Augusto Cesar Barreto Rocha
Augusto César Barreto Rocha é Professor Associado da UFAM. Possui Doutorado em Engenharia de Transportes pela UFRJ (2009), mestrado em Engenharia de Produção pela UFSC (2002), especialização em Gestão da Inovação pela Universidade de Santiago de Compostela-Espanha (2000) e graduação em Processamento de Dados pela UFAM (1998).
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O urbanismo do aquecimento global, por Augusto Rocha

Precisamos fazer um encontro das políticas públicas com as lógicas sociais, ambientais e econômicas nas cidades

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O urbanismo do aquecimento global

por Augusto Cesar Barreto Rocha

O aquecimento global parecia uma coisa do futuro, mas agora está no presente e chegou invadindo o país, na Amazônia e no Sul e agora volta para a Amazônia. Nem vivemos por aqui a fase do negacionismo, pois era um assunto simplesmente ignorado por todos, como se fosse uma questão de europeu ou asiático ricos e que estávamos isolados pela abundância da natureza.

Eis que a sazonalidade amazônica está novamente se encontrando com um extremo, após a catástrofe do Sul. Há aqui uma oportunidade de transcender o negacionismo climático e encontrarmos as políticas públicas, oportunidades econômicas com as necessidades das pessoas e do meio ambiente equilibrado.

Um estudo liderado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado em junho, incluindo dados do C3S concluiu que a temperatura global provavelmente excederá 1,5°C acima do nível pré-industrial nos próximos cinco anos. Este fato indica que, muito provavelmente, o evento extremo vivido no ano passado se tornará rotina. Precisaremos pensar em uma nova Amazônia, com menos hidrovias perenes e muito mais rios sazonais.

A ausência de chuvas percebida na região nos últimos 30 dias reforça esta percepção. O Acordo de Paris, firmado para conter o aquecimento global começa, pouco a pouco a ser desafiado, por seus métodos pouco claros e pelo compromisso, em certa medida, desigual entre os países.

Quem atua empresarialmente certamente repassará os custos de suas operações afetadas pelo aquecimento global e pela seca, como claramente demonstram todas as multinacionais que operam navios de grande porte na Amazônia com carga de contêineres – afinal, os custos são sempre repassados para os preços. Entretanto, comunidades isoladas, empresas em mercado locais não possuem esta oportunidade e começaremos a ter enormes prejuízos nos interiores da Amazônia.

Precisamos com urgência parar de olhar apenas para a emergência e começar a construir estruturas de convívio harmônico, próspero e de longo prazo para enfrentar o aquecimento global. Precisamos fazer um encontro das políticas públicas com as lógicas sociais, ambientais e econômicas nas cidades. Até aqui só temos cuidado das emergências e os aproveitadores de plantão não param de surgir.

Precisamos deixar de ignorar o aquecimento global e começar a atuar considerando que ele já chegou por aqui – para ficar e para transformar o mundo que conhecíamos. Há um novo mundo que precisará de novos paradigmas. Precisamos construir uma harmonia maior com a natureza e construir cidades mais sustentáveis, com transporte ativo, com ciclovias, maior arborização para aumentar o conforto térmico.

Cidades apenas para automóveis não fazem parte do século XXI. Precisamos de uma nova forma de urbanismo, com espaço para mais pessoas e mais natureza. A eleição municipal está chegando e a pauta da cidade precisa tomar conta dos debates. Estamos falando de tudo menos de problemas e de soluções para as cidades. Precisamos sair das medidas genéricas e passar para as específicas. O transporte ativo, bicicletas e um novo urbanismo verde precisa ser o centro deste debate eleitoral.

Augusto Cesar Barreto Rocha – Professor da UFAM.

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