Sócia da Samarco, BHP enfrenta outras polêmicas ambientais

Jornal GGN – O rompimento das duas barragens da mineradora Samarco em Minas Gerais pode se tornar o episódio mais fatal envolvendo a BHP, sócia da Samarco junto com a Vale.

A anglo-australiana BHP Billiton foi a maior mineradora do mundo em valor de mercado em 2014 e teve lucro de US$ 13,8 bilhões no ano passado. Ela chegou ao Brasil em 1984, quando comprou a Utah International, assumindo a participação na Samarco.

Até o momento, cinco corpos já foram identificados no desastre em Minas Gerais e pelos menos 20 pessoas continuam desaparecidas. Em 1979, uma explosão de gás em uma mina de carvão da BHP na Austrália matou 14 pessoas. Outros incidentes deixaram 12 mortos em 1986 e 11 em 1994.

O presidente-executivo da empresa, Andrew Mackenzie, veio ao Brasil e disse, junto com o presidente da Vale, Murilo Ferreira, que um fundo de emergência será criado para reconstruir a região e ajudar as famílias afetadas.

Da BBC Brasil

Mariana pode virar desastre mais fatal da gigante BHP, que enfrenta outras polêmicas internacionais
 
Júlia Dias Carneiro

O trágico episódio em Mariana (MG) está longe de ser a primeira grande crise a manchar a imagem da anglo-australiana BHP Billiton – a maior mineradora do mundo em valor de mercado em 2014 e uma das sócias da Samarco junto com a Vale –, mas pode se tornar o episódio mais fatal em um empreendimento da empresa até hoje.

De acordo com a BHP, o acidente com maior número de mortes em projetos da empresa havia sido em 1979, quando uma explosão de gás na mina de carvão Appin, na Austrália, matou 14 pessoas. Novas explosões de gás em minas de carvão na cidade australiana de Moura mataram 12 pessoas em 1986, e outras 11 em 1994.

Cinco corpos já foram identificados e ao menos 20 pessoas continuam desaparecidas. As perdas humanas no local poderão ser as piores da história da empresa.

A BHP Billiton é dona de 50% da Samarco ao lado da Vale, que detém a outra metade da mineradora. A gigante de commodities, que teve lucro de $ 13,8 bilhões no ano passado, chegou ao Brasil em 1984, quando adquiriu a Utah International Inc. e assumiu a participação que tinha da Samarco com a Vale.

Em meio a questionamentos sobre as causas do acidente e especulação sobre se houve negligência das empresas responsáveis, o presidente-executivo da empresa, Andrew Mackenzie, e o diretor de negócios de minério de ferro, Jimmy Wilson, vieram ao Brasil para avaliar a extensão da tragédia.

Os executivos visitaram o complexo de barragens e, nesta quarta-feira, falaram com a imprensa pela primeira vez em uma coletiva na sede da Samarco, em Mariana, ao lado do presidente da Vale, Murilo Ferreira.

Mackenzie anunciou a criação de um fundo de emergência com a Vale para capitanear o esforço de reconstrução na região e ajudar as famílias e comunidades afetadas. Ele disse que a empresa está “100% comprometida” a prestar apoio no longo prazo.

“Lamentamos muito o que aconteceu”, afirmou ele, contando que sobrevoou o local e que o cenário é de “partir o coração”.

“Ouvi relatos de grandes demonstrações de coragem, heroísmo e dedicação, e a coragem e resiliência das esforços de resposta são muito inspiradores”, disse. “As pessoas de Mariana têm a minha absoluta determinação de que vamos cumprir o nosso papel em ajudar a reconstruir suas casas e comunidades.”

Na mesma coletiva, o prefeito de Mariana, Duarte Júnior, calculou em R$ 100 milhões o prejuízo causado.

25 mil piscinas olímpicas de lama

Na quinta-feira passada, o rompimento das barragens do Fundão e de Santarém liberou o equivalente a quase 25 mil piscinas olímpicas de uma mistura de resíduos de minério de ferro, água e lama na região, deixando um rastro de destruição e causando prejuízos que alcançam o Espírito Santo.

Além da pressão para esclarecer as causas do acidente, a Samarco – bem como a Vale a BHP – tem sido questionada sobre a falta de um sistema de alarme sonoro para alertar moradores de Bento Rodrigues sobre o mar de lama que se aproximava.

Há críticas também à falta de ação para reduzir o impacto nos dias posteriores, alertando moradores de outras comunidades atingidas – como Barra Longa, a 60 quilômetros de distância, alagada com a lama no meio da noite após o acidente apesar de moradores terem sido assegurados de que ali o leito do rio cheio de lama não iria subir.

Em Londres, apenas duas semanas antes do desastre, a BHP fazia sua reunião geral anual, onde buscava reafirmar seus compromissos com segurança e responsabilidade ambiental diante do atual cenário de mudanças climáticas.

Como aconteceram em outras reuniões anuais, porém, os executivos da empresa foram recebidos na entrada por protestos de grupos de operários que viajaram da Colômbia até a capital inglesa para pressionar contra o avanço de projetos da empresa sobre suas comunidades, ao lado de ativistas que criticavam os impactos negativos da mineração.

Richard Solly, um dos fundadores da London Mining Network (Rede Londrina de Mineração), estava lá ao lado de outros grupos para pressionar a empresa.

Sua organização monitora o impacto de projetos de mineração no mundo todo e se articula com outros grupos para buscar reduzir seus efeitos negativos sobre comunidades e sobre o meio ambiente.

“A BHP gosta de se apresentar como a mais responsável e mais limpa do mundo, mas temos muitos exemplos dos danos que sua atividade causa e do despejo extremamente danoso de resíduos no meio ambiente”, afirma Solly.

“A empresa tem uma estratégia de comunicação muito boa, e aqui (no Reino Unido) costuma impressionar seus acionistas com suas apresentações. Ela não finge que suas atividades não têm impacto negativo e fala de uma maneira mais transparente sobre as coisas que está fazendo para mitigar esses impactos, então isso costuma contribuir para uma imagem positiva. Isso claramente vai ficar mais difícil após o acidente no Brasil”, opina.

Após a tragédia, as ações da BHP chegaram a seu nível mais baixo em sete anos na bolsa australiana na segunda-feira. As da Vale fecharam a sexta-feira com queda superior a 7% e caíram mais 5,6% na segunda-feira, e agora já começam a se recuperar.

‘Desresponsabilização’

Na segunda-feira, a Secretaria estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais suspendeu a licença da Samarco para exercer qualquer atividade no município de Mariana, afora ações emergenciais de resposta à tragédia.

No Brasil, a BHP detém direitos de exploração de blocos de petróleo na bacia Foz do Amazonas; atua no setor de alumínio, com participação de 14,8% na mineradora de bauxita Mineração Rio do Norte (MRN), no Pará; e, no Maranhão, tem participações no Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar).

Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o sociólogo Rodrigo Santos coordena o grupo de pesquisa Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, que monitora impactos negativos de projetos de mineração no país. Ele afirma que, no Brasil, a BHP ainda é pouco conhecida porque explora pouco a divulgação de sua imagem.

Santos diz que a Vale tem inquestionável preponderância no Brasil e uma posição de destaque da BHP a deixaria mais suscetível a riscos institucionais e econômicos no país. Assim, diz, sua estratégia tem sido de se apoiar em posições acionárias minoritárias e na”desresponsabilização” operacional.

“É possível compreender a tática de parceria com a mineradora brasileira (Vale) como uma estratégia de visibilidade reduzida”, diz Santos.

“Isso deve permanecer central nas ações da BHP junto ao Estado e à opinião pública brasileira após o desastre. Mas é provável que mobilizações da sociedade civil e da imprensa questionem quaisquer pretensões da empresa de se eximir de responsabilidade e de manter uma baixa visibilidade no evento.”

Santos diz que a imagem da BHP vem sendo questionada “há bastante tempo” em outras partes do mundo por redes de ONGs, movimentos sociais e populações afetadas pela mineração, a exemplo do que ocorre no Brasil com movimentos que defendem comunidades e territórios de áreas de mineração.

Um deles, o Movimento dos Atingidos pela Vale, protagonizou um protesto na sede da empresa, no Centro do Rio de Janeiro, na terça-feira. Um grupo de ativistas e artistas com os corpos cobertos de “lama” se postaram na entrada do prédio na avenida Graça Aranha para denunciar o que consideram responsabilidade da empresa no rompimento das barragens.

Outras polêmicas

O desastre em Mariana se soma a outros projetos pela qual a BHP está tendo sua atuação contestada. Na Austrália, seu país de origem, há polêmica em torno do centro minerador Olympic Dam, uma jazida com reservas de cobre, ouro, prata e, segundo Santos, o maior depósito mundial de urânio por área de extensão.

O projeto foi assumido pela BHP em 2005, mas tem sido questionado pela produção de rejeitos radioativos e pelo altíssimo consumo de água.

Outras polêmicas incluem as minas de cobre de Escondida, no Chile, onde ONGs denunciam vazamentos de resíduos de cobre, e os planos de implantar um megaprojeto de extração de carvão em florestas na Indonésia, o IndoMet.

Mas o projeto com consequências ambientais e sociais mais graves na história da BHP é o da mina OK Tedi, em Papua Nova Guiné. Em 1999, a empresa admitiu ter liberado, ao longo de mais de uma década, milhões de toneladas de rejeitos da exploração de cobre nas bacias hidrográficas dos rios OK Tedi e Fly. O impacto comprometeu 120 comunidades camponesas e de pescadores artesanais na região, afetando até 50 mil pessoas.

Na época, o presidente-executivo da empresa Paul Anderson admitiu que, diante das conclusões de um estudo feito por uma comissão científica sobre os danos no local, “a mina não é compatível com nossos valores ambientais e a companhia nunca deveria ter se envolvido”.

Em 2002 a companhia se retirou inteiramente do projeto, transferindo sua posição acionária (52% da mina) para um fundo de desenvolvimento do governo, que deveria reverter em benefícios para a população do país.

Porém, segundo pesquisadores, apenas uma pequena porção dos recursos beneficiou as pessoas impactadas pela poluição do rio e pelo desmatamento na área.

À BBC Brasil, a BHP Billiton afirma que sua “prioridade imediata” é o bem-estar dos funcionários da Samarco e das comunidades locais, bem como o de prestar apoio à Samarco em seus esforços de resposta à tragédia.

Redação

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  1. Cenário de terror

    A maior catástrofe natural de Minas Gerais

    ESTADO DE MINAS | Cecília Emiliana | 10/11/2015

    Imagens impressionantes do mar de lama que varreu do mapa o distrito de Bento Rodrigues, que pertencia a Mariana, região central do estado, foram registradas pelo publicitário Douglas Guizilini, proprietário da empresa Air Pix. A filmagem, feita no local onde está situada a ponte que separa as cidades de Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, na Zona da Mata Mineira, captou dois momentos da maior catástrofe ambiental da história de Minas Gerais, ocasionada pelo estouro da barragem de Fundão, da mineradora Samarco: o início do derramamento dos rejeitos nas águas do Rio Doce, em 6 de novembro; e o curso d’água já sem forças, transformado numa massa espessa de barro, em 9 de novembro. 

    Imagens aéreas mostram mar de lama invadindo Rio Doce

    [video:https://youtu.be/BKI7RDV0V5k width:600]

    “Ficamos muito chocados ao ver tamanha devastação. Em um piscar de olhos, tudo foi destruído e arrancado – casas, animais, objetos e até mesmo pessoas”, ressalta o empresário. Guizilini também disponibilizou, no site de sua empresa, uma foto do Rio Doce enlameado em 360°. Veja aqui

    LINK

    http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/11/10/interna_gerais,706533/video-lama-invade-ponte-entre-rio-doce-e-santa-cruz-do-escalvado.shtml

    1. A TERCEIRA BARRAGEM ESTÁ TRINCADA

      Acesso a Bento Rodrigues é totalmente fechado por risco de rompimento de outra barragem

      PORTAL UAI | 11/11/2015

      Segundo o tenente Sebastião Nogueira, da PM, a zona de segurança foi ampliada de três para dez quilômetros, pois “barragem Germano trincou e há risco de rompimento”

      O medo de uma nova tragédia em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, voltou à tona na manhã desta quarta-feira. A área de Bento Rodrigues, a mais atingida pela lama que desceu das duas minas da Samarco, está condenada e o acesso ao distrito foi completamente bloqueado por policiais militares. Segundo o tenente Sebastião Nogueira, do Batalhão de Choque da 3ª Companhia de Missões Especiais de Lagoa Santa, a zona de segurança foi aumentada de três para dez quilômetros, pois “a barragem Germano trincou e há risco de rompimento”. A Samarco informou que faz obras para dar mais estabilidade à mina. Diante do problema, o Corpo de Bombeiros mudou estratégia das buscas por causa dos riscos. 

      Moradores foram surpreendidos pela notícia quando seguiam para o distrito para pegar animais de estimação e documentos nas casas, abandonadas por eles às pressas no momento da passagem da enxurrada de rejeitos de mineração. “Pessoal, infelizmente tenho uma notícia ruim para dar para vocês. Com o rompimento da Barragem de Fundão, a Barragem de Germano trincou a parede de sustentação. A empresa está fazendo um reparo. Portanto, não vai haver mais descida de pessoas a Bento Rodrigues. Neste momento temos que preservar a vida humana. Se permitirmos que pessoas desçam lá, talvez não voltam mais”, disse o tenente Nogueira. 

      De acordo com o militar, os bombeiros estão com uma equipe de 10 homens e sete cães no local. Uma aeronave está de prontidão para fazer o resgate deles caso necessário. “Peço desculpas a vocês, mas conto com a compreensão de todos. Porque, a partir de agora, essa barreira (bloqueio) vai ser transferida até o final do asfalto, em Santa Rita Durão”, afirmou. O bloqueio antes era feito por militares a uma distância de três quilômetros do distrito. Agora, será realizado a 10 quilômetros.

      Durante a conversa com os moradores, o tenente afirmou que se a barragem estourar, a lama pode subir acima de postes de iluminação. “Bento Rodrigues está condenada por pelo menos 30 dias. Não há como mensurar quando esta situação vai acontecer”, comentou Nogueira. Segundo ele, o povoado de Paracatu de Baixo já foi totalmente evacuado. Outros distritos abaixo de Bento Rodrigues estão em alerta. 

      Ao receber a notícia, a aposentada Maria do Carmo, de 68 anos, quase desmaiou. Ela começou a passar mal e chorar. Moradora de Bento Rodrogues, teve que sair às pressas no momento do acidente. Hoje era a primeira vez que tentava voltar para a residência, mas acabou barrada pelo bloqueio. “Essa situação está muito difícil. Não estou dormindo, perdi dois quilos e estou com o emocional abalado. Ia voltar em casa para buscar documentos e papeis de médicos que preciso consultar. Porque tenho asma. Esperamos uma solução para tudo isso”, desabafou. Segundo a moradora, ela e o marido, Benedito Valadares, 73, estão hospedados na casa do genro, Elias Paulo Lobão, que é operador de máquinas. 

      A lavradora Maria das Graças Barbosa também tentava voltar para Bento Rodrigues na tentativa de localizar a cachorrinha dela. “Minha casa foi levada. Era uma casa boa, toda murada. Não sobrou nada”, lamentou. Segundo ela, o genro dela, que trabalha na área da barragem, a avisou sobre o problema. No momento do acidente, estava indo tomar banho e teve que sair correndo do imóvel. 

      Mudança nas buscas

      Por causa do risco da barragem ceder, a estratégia de buscas do Corpo de Bombeiros foi mudada. “A empresa detectou uma necessidade de uma intervenção no dique da represa. Em decorrência dessa intervenção, medidas de segurança estão sendo adotadas. Continuamos as buscas, mas em cotas mais altas. Em um nível mais alto do terreno. Também estamos utilizando o sistema de alerta”, comenta o major Rubem da Cruz, da comunicação do Corpo de Bombeiros. Segundo o militar, caso não seja feita essa intervenção, haveria risco da Germano ceder. 

      O diretor da integração da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), coronel Marcelo Vladimir Corrêa, disse que as trincas na barragem de Germano foram discutidas nas reuniões de terça-feira no posto de comando unificado formado por representantes da Defesa Social, Bombeiros, Polícia Militar, Polícia Civil e engenheiros da Samarco. Segundo ele, as avarias estão sendo avaliadas. As trincas teriam 2 milímetros de deslocamento. “As buscas não foram suspensas. Foram realocadas por uma nova estratégia de atuação dos bombeiros e da Samarco por causa dessas trincas”, afirmou Corrêa. 

      O Superintendente da Defesa Civil de Minas Gerais minimizou os riscos do rompimento. “Existe o treinamento na barragem do germano. Teve lá um tremor de terra de 2.1 graus ontem, por isso foram retiradas as pessoas que estavam na frente. Engenheiros estão avaliando as rachaduras e providenciando reforço. As possibilidades de rompimento são mínimas, mas mesmo assim, já está feito o reparo desta estrutura.”

      Posição da Samarco 

      Em nota, a Samarco afirmou que entre as medidas adicionais de monitoramento e segurança que a empresa vem tomando, nesta quarta-feira será iniciada uma mobilização para realizar intervenções nas estruturas remanescentes das áreas de barragens, “as quais irão proporcionar maior grau de estabilidade, mitigando efeitos decorrentes do rompimento e prevenindo eventuais problemas futuros”. 

      Por causa disso, afirmou que as autoridades competentes recomendam a restrição do acesso à área impactada.

      FONTE

      http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/11/11/interna_gerais,706734/acesso-a-bento-rodrigues-e-totalmente-fechado-por-risco-de-queda-de-ou.shtml

  2. Menos, menos

    Sobre a BHP:

    “Em 1979, uma explosão de gás em uma mina de carvão da BHP na Austrália matou 14 pessoas. Outros incidentes deixaram 12 mortos em 1986 e 11 em 1994.”

    Eis aqui um verdadeiro atestado de competência e cuidado na segurança, da maior empresa de mineração do mundo. Menos de 60 pessoas em 36 anos, ou seja, muito pouco considerando a quantidade de empregos e de riqueza que esta empresa gerou para o seu país de origem e para o Brasil. Qualquer acidente rodoviário no Brasil, balas perdidas, ou até assassinatos de final de semana, supera em muito os números alardeados acima. O dano ambiental é que foi relevante, e aí o foco do assunto.

    “Na quinta-feira passada, o rompimento das barragens do Fundão e de Santarém liberou o equivalente a quase 25 mil piscinas olímpicas de uma mistura de resíduos de minério de ferro, água e lama na região, deixando um rastro de destruição e causando prejuízos que alcançam o Espírito Santo.”

    Oito bilhões de litros de esgoto são jogados todos os dias nas águas das maiores cidades, diz estudo.

    http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/08/16/oito-bilhoes-de-litros-de-esgoto-sao-jogados-todos-os-dias-nas-aguas-das-maiores-cidades-diz-estudo.htm

    O mesmo artigo indica que: “O volume, que representa 36,28% do total de esgoto total gerado nesses municípios, equivale a 3.200 piscinas olímpicas” Ou seja, em apenas 8 dias, o Brasil despeja – conscientemente – o mesmo esgoto na natureza que, em forma acidental, a Samarco gerou numa única oportunidade. O meio ambiente é castigado brutalmente por muitas das pessoas que hoje vociferam em contra da mineração.

    O poder público cobra agora da Samarco, e esta sem duvida responderá, como empresa séria e responsável que sempre foi, mas assim também deveria cobrar-se dos municípios poluidores. A competição de remo, nas próximas olimpíadas, acontecerá no mar de lama que se tornou a Bahia de Guanabara, equivalente a milhões de piscinas olímpicas.

    “Na segunda-feira, a Secretaria estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais suspendeu a licença da Samarco para exercer qualquer atividade no município de Mariana, afora ações emergenciais de resposta à tragédia.”

    Torcemos para que os danos sejam mitigados. Vai custar muito dinheiro e trabalho. Mas, também vai custar muito a relocação da mão de obra que ficará desempregada e os serviços auxiliares que orbitam ao redor e que dão vida a enormes comunidades locais e regionais. Não passará muito tempo para ouvirmos nas ruas um “Volta Samarco”.

     

    1. Menos? Toda a bacia do Rio

      Menos? Toda a bacia do Rio Doce foi afetada. A região está praticamente com o abastecimento de água em risco. Fora todo o restante. Menos porque sua vida pessoal não foi afetada. 

  3. TERREMOTO?

    Um tremor de terra pode ter destruído as barragens em Mariana?

    Luis Kawaguti

    Da BBC Brasil em São Paulo

    Usando dados da Rede Sismológica Brasileira, o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo registrou quatro tremores fora do comum na quinta-feira, entre 14p2 e 15p9, em Minas Gerais.

    Foto: Getty

    O mais forte deles (2.6 de magnitude) ocorreu a 5 km da barragem do Fundão – distância considerada pequena, segundo Jackson Calhau, analista do Centro de Sismologia da USP.

    CONTINUA:

    http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151105_tremor_barragem_lk

     

  4. SAMARCO INFORMA – VIA MÍDIA – QUE VAI RETOMAR SUAS ATIVIDADES NO SEGUNDO SEMESTRE DE 2020

    Em nota publicada em A Gazeta (26/10) tem-se a informação que a Samarco teve sua Licença de Operação Corretiva liberada no dia 25/10.

    A nota não esclarece que órgão ambiental – se o de Minas Gerais ou o do Espírito Santo – liberou a LOC em questão.

    As atividades da Samarco – em Minas Geais e no Espírito Santo – estavam paralisadas desde 2015, quando do desastre de Mariana que gerou um dos desastres ambientais de maior amplitude em relação aos dois Estados.

    A nota publicada enfatiza especificamente os ganhos decorrentes da geração (na verdade, retomada) de empregos, novas contratações e no aumento da arrecadação, aspectos relacionados unicamente as áreas econômica e social, caracterizando que, a partir de agora a empresa teria um sinal verde para operar, não esclarecendo se esse sinal verde estaria relacionado as atividades da empresa em Minas Gerais ou, se também, no Espírito Santo.

    Na verdade, ainda tendo a mídia como referência, pois são poucas as informações oficiais liberadas pelo órgão ambiental no ES (IEMA), é visível, e de difícil compreensão, a diferença de comportamento (técnico, legal e penal) entre as autoridades (órgãos ambientais e Ministério Público) de MG e do ES, frente aos desastres de Marina e de Brumadinho. No segundo caso uma profusão contínua de liberação de informações (intensa via mídia escrita e televisiva) relacionadas a Brumadinho, sem qualquer comportamento equivalente em relação a Mariana, contexto que leva a supor que em algum momento esta diferença de posicionamento deverá ser explicada a sociedade capixaba.

    Não se coloca em operação uma indústria tendo como base APENAS os “ganhos econômicos” que ela pode gerar, mesmo reconhecendo a importância (social e econômica) deles.

    Segundo a legislação ambiental, há que se ter a necessária licença ambiental.

    Tendo em conta a matéria publicada em A Gazeta, tem-se duas possíveis interpretações para a retomada das atividades da empresa no ES:

    • Ou a Samarco já recebeu a devida licença do IEMA
    • Ou a Samarco, com a liberação desta notícia (foco essencialmente econômico), está pressionando o IEMA para que a licença seja liberada.

    O fato (destacado em outra recente reportagem) de que a Samarco estaria regularizando a sua vida junto ao órgão ambiental de Minas Gerais (o que realmente tem de fazer) não assegura que – como consequência natural da aprovação do órgão ambiental de MG – poderá (também) operar no ES, onde compulsoriamente deverá regularizar previamente a sua situação ambiental junto ao IEMA.

    A sociedade civil, desde 2018, tem pleitos formalmente registrados junto a SEAMA / CONSEMA e CERH e IEMA (ações conduzidas em separado) voltados a pedidos de esclarecimento quanto a volta das operações da Samarco no ES.

    • Condições (pré-requisitos) a serem estabelecidas pelo IEMA para a volta da operação da empresa
    • Apresentação do IEMA, no âmbito do CONSEMA e do CERH, dos impactos sociais, econômicos, ambientais e de saúde, decorrentes do desastre de Mariana, bem como da situação / destinação das multas ambientais aplicadas a empresa
    • Presença da Fundação Renova, bem como do IEMA, no CONSEMA para esclarecer as muitas denúncias divulgadas quanto a ação da Fundação

    Tais informações, por razões desconhecidas, nunca foram repassadas às entidades solicitantes.

    Acreditamos na sensibilidade (econômica, social e ambiental) do Governador Renato Casagrande frente a necessidade do envolvimento da sociedade neste processo, através dos fóruns criados pelo próprio Estado para debater e deliberar sobre estes assuntos (CONSEMA e CERH), corrigindo a postura questionável adotada no Governo Paulo Hartung, em relação ao assunto.

    A sociedade civil organizada não está contra a volta da operação da Samarco no Espírito Santo, mas sim que ela volte atendendo a todas as exigências ambientais que se fazem necessárias.

    Este assunto não deve ser encaminhado apenas com o viés emocional (conflitando quem está contra e quem está a favor), mas sim – como a situação exige do ponto de vista legal – com foco estritamente racional (ação conjunta e convergente do Poder Público e da Sociedade Civil).

    Roosevelt Fernandes, M. Sc.
    Membro do CONSEMA e do CERH / ES
    [email protected]
    http://www.nepas.com.br

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