Luciano Hortencio
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Nas palmas da carnaúba, o vento ainda fala de amor?, por Luciano Hortencio

Foto de Alex Uchoa

por Luciano Hortencio

O Maestro e compositor Antonio Gondime o  o poeta permambucano Pierre Luz, fizeram  uma linda homenagem à ÁRVORE SÍMBOLO DO CEARÁ – CARNAUBEIRA, que tem os seguintes versos:

A chuva já vem caindo,

Nos campos do meu sertão,

Minha vida está sorrindo,

Bem dentro do coração,

Abriu-se a flor da munguba,

Cheirosa e de linda flor,

Nas palmas da carnaúba

O vento fala de amor

 

A tarde cai sobre a mata

Ao canto da juriti

E ouvindo o som das cascatas

A terra dorme feliz

Abriu-se a flor da munguba,

Cheirosa e de linda cor,

Nas palmas da carnaúba

O vento fala de amor

 

O rio já pegou água

Nas plagas do Ceará,

Ninguém tem mais sede ou mágoa

E a fonte não voltará,

Abriu-se a flor da munguba,

Cheirosa e de linda flor,

Nas palmas da carnaúba

O vento fala de amor.

 

Os versos mais bonitos são ” Nas palmas da carnaúba o vento fala de amor”. Ocorre que, nos últimos anos estão sendo retiradas de seu habitat natural milhares de carnaubeiras adultas e transplantadas para avenidas de Fortaleza  e deixadas ao Deus dará. Como estamos no quinto ano de seca, é mais do que evidente que as carnaubeiras, sem a devida rega e sem qualquer escora de proteção, como se faz em outros países, estão fadadas a perecer.

Na Praia do Futuro (velha), em toda a sua extensão, podem ser vistos troncos secos de coqueiros e carnaubeiras, transplantados irresponsavelmente e que não resistiram à falta de água e ao vento forte, que faz com que os troncos balancem, impedindo a fixação das raizes.

Nas grandes avenidas, ocorre o mesmo. Na Avenida Antonio Sales, depois que inauguraram o viaduto, foam plantadas inúmeras carnaubeiras, que morreram e foram repostas por novas e inocentes vítimas. Como a obra já foi entregue, essas também morreram, porém estão lá, como um símbolo de que a CARNAUBEIRA – ÁRVORE SÍMBOLO DO CEARÁ, está sendo retirada de seu habitat natural e transplantada sem qualquer critério técnico, morrendo à míngua!

Finalizo com a triste indagação: Nas palmas da carnaúba, o vento ainda fala de amor?

CORAL DO ESTADO DO CEARÁ – NAS PALMAS DA CARNAÚBA – Antonio Gondim – Pierre Luz.
Álbum: Coral do Estado – Cancioneiro do Ceará.
Regente: D’alva Stella Nogueira Freire.
Ano de 1981.
Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

6 Comentários

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  1. Triste história! Cresci lendo

    Triste história! Cresci lendo sobre as qualidades e potencialidades da carnaúba, dentre as quais, o fornecimento da cera com que eram fabricados os tão desejados discos de vinil. Saber que as estão dizimando é muito triste. Pior: árvores da caatinga e semi-árido não são como as árvores das florestas tropicais. Na Amazônia leva vinte anos para uma floresta fechar por completo; no semi-árido nordestino é pra mais de cem.

    Maravilha de interpretação, caro Luciano!

  2. Mais do que oportuno sua observação

    Sua observação é muito bem-vinda. À cidade faltam árvores grandes e suas sombras, para amenizarem nossa paisagem seca, excessivamente clara e exaustivamente quente. A cidade de Fortaleza é muito feia neste sentido, e os poderes públicos irresponsáveis, quando substituem as grandes árvores pelos canteiros “bonitinhos”, mas artificiais, áridos e caros, e que não resistirão ao próximo “verão”. Ontem vi que cortaram um lindo flamboyant que havia próximo ao parque do Cocó, na continuação da Av. Padre A. Tomás. Silêncio sobre a penalidade, nenhum protesto, nem mesmo uma reação de algum solitário indignado. 

    1. Também não sabia, Antonio Francisco!

      Já tomei café feito com os grãos misturados com grãos de manjerioba. Há quem faça café somente com esses últimos, porém nunca provei.

      Ai vai uma fotos dos coqueiros transplantados na Praia do Futuro, todos mortos, só com o tronco enfeiando a paisagem!

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