Metade dos casos de febre amarela está na região afetada pela lama da Samarco

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A região de Coronel Fabriciano tem 13 mortes confirmadas, a de Manhumirim, 11, e de Governador Valadares, 8 (ARQUIVO/EBC)samarco.jpg

da Rede Brasil Atual

Metade dos casos de febre amarela está na região afetada pela lama da Samarco

Dos municípios da Bacia do Rio Doce banhados pela lama tóxica, três tiveram emergência decretada pelo Ministério da Integração Nacional

por Redação RBA 

São Paulo – Municípios localizados na bacia do Rio Doce – região banhada pelo rio e seus afluentes – concentram metade dos casos confirmados de febre amarela em Minas Gerais. Os dados são do boletim sobre a investigação de casos suspeitos da doença, divulgado na tarde de hoje (3), pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais.

Na região de Coronel Fabriciano foram confirmados casos em Bom Jesus do Galho (3), Caratinga (23), Entre Folhas (4), Imbé de Minas (9), Inhapim (4), Piedade de Caratinga (9), Santa Bárbara do Leste (4) e Ubaporanga (6).  Na de Governador Valadares, há confirmação em  Água Boa (1),  Alvarenga (2), Itanhomi (1), Itueta (2),  José Raydan (3), Resplendor (1), Santa Maria do Suaçuí (2), Santa Rita do Itueto (5),  São José do Jacuri (1) e São Sebastião do Maranhão (8). 

Há casos confirmados também na região de Manhumirim: Chalé (2), Conceição de Ipanema (1), Durandé (1), Ipanema (12), Lajinha (7), Manhuaçu (3), Martins Soares (1), Mutum (3), Pocrane (1),  Reduto (1), Santana do Manhuaçu (2) e Simonésia (8).  

Os municípios da Bacia concentram 32 das 99 mortes confirmadas por febre amarela. Alvarenga (1), Conceição de Ipanema (1), Entre Folhas (1), Imbé de Minas (2), Inhapim (2), Ipanema (5), Itueta (1), José Raydan (2), Piedade de Caratinga (6), Pocrane (1), Reduto (1) Santa Rita do Itueto (2), São Sebastião do Maranhão (2), Simonésia (3) e Ubaporanga (2).

O estado é o mais afetado pelo surto da doença, segundo o Ministério da Saúde. As cidades mineiras de Coronel Fabriciano, Governador Valadares, Manhumirim e Teófilo Otoni foram decretadas em situação de emergência pelo Ministério da Integração Nacional, conforme publicado no Diário Oficial da União, no último dia 20.

Embora não seja confirmada por autoridades e não haja estudos a respeito, a relação entre o surto de febre amarela e o desequilíbrio ecológico causado pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, em novembro de 2015, não é descartado.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, no começo de janeiro, a bióloga e coordenadora da Plataforma Institucional de Biodiversidade e Saúde Silvestre da Fiocruz, Márcia Chame, afirmou que desequilíbrios ecológicos têm impacto na saúde dos animais. É o que pode ter acontecido.

A lama contaminada que avançou pelo rio e afluentes, depositando toneladas de partículas tóxicas no leito, matando peixes e outros animais, afetou a dieta dos macacos, tornando-os mais suscetíveis a doenças – inclusive a febre amarela. A bióloga lembrou que a região já enfrentava impacto ambiental importante por causa da mineração. Além de Minas, houve confirmação de mortes de macacos também em Colatina, no Espírito Santo, que também foi afetado pela lama.

A população da Bacia do Rio Doce, estimada em torno de 3,5 milhões de habitantes, está distribuída em 228 municípios, sendo 202 mineiros e 26 capixabas. Mais de 85% desses municípios têm até 20 mil habitantes e cerca de 73% da população total da bacia concentra-se na área urbana, segundo dados de 2007. Nos municípios com até 10 mil habitantes, 47,75% da população vivem na área rural. As bacias do Piranga e do Piracicaba, com o maior Produto Interno Bruto (PIB) industrial, concentram aproximadamente 48% da população total.

De acordo com o governo mineiro, ocorreram surtos de febre amarela em 2001, na região centro-oeste do estado, com 32 casos confirmados e 16 mortes. E em 2003, houve surto no Alto Jequitinhonha, atingindo seis municípios. Foram 64 casos, com 23 mortes. Em 2008 e 2009, foram confirmados dois casos da doença em macacos. De 2010 para cá, não havia registro da febre em humanos.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

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  1. metade….

    Não vamos fazer o que sempre fazemos. Não combater o problema de frente ou ideologizà-lo. “Cortaremos na carne” disse Temer. A “carne” de sempre, esqueceu de explicar.  Tirou o dinheiro dos mínimos serviços públicos para não faltarem nas máximas mamata de sempre. As patrulhas da Sucen pararam de vistoriar o interior de SP. Começaram a aparecer macaos mortos. Os hopedeiros. Total imobilidade, omissão e incompetência  do governo. Casos suspeitos de febre amarela no interior de SP. A noticia some da mídia. Reaparece depois de 10 dias, já em MG. Surto, morte, pânico. Reaparece a notícia de SP, já como caso nacionalizado. A culpa agora já é federal não mais estadual. 4 mortes. A mídiua golpista se esbalda. O Brasil se explica.  

  2. Quando eu tinha os meus nove

    Quando eu tinha os meus nove anos meu pai construiu uma casa numa  praia aqui em Floripa. Na época não havia luz el´trica lá ( maravilha! )mas havia um carimbo da SUCAM bem grande na fachada da casa. Lembro dele me explicando, com orgulho o trabalho da SUCAM. Para quem não sabe pois nem deve existiir mais: Superintendência de Combate a Malária. Ou seja a malária foi extinta na ilha. E hoje em dia com mais conhecimento a respeito de vetores e etc estamos neste estado caótico. Deprimente.

    1. quando….

      Roxane, exatamente como no interior de SP. As plaquinhas da Sucen atestando a passagem das equipes de vigilância. Oswaldo Cruz acabou com a febre amarela há mais de 1 século. Olha a latrina que este país virou? Outro milênio e medíocres incapacitados permitem a volta desta, da chicungunya, da dengue, da microcefalia…  

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