Sem-terra desocupam fábrica de papel na Bahia

Jornal GGN – O MST desocupou voluntariamente a fábrica da Suzano Papel e Celulose, no município de Mucuri, extremo sul da Bahia. O ato chegou a reunir 1500 pessoas. O assentamento tinha o objetivo de chamar atenção para a monocultura de eucalipto na região. Os trabalhadores esperam que a empresa cumpra o acordo que fez com o Incra para reduzir impactos sociais e ambientais.

O cultivo exclusivo de eucalipto provoca prejuízo ambiental, destrói a Mata Atlântica, seca as nascentes, afluentes e rios. “E um dos pontos de maior impacto é o rio Mucuri, do qual a empresa utiliza um volume maior do que o permitido da água do rio. Além disso, devolve restos químicos na água do rio, matando a fauna e a flora”, disse Sebastião Lopes, assessor do MST que acompanhou a ocupação.

Segundo com ele, a atuação da empresa mudou o estilo de vida das pessoas na região e agravou problemas sociais. “Há quatro anos o movimento fez uma jornada nacional de lutas contra essa lógica, e realizamos diversas ocupações na região, montamos acampamentos até que a empresa sentiu a necessidade de dialogar”, contou. Na época, um acordo foi feito para recompensar as famílias que sofreram com o modelo de exploração. A promessa era garantir o assentamento de 750 famílias, “só que ficou na conversa e a empresa até o momento não cumpriu”.

“Como parte da nossa pauta foi realizada, decidimos levantar acampamento e esperar que a empresa cumpra com a outra parte, e se não cumprir na próxima semana, a gente volta com mais determinação e mais gente”, disse Sebastião Lopes depois do ato.

Da Rede Brasil Atual

Sem-terra ocupam fábrica da Suzano e exigem assentamento de 750 famílias

Por Helder Lima

Com mobilização de 1.500 pessoas, MST denuncia monocultura do eucalipto no extremo sul da Bahia e cobra cumprimento de acordo com o Incra que previa reduzir impactos sociais e ambientais

São Paulo – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) terminou no fim da tarde ocupação que promoveu desde a madrugada de hoje (13) na fábrica da Suzano Papel e Celulose, localizada no município de Mucuri, extremo sul da Bahia. O ato envolveu 1.400 pessoas e chegou à tarde com 1.500 pessoas. “Como parte da nossa pauta foi cumprida, decidimos levantar acampamento e esperar que a empresa cumpra com a outra parte, e se não cumprir na próxima semana, a gente volta com mais determinação e mais gente”, afirmou Sebastião Lopes, assessor do MST que acompanhou a ocupação.

A pauta da mobilização de hoje foi denunciar o modelo de desenvolvimento do agronegócio “que visa a nada mais do que o desenvolvimento econômico, retirando a riqueza, causando toda a desigualdade e segregação social na região”, afirma Lopes. Com a monocultura do eucalipto, a empresa provoca um prejuízo ambiental considerado de grandes proporções na região, destruindo a Mata Atlântica, provocando a seca de muitas nascentes, afluentes e rios. “E um dos pontos de maior impacto é o rio Mucuri, do qual a empresa utiliza um volume maior do que o permitido da água do rio. Além disso, devolve restos químicos na água do rio, matando a fauna e a flora”, diz.

Do ponto de vista social, a atuação da empresa provocou êxodo que agravou problemas sociais em algumas cidades da região. “Há quatro anos o movimento fez uma jornada nacional de lutas contra essa lógica, e realizamos diversas ocupações na região, montamos acampamentos até que a empresa sentiu a necessidade de dialogar”, explica Lopes. Ele diz que foi feito um acordo na época, como forma de recompensar as famílias que sofreram com esse modelo de exploração. O acordo previa o assentamento de 750 famílias, “só que ficou na conversa e a empresa até o momento não cumpriu”.

Além do grupo de 1.500 pessoas na fábrica, 200 famílias fizeram ocupação hoje em uma fazenda de monocultura de eucalipto, no município de Caravelas, que também pertence à Suzano. Atualmente, o MST mantém sete acampamentos na região. O movimento denuncia que a forma como a empresa comprou essas terras é ilegal. Muitas das terras são devolutas e pertencem ao Estado. “A empresa se apropriou de muitas terras e expulsou camponeses. Por isso, a empresa não tem a documentação de muitas das áreas que ela ocupa na região e também não paga impostos”, diz o representante do MST.

Para sexta-feira (17), foi marcada reunião com a empresa em Salvador. “Essa reunião é com o presidente nacional do Incra, e é por meio do governo que a empresa tem de resolver essa pendência. Não fazemos acordo, não pactuamos com essas empresas, e os representantes do movimento vão cobrar do Incra”, diz Lopes. Segundo ele, a empresa tem de devolver as terras que não são dela, e também arcar com tributos. “Nós não podemos permitir um modelo de desenvolvimento que retire as riquezas da nossa região e não desenvolva a cultura, o meio ambiente; É isso o que a gente reivindica.”

A Suzano faz parte de um grupo de transnacionais, que quando chegaram na região implementaram a monocultura do eucalipto, suprimindo a diversidade de produção existente no território. Hoje, os produtos básicos estão vindo de fora e os preços subiram vertiginosamente.

As poucas áreas cultivadas pelas famílias camponesas têm suas produções afetadas por causa da utilização indiscriminada de agrotóxicos, que estão contaminando os solos, as águas e o ar. Além disso, a monocultura do eucalipto está provocando o êxodo rural de milhares de famílias camponesas e povos originários.De acordo com a direção nacional do MST, a atual proposta de ampliação da fábrica busca triplicar sua produção e utilizar eucalipto transgênico, que aumentará de maneira significativa os problemas socioambientais, que já vem causando há décadas na região.

Redação

Redação

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  • O desastre do eucalipto no Brasil

    Monocultura é sempre um negocio ruim para o meio ambiente, e a de eucalipto é um desastre. Esta certo MST em chamar a atenção para esse problema, mas duvido muito que a fabrica da Suzano mude sua forma de agir, sobretudo deixar de jogar produtos quimicos no rio da região. Alias, quase todos fazem isso no Brasil.

  • Estrangeiros donos de milhares de hectares

    Alguém aqui já sobrevoou o Sul da Bahia? Esse monumental projeto tem mais de 20 anos e os grupos internacionais são donos de toda essa região. Atualmente, não considero brasileiro os bilinários que fazem questão de lembrar que são filhos de judeus, americanos, alemães, libaneses e etc. Eles precisam defender o nosso país, como eu defendo. Caso contrário, serão sempre chamados de estrangeiros por mim. 

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