Atualizada 20/02/2019 para acréscimo da resposta do DAEE, do governo de São Paulo
da Rede Brasil Atual
Obras de barragem de Pedreira-SP destroem sítios arqueológicos
por Cida de Oliveira, da RBA
Pedreira (SP) – O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) classifica comopatrimônio natural o conjunto de paisagens que deve ser preservado por causa de sua feição paisagística e do interesse público. A informação consta da página 36 do Relatório de Impacto Ambiental (Rima) das barragens de Pedreira, no município de mesmo nome, e a de Duas Pontes, que será construída na vizinha Amparo assim que a Agência Nacional de Águas (ANA) liberar a outorga. Ambas são de responsabilidade do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), do governo de São Paulo.
Nessa perspectiva, as margens do rio Jaguari que serpenteiam estradas de terra em bairros não muito distantes do centro de Pedreira, poderiam ser identificados como patrimônio natural local e assim serem preservadas. Afinal, atraem centenas de pessoas que buscam momentos de sossego junto à natureza.
No entanto, o que se vê na área que será inundada pela futura represa é um acelerado processo de destruição da vegetação nativa e de sítios arqueológicos catalogados pelo Iphan.
Isso porque no último dia 5, a prefeitura de Pedreira decretou o embargo temporário da obra, que deve ficar paralisada até o estado apresentar um plano de emergência, já que barragem de 52 metros de altura é considerada de alto risco para a população da cidade. Em caso de rompimento, boa parte da cidade será destruída em poucos minutos.
São reivindicados ainda um projeto de implantação de estradas no entorno para que o maquinário não passe pelo centro da cidade, aumento do efetivo da Polícia Militar e Polícia Civil e o aporte de verbas para a saúde, entre outros.
Em inquérito civil em andamento no Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema) de Campinas, os promotores destacam um estudo da Fundação Florestal que mostram dados preocupantes. A vegetação que será destruída no entorno da barragem, com autorização da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), corresponde aos últimos 20% de toda a vegetação remanescente da Mata Atlântica.
O Gaema destaca ainda que o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental de Campinas, que em parte será afetada pelo represamento do rio Jaguari, também será afetado. A mata do córrego da Linde, listada como um dos 15 fragmentos principais da unidade de conservação, será alagada sem que tenha sido apresentado um projeto de mitigação.
Os ataques à vegetação afetam diretamente a fauna. Populações de pequenos animais, peixes e insetos também são prejudicados. A consequência a curto prazo é o desequilíbrio de todo o meio ambiente da região.
No chão
Outro dano ao patrimônio de Pedreira é a demolição de antigas construções. Casas de fazendas de café, sítios, ruínas e até prédios mais recentes, como pousadas procuradas para um fim de semana junto à natureza, já não passam de escombros. Junto com as árvores cortadas, pintam um quadro desolador para quem visita a cidade. O que dirá então para os que ali nasceram, cresceram, tiveram filhos, netos e bisnetos.
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