Dez anos após o assassinato de Dorothy Stang pouco mudou na Amazônia

Dez anos após Dorothy Stang, Amazônia continua sofrendo com violência e impunidade

Da Agência Pulsar Brasil

Nesta quinta-feira (12), o assassinato de Dorothy Stang completa dez anos sem que os mandantes do crime tenham sido, de fato, presos. Depois de sucessivos julgamentos e do polêmico cancelamento do veredito que condenou Vitalmiro Bastos de Moura a 30 anos de prisão, tanto ele como o outro mandante, Regivaldo Pereira Galvão, continuam livres. O caso, em vez de exceção é o retrato fiel da violência e impunidade que assolam comunidades rurais de todo o Brasil e especialmente da Amazônia.

De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de 2005 a 2014, 325 pessoas foram vítimas de assassinatos motivados por conflitos agrários. Mais da metade destes casos, 67,3 por cento, aconteceram na Amazônia Legal.

Além da violência, as famílias que sobrevivem às ameaças e os parentes das vítimas assassinadas ainda têm que conviver com seus algozes soltos. De 1985 a 2013, a justiça recebeu 768 inquéritos de assassinatos no campo na região amazônica. Segundo a CPT, apenas cinco por cento deste total chegou a julgamento e somente 19 mandantes receberam algum tipo de punição, sendo que a maioria responde às acusações em liberdade.

Este círculo vicioso de violência e impunidade  alimenta uma indústria que vem financiando há anos o desmatamento da Amazônia. As populações tradicionais da região vêm sendo exterminadas por motivos econômicos muito claros, seja para a posterior ocupação com atividades ligadas ao agronegócio, para a grilagem de terra ou para a exploração madeireira ilegal, considerada o principal vetor de violência na Amazônia.

Foi o que aconteceu com Dorothy Stang. A missionária atuou por mais de 30 anos no município de Anapu, sudoeste do Pará, prestando apoio a pequenos produtores agroextrativistas. Na época de seu assassinato, ela lutava pela implantação do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança, há cerca de 40 quilômetros da sede do município. O local, no entanto, era disputado por fazendeiros e madeireiros da região. De acordo com a investigação da Polícia Civil, os mandantes pagaram 50 mil reais pela morte de Dorothy. (pulsar/página do mst)

Redação

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