Resgate de Luciano Hortencio
A bênção, Dindinha-Lua!
A bênção, Dindinha-Lua!
E a lua vinha por trás da serra,
redonda e branca como uma roda
de andor de carro de procissão.
Lírios choviam por sobre a terra…
Ficava tudo branco… branquinho…
telhados… casas…torres…caminho…
Ficava tudo como algodão…
E a meninada corria à rua,
gritando todos , em confusão,
braços erguidos, erguida a mão:
A bênção, Dindinha-Lua!
A bênção, dindinha-Lua!
E a lua branca, num grande véu,
Velhinha boa, subia o céu.
Dindinha-Lua, dá-me um vestido!…
Dindinha-Lua, dá-me um dinheiro!
Cada menino tinha um pedido,
cada um queria pedir primeiro.
Meus amiguinhos! Que longe vão!
Que doce e grata recordação!
E ah! Quantas vezes, hoje, no outono
da minha vida, nesse abandono
de alma que punge desolador,
se vejo a lua nascer da serra,
redonda e branca como uma roda
de andor de carro de procissão,
sinto um aperto no coração.
E erguendo os olhos ao céu, sozinho,
digo a mim mesmo, muito baixinho,
muito comigo, cheio de ardor:
Dindinha-Lua, dá-me um carinho!
Dindinha-Lua, dá-me um amor!
Didi Caillet – DINDINHA LUA – Adelmar Tavares.
Disco Odeon 10.394-A.
Junho de 1929.
Disco constante do Arquivo Nirez.
Coisas que o tempo levou.
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