ de materiais inertes; são mais de 700 km de impacto. O que estamos calculando é por m³, e no mínimo seriam R$ 4 bilhões, mas está bem além disso. Há muitos danos além do que o que foi causado ao meio ambiente. Parece que os órgãos públicos estão subestimando esse impacto”, informou Quintão, ao ressaltar que defende que o valor já esteja disponível para uso no próximo ano. “As empresas têm que prever nos balanços do ano que vem o início do pagamento das indenizações humana, pública e ambiental.” 

    Ainda de acordo com o relator do novo código da mineração, o material tem que ser retirado, a bacia tem que ser recuperada e a empresa obrigada a arcar com todas as consequências causadas à população. “Depois da indenização para a reparação ao meio ambiente, a empresa terá que indenizar as famílias, reparar os danos econômicos causados a todos que pertencem às cidades atingidas; vai ter que reconstruir Bento Rodrigues, os pescadores e agricultores também precisam ser indenizados. A Samarco vai ter que iniciar a reconstrução da bacia hidrográfica, com a reinserção da fauna, flora e de tudo o que foi perdido. A empresa é totalmente responsável. Nós também vamos obrigar a empresa a ter seguro de danos humanos, ambientais e públicos e a apresentar um plano de recuperação das barragens”, disse Leonardo Quintão.

    O procurador da República, José Adércio Leite Sampaio, que participou da assinatura do termo de compromisso com a Samarco, esclareceu que o acordo servirá neste momento para garantir recursos mínimos para as ações emergenciais “Não se está estipulando o valor do dano, nem isentando a empresa de arcar com a plena e total indenização pelos prejuízos causados. Cuida-se de uma garantia imediata para fazer frente à emergência. O MPF e o MPMG já estão apurando a extensão do dano causado”, afirma José Adércio.

    Leia mais em: http://www.drd.com.br/news.asp?id=50089800079611310000#ixzz3rq4I9Qyg

  4. Fator de segurança…

    Nos projetos estruturais de engenharia, já está inserido na própria fórmula um coeficiente de segurança (conhecido como coeficiente de “cagaço”), que é de aproximadamente ~1,37 ou ~1,4. Ou seja, o cálculo já prevê 37 a 40% a mais de estrutura do que o necessário para suportar a maior carga.
    No final do cálculo, o profissional ainda acrescenta um pouco mais de estrutura para garantir (no caso de barragens, mais 50%)
    Uma barragem, se foi feita dentro dos cálculos da engenharia, se tiver um Fator de Segurança de 0,22, significaria que ela tem capacidade estrutural para suportar até 70% a mais do que o seu limite. 
    Ex.: se sua estrutura foi projetada para suportar o limite de uma força de 10.000 KN/m, provavelmente ela está executada com 10.000 x 1,4 x 0,22 = 17.080 (ou seja, ela suportaria 17.000KN/m, que seria o ponto de limite de rompimento.

    A não ser que esse “1,22” citado pelo engenheiro seja o do próprio “coeficiente de cagaço”, ignorando a própria regra da engenharia e sequer utilizando ainda um fator de segurança além daquele da fórmula. Aí sim, nesse caso, começaria a ser preocupante, pois estaria “somente” 22% acima do limite de um possível rompimento. 
     

    Além disso, fatores externos de pressões e tremores podem contribuir para um estado mais crítico.

  5. tamanho da merda

    Este anûncio mostra que a Samarco fez crime de caso pensado! Trabalhar com insegurança ambiental naquela cota foi procurar maximizar qualquer efeito devastador do planeta. Náo foi um erro que derrubasse um viaduto , nem um descuido que provocasse vazamento de óleo como no caso da Chevron no Rio. Isto foi crime e deve ser tratado como tal. Perdas de vidas da proporção de ataque terrorista. Estragos econômicos da mesma grandesa do ataque de 11 de setembro de 2001. Vale e Billington, comparssa na obtenção de resultados estão igualmente envolvidas neste crime

  6. Na eventualidade de rompimento de outra barragem

    Na eventualidade de rompimento de outra barragem, a resposta da mineradora já estará na ponta da língua: – que dano ambiental causamos? O Rio Doce já é um rio morto, não sabem? 

     

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador