Falta água, responsabilidade e inteligência, por Ramalho12

O que falta não é água, mas responsabilidade e inteligência

Por Ramalho12

Não se sabe de nenhuma providência concreta para resolver a seca no Brasil (pois a seca afeta outras regiões além de São Paulo). Há estudo ligando o desmatamento da Amazônia à seca no país (http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/10/novo-estudo-liga-desmatamen…), e, ao que parece, é só. Mas não deveria. Por exemplo, o advento e ampliação constante das grandes áreas agrícolas nos Mato Grosso (francamente, não sei qual, ou se os dois) e a seca estão relacionados? E as áreas agrícolas de São Paulo e Minas, que relação têm com a seca? Uma análise de correlação entre esses processos (por meio das respectivas variáveis aleatórias) pode ser feita porque há dados históricos de satélite que detêm a história das ocupações agrícolas e dados históricos de precipitação pluviométrica (afora outros – temperatura etc.).

Um dado alarmante é o de que a Amazônia teria perdido a área equivalente a duas Alemanhas em 40 anos. Mais alarmante ainda é que nada de efetivo foi feito para acabar com o desmatamento e para reflorestar a Amazônia. E, se voltarmos 40 anos no tempo, lembraremos que a cidade de São Paulo era conhecida como Terra da Garoa. É muito descaso e burrice.

Em São Paulo, há alguma providência concreta, mesmo que um projeto inicial apenas, para conectar novas fontes hídricas ao sistema de abastecimento paulista de água? As soluções nordestinas, adaptadas à área urbana, de sistema de cisternas para coletar a água da chuva, foram cogitadas? Ou açudes para recolher as águas dos rios que cortam São Paulo? Há medidas pensadas para conter a poluição desses rios, aí sim, recorrendo a multas e punições que alcancem poluidores?

Quais medidas para proteção de nascentes e cursos d’água foram pensadas? E o reflorestamento amazônico e de outras áreas (Minas, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul) quando terá início?

Só multar por excesso de consumo e racionar o uso da água, em cenário de seca cada vez mais grave é burrice acrescentada de irresponsabilidade, isto para São Paulo. Mas tem-se também de denunciar que nada vem sendo feito no plano nacional para reduzir a seca agora e preveni-la no futuro.

Aqui nada há de “ecochatice”. Certamente, a falta d’água afetará adversamente a economia (embora tal não se reflita no PIB, que, como todo mundo sabe, é um péssimo indicador), prejudicando negócios, eliminando empregos, reduzindo arrecadação, piorando a produtividade da economia. Estamos, com toda essa inércia criminosa, inviabilizando o futuro do Brasil. Somos criminosos, pois estamos matando o futuro do Brasil.

Redação

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1.  Caro Nassif, certamente o

     Caro Nassif, certamente o articulista vive no tucanistão. Faltar água em São Paulo é como faltar jogatina em Las Vegas, algo tão absurdo que conclúi-se que o paulista, devido a uma mídia canalha, transformou-se, em sua maioria num midiota. Não falta água ou energia no Brasil, mas apenas em São Paulo.

    1. A seca afeta boa parte do Brasil

      Caro Tolot,

      Estritamente falando, ainda não falta água no Brasil, como também não falta em São Paulo, você tem razão. Contudo, há muito menos água doce disponível do que antes, e tudo leva a crer que faltará em São Paulo no futuro, e que a crise hídrica será agravada no Brasil.

      Boa parte do Brasil e São Paulo passam por período de seca. Da seca de São Paulo, nem se precisa falar, ela está nos noticiários e você concorda essa constatação, de acordo com o que escreveu.

      Mas a estiagem não está restrita a São Paulo. Eis a manchete do Jornal Hoje (ver a notícia completa aqui):

      “Estiagem mais severa dos últimos 100 anos seca o Rio São Francisco”.

      A notícia correspondente diz mais:

      “Nascente na Serra da Canastra (MG) [do rio São Francisco] secou em setembro [de 2014]. A estiagem já atingiu a maioria dos quase 200 afluentes.”

      Como o rio São Francisco não passa por São Paulo e sim por Minas, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, a seca não se restringe a São Paulo.

      Eliane Cantanhede, figura notória moradora de Brasília, declarou na Globo News que seu nariz sangrou, agora, em janeiro. O sangramento nasal, como quem viveu em BSA sabe, é uma das consequências da baixa umidade relativa do ar da cidade. Em BSA, a época de seca e baixa umidade é setembro, quando os narizes sangram, mas a seca está acontecendo agora, em janeiro, e janeiro, em BSA, é época de chuvas.

      O site climatempo diz o seguinte:

      “A diminuição da chuva neste verão está sendo sentida também sobre a Região Centro-Oeste do Brasil, mas principalmente sobre Goiás e no Distrito Federal. O bloqueio atmosférico que se estabeleceu nesta primeira quinzena de janeiro sobre o Brasil afastou as frentes frias e reduziu a umidade e a chuva sobre o Centro-Oeste.

      “Apesar dos temporais observados em várias áreas de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso, a deficiência de chuva nestes estados também é grande nesta primeira quinzena de janeiro. O Estado de Goiás e o Distrito Federal são os que estão sentindo mais fortemente a redução da chuva. Os mapas que mostram a disponibilidade de água no solo e a estiagem agrícola mostram a seca em Goiás.”

      Portanto, a seca, como você sabe, afeta São Paulo, embora não haja, ainda, falta d’água no estado no sentido estrito; mas afeta, também, boa parte do Brasil.

      Abraço.

  2. então,

    Quais medidas para proteção de nascentes e cursos d’água foram pensadas?

    foram e está aí o novo código florestal. e se dependesse da bancada ruralista, as áreas de preservação tinham sido totalmente eliminadas.

    1. Medidas de proteção são necessárias

      Caro Frederico69,

      Como você há de convir, o novo código florestal não protegeu o que pretendia proteger, e uma das provas alarmantes e constrangedoras é a bacia do São Francisco: todos os cursos d’água da bacia vêm tendo a vazão diminuída nos últimos anos. Na melhor das hipóteses, o código oferece proteção insuficiente. Medidas de proteção que não protegem não são, obviamente, medidas de proteção. Há que se pensar, sim, em medidas de proteção, pois o código mais a fiscalização com base nele são ineficazes, ou pouco eficazes.

      Há, portanto, que se pensar em medidas de proteção de nascentes e cursos d’água, apesar do código, medidas que incluam conscientização de ribeirinhos e fiscalização. O código florestal e sua aplicação não estão protegendo nossos recursos hídricos, os fatos provam.

      Abraço.

  3. Penso que se respeitássemos e

    Penso que se respeitássemos e preservássemos minimamente as nascentes e as matas ciliares, muitos dos problemas que hoje nos atingem relacionaods a secas simplemente não existiriam. 

    Não é o que ocorre no Brasil e sobretudo em São Paulo, onde o espaço das nascentes são ocupados por grandes plantações e plantação de EUCALIPTOS para pizzarias !!! 

    Se os Rios de São Paulo fossem minimanente limpos, esse problema também seriam mitigados, mas os seguidos governos direitopatas, amigos dos grandes produtores e fundamentalistas do mercado e do cosnumo desenfreado, nada fizeram a respeito ao longo de seus governos.  

    Mas sabe como é, né, esse negócio de proteger a natureza é coisa de ecologista xiita… O importante é garantir os megalucros dos industriais e o consumo de porcarias inúteis, descartáveis e tóxicas.

    “O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO de SONEGAÇÃO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO de SONEGAÇÃO & GOLPES é um  braZil-Zil-Zil para TOLOS”

  4. Excelente artigo

    Excelente, porém discordo de alguns pontos.

    “Certamente, a falta d’água afetará adversamente a economia (embora tal não se reflita no PIB, que, como todo mundo sabe, é um péssimo indicador”

     

    Para quem não sabe, a seca afetou as colheitas, diminuindo a oferta e aumentando o preço dos alimentos. Os economistas dão a isto o nome de inflação, e a Dilma tenta manter a inflação na meta aumentando a taxa Selic, o que reduziu o crescimento do PIB para zero ano passado.

    Então a seca altera sim o crescimento do PIB, diferentemente do que o autor deste artigo diz.

  5. Meio ambiente.
    Acredito eu, que seja o mais importante tema social.
    As cidades cada vez mais de concreto, asfalto e poluição causam uma radiação de calor em volta e acima na atmosfera aumentado anormalmente a temperatura da região. Isso é óbvio. Lógico. Não ha sequer um plano de compensação de reflorestar a cidade. O rio Tietê aqui na capital é o maior eagoto a céu aberto do Brasil. As chuvas que caem neste rio não vão para o abastecimento da cidade. O Rio não tem utiliade nenhuma. Só mau cheiro. De norte a sul da cidade, há 20 anos o psdb nao resolve nada.
    Agora estão partidarizando a causa quando que o certo seria ter uma instituição forte e independente e permanente, que saibam da biologia terrestre, que não não se vendem para grupos de investimentos.

    1. Concordo!

      As chuvas estão acontecendo, não é por acaso que alagam a cidade, ao invés de direcionarem essa água para as represas, ficam esperando cair a água exatamente na represa, chega a ser………..

  6. Cisternas em São Paulo.

    Cisternas em São Paulo. Chamem uns nordestinos lá, que eles ensinam como fazer. Edifícios com coleta e armazenagem das águas das chuvas. E minimizariam os alagamentos.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador