Brasil gera, por ano, mais de 10 mil toneladas de resíduos de medicamentos

Jornal GGN – A população brasileira gera, a cada ano, mais de 10.300 toneladas de resíduos em medicamentos em uma país que não conta com um sistema adequado de descarte. Os dados são da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que lançaram, recentemente, um relatório elaborado em conjunto por especialistas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Intitulado “Logística Reversa de Medicamentos”, o documento traz, ao longo de 136 páginas, um panorama do setor em relação à geração de resíduos no país. Além disso, as entidades apontam experiências internacionais a respeito de política de coleta de medicamentos, avaliação do sistema de tratamento de resíduos e possibilidades de destinação correta no Brasil, bem como os benefícios de um descarte adequado.

O estudo mostra, ainda, as estimativas de crescimento da geração de resíduos até 2017, tomando como base dados referentes ao ano de 2010. “A publicação serve de base para avaliar a viabilidade da logística reversa de medicamentos pós-consumo no Brasil, dentro do contexto da Política Nacional de Resíduos Sólidos”, afirma a diretora da ABDI, Maria Luisa Campos Machado Leal, que fala ainda sobre a necessidade de se debater o assunto. “Isso estimula empresas a investirem em inovação, pois a destinação correta e a reciclagem fazem com que haja um novo conceito na concepção de novos produtos”, diz a diretora.

Contaminação

Segundo Célio Hiratuca, professor da Unicamp e responsável pela elaboração do estudo, grande parte dos medicamentos vai parar no lixo comum ou na rede de esgoto, uma vez que é comum haver o descarte no vaso sanitário. Ele explica que, na medida em que o uso de medicamentos aumenta, também cresce esse descarte inadequado, o que leva possivelmente a uma maior contaminação do lençol freático, de rios, além de outras consequências negativas.

“A viabilização de um sistema de coleta também auxiliaria na diminuição de risco de intoxicação por uso inadequado de medicamentos, que acaba sendo armazenado em casa por não haver um incentivo de um descarte adequado”, afirma o professor. O estudo propõe uma modelagem de logística reversa possível para medicamentos. “É um passo que deverá ser somado a outros esforços em relação a questão”, afirma Hiratuca.

O Ministério do Meio Ambiente chegou a lançar edital para a apresentação de propostas visando à implementação de um sistema de descarte de resíduos de medicamentos, que deverá contar com prazo e meta de recolhimento. Os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de medicamentos deverão apresentar propostas ao Ministério do Meio Ambiente em até 120 dias. Segundo o professor da Unicamp, o ideal seria retornar o medicamento para a farmácia que conduziria o produto para o descarte adequado.

Redação

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