Desistência de Bolsonaro sobre COP25 pode trazer prejuízos econômicos, diz Greenpeace

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – A cena viralizou nas redes sociais: um jornalista pergunta a Jair Bolsonaro sobre a retirada da candidatura do Brasil para sediar a COP25, uma conferência da ONU para discutir mudanças climáticas. Onyx Lorenzoni sopra no ouvir do presidente eleito que o novo governo não tinha nada a ver com a decisão, numa tentativa de desviar as críticas. Mas o capitão da reserva não dá atenção e responde que teve participação sua na desistência do Brasil, e a desculpa, além das dificuldades financeiras, seria a (inexistente) relação entre o “triplo A” e a COP25.

O que Bolsonaro não disse é que o recuo por motivos políticos pode prejudicar a imagem do Brasil no mundo e gerar impacto negativo sobre a agropecuária. É o que aponta Marcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace e membro da coordenação do Observatório do Clima, em entrevista ao El País, publicada nesta segunda (3).

“A retirada da candidatura afeta o nosso poder de negociação internacional. Em termos econômicos, boa parte dos clientes de produtos agropecuários do Brasil exige que a gente dê garantias de sustentabilidade do nosso produto. Ninguém quer comprar um quilo de carne que venha do desmatamento da Amazônia. Então nesse sentido, o Governo está dando um duplo mortal carpado: está voltando atrás sobre a candidatura para sediar a COP, ao mesmo tempo em que os índices de desmatamento estão aumentando. São dois dados que apontam retrocesso no âmbito das mudanças climáticas.”

Astrini disse que embora a política de Bolsonaro para o meio ambiente já seja conhecida, e avaliada como um desastre anunciado, a confirmação dela, por meio do recuo com a COP25 e as críticas ao Acordo de Paris, é uma “derrota”.

“Todo mundo sabe da importância do Brasil e das promessas do Bolsonaro, mas quando elas começam a ser colocadas em prática, você vê que o que já era ruim, está virando realidade. Bolsonaro antes mesmo de assumir, começa a dar concretude à agenda que prometeu. Isso atrapalha a imagem do país. [A retirada da candidatura da COP] é a primeira pedra que ele colocou no muro da vergonha que ele promete para o meio ambiente.”

Ainda de acordo com o membro do Greenpeace, a desculpa de Bolsonaro é vazia pois o Triplo A – discussões sobre a criação de uma área de preservação nos Andes e Amazônia do tamanho do México – não tem relações diretas com a COP25.

“Fazer a Conferência no Brasil seria uma demonstração do compromisso do país com o meio ambiente e ajudaria na hora das negociações internacionais. Além disso, uma parte grande da nossa economia é baseada na agricultura, que depende basicamente de equilíbrio climático.”

Na visão dele, “aumentar [o desmatamento], em pleno século 21, passa esse ar de incapacidade. Aí você junta no mesmo ano a negativa em sediar [a próxima conferência] por questões políticas. E junto com isso, vem as declarações do novo ministro das relações exteriores [Ernesto Araújo], de que a esquerda criou a ideologia da mudança climática. É meio vergonhoso.”

Leia a entrevista completa aqui.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

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  1. Bons tempos…

    … quando o estereótipo era uma pessoa supostamente psicótica imaginando-se Napoleão.

    Agora, tem latino-americano bananeiro achando que é membro do governo norte-americano.

    Se for, seu lugar é na cozinha. 

    Seguindo a tradição casa grande-senzala, mas em nível internacional. 

  2. Bons tempos…

    … quando o estereótipo era uma pessoa supostamente psicótica imaginando-se Napoleão.

    Agora, tem latino-americano bananeiro achando que é membro do governo norte-americano.

    Se for, seu lugar é na cozinha. 

    Seguindo a tradição casa grande-senzala, mas em nível internacional. 

  3. GREENPEACE PREOCUPADO COM NOSSA AGROPECUÁRIA?

    Faz Me Rir. Quem coloca esta pressão sobre nossa Agropecuária são exatamente os Países Europeus que sediam estas ONG’s e Instituições NorteAmericanas, regadas a muito dinheiro do Setor Agropecuário deles, que não conseguem concorrer com este Setor Econômico Brasileiro nem sua AgroIndústria. Não à toa, estas questões estão paradas na OMC por mais de 20 anos, não sendo permitidos por Europeus e Norteamericanos qualquer avanço. ” Livre Comércio na Economia dos outros é refresco “. Vamos ver até quando conseguem sustentar seus Subsídios e obrigações impostas às Nações derrotadas nas guerras, como Japão ou Coréia, obrigando a importação através de empresas norteamericanas. Nossa Agropecuára está atropelando. Se tais ONG’s estivessem realmente preocupadas como nosso Meio Ambiente, teriam conseguido Contribuições e Dinheiro a fundo perdido para a ampliação do Saneamento Básico em nosso país. Calamidade que assola milhares de vidas das crianças brasileiras. Ou produzido pressão e propaganda institucional contra os crimes de MultiNacionais Estrangeiras dentro do nosso território em Mariana / MG,  Barcarena / PA ou Paulinia / SP. Contra tais crimes, muito silêncio e mais nada. Não é bem a tal “Humanidade” que deve ser protegido com nosso Meio Ambiente. O Mundo de muito fácil explicação. 

  4. Pelo menos nesse ponto a

    Pelo menos nesse ponto a agenda do futuro governo é melhor do que a do PT. Essa aderência cega às politicas do clima é que prejudica a nossa economia, principalmente esse escandaloso tratado do desmatamento zero que a tonta da dilma assinou. Isso condenaria o povo do centro-oeste e do norte à miséria.

    Enquanto o primeiro mundo já desmatou todas as suas florestas e a transformou em terras agricultáveis, eles querem que a gente deixe as nossas só para os macacos ficarem pulando de galho em galho, enquanto isso, eles produzem tudo e nós compromos deles.

    1. Se eles almoçaram merda, nós podemos jantar bosta
      Quando a última árvore tiver sido derrubada, quando o último peixe for pescado, quando o último rio tiver secado, o homem vai, enfim, se dar conta de que não se come dinheiro.

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