Senado debate consequências do fracking para extração de minérios

Paraná e Santa Catarina têm leis que proibem o fraturamento hidráulico, mas outras regiões do Brasil enfrentam resistências e pressão de mineradoras

Jornal GGN – A Comissão do Meio Ambiente (CMA) em conjunto com a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado (CRA) do Senado realizam na próxima quarta-feira (14) uma audiência publica para debater a técnica do “fracking”, também conhecido como fraturamento hidráulico, que são perfurações profundas no solo para a extração de minérios, gás de xisto ou folhelho, uma rocha sedimentar.

Em reportagem de março do ano passado, o GGN mostrou os danos nocivos da técnica de extração, incluindo vibrações capazes de gerar abalos sísmicos. Com o objetivo de instruir e orientar a população, além de governos locais, a professora Izabel Cristina Marson, do interior do Paraná, percorreu mais de 40 cidades do estado e conseguiu junto a voluntários, desde agricultores, ribeirinhos e indígenas, a fazer virar lei nos diversos municípios a proibição do fracking.

Com a atuação de Marson e de outros ativistas da área, hoje os estados do Paraná e Santa Catarina têm leis sancionadas que impedem a prática em seus territórios. Mas o tema enfrenta resistência em outras partes do país, como Piauí e Maranhão, que já chegaram a abrir espaços de pesquisa para mineradoras poderem atuar com a técnica.

Diante deste cenário, movimentos como a Coalização Não Fracking Brasil (COESUS) incentivaram a realização de uma audiência publica no Senado, para justamente debater o tema e poder ampliar leis de proteção em outros estados do país. Especialistas e técnicos estarão presentes na Casa Legislativa, nesta quarta, a partir das 11h, para tratar dos impactos da técnica para a agricultura, economia, saúde e meio ambiente.

“É de suma importância ressaltar que as cinco principais atividades brasileiras – agricultura, piscicultura, suinocultura, pecuária e avicultura –, serão extremamente afetadas com a extração do gás de xisto por meio do fracking”, afirmou o diretor nacional da COESUS, Juliano Bueno de Araújo.

Para Izabel Marson, é necessário difundir o tema e tentar medidas legislativas a nível nacional, como no Senado. “Penso que possamos ajudar a formar uma onda de informações mais claras sobre o fracking e apontar caminhos aos tantos líderes locais que, em seus estados, estão com dificuldades em fazer passar leis municipais”, disse ao GGN.

 

O que é o Fraturamento hidráulico ou “Fracking”?

Nas palavras da professora Izabel, trata-se de uma perfuração de 1.500 metros de profundidade, estreita, de menos de 30 centímetros de diâmetro. Abaixo, na profundidade do subsolo, o espaço é novamente aberto com outras escavações de 1.500 metros horizontais. Nessa cratera, são inseridos entre 15 e 20 milhões de litros de água, com cerca de 600 tipos de substâncias químicas, como metais pesados, e toneladas de areia, para impulsionar a quebra da rocha, aonde está o xisto. Quando se explode a pedra de xisto, o gás sobe com os elementos químicos, que são bombeados juntamente com a água e a areia para o meio ambiente.

Nos caminhões, o xisto é separado da água, geralmente depositada sem tratamento. A professora exemplifica que na Argentina, as plantações de maçãs foram queimadas e morreram devido a essa água do fracking. “Chegará um momento em que não haverá mais água, mais solo, não se conseguirá respirar, porque nessas operações ainda tem queima de CO2 vinte e quatro horas por dia”, narrou.

 

Redação

3 Comentários

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  1. É uma estupidez você destruir a natureza para ganhar um dinheiro que de nada valerá em um mundo com a natureza destruída. A água já tem contaminação pelos agrotóxicos e agora querem colocar mais um ingrediente.

  2. É uma estupidez o que estão falando. Pregam a ignorância. Toda atividade extrativista possui risco que são mapeados e gerenciados. A atividade de fracking tem potencial para gerar milhares de empregos além do desenvolvimento do interior dos estados. Por causa de ativismo cego como esse que esse país está completamente atrasado e subdesenvolvido.

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