A vida, a cor e a emoção contida na regência de Armando Belardi

Ouvindo ontem a rádio Cultura FM, a conversa entre os maestros Julio Medaglia e Jamil Maluf, tirei uma cisma de muitas décadas em relação ao maestro Armando Belardi.

O maestro sempre foi um pouco mal visto pelo establshment musical de São Paulo. Confesso não ser muito íntimo das idiossincrasias da música erudita paulistana.

Mas nos anos 90 houve algo que me chamou a atenção. Em 1994, o maestro John Neschling – que, depois, faria um trabalho extraordinário com a OSESP – encenou uma superprodução de O Guarani com a Orquestra Beethovenhalle, de Bonn. O papel principal foi de Plácido Domingo e Cecilia era a chilena Verónica Villaroel.

Foi um momento de orgulho nacional.

https://www.youtube.com/watch?v=RgG03qIjxyg height:395]

Na minha coleção de CDs, havia um Guarani regido por Armando Belardi, grande maestro falecido em 1989. Fui ouvir e comparar. Sem nenhum demérito para o grande Neschling, mas considerei superior a interpretação de Belardi. Havia vida, cor, emoção.

Mas como não sou especialista, quedei mudo e calado no meu canto.

Ontem, os dois maestros falaram de O Guarani, de Belardi. Estenderam e falaram da obra de Belardi. E trataram a gravação como um clássico e Belardi como o gênio incompreendido.

[video:https://www.youtube.com/watch?v=nUgIEBC7HvQ height:395

Luis Nassif

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Bela dica, Nassif.

    Obrigado pela indicação. Realmente, uma bela interpretação, vibrante, em que pesem as limitações técnicas do registro – muito provavelmente devido à idade dos mesmos. Aliás, onde que a gente encontra mais registros de maestros brasileiros? Na época do LP, a gente ainda conseguia encontrar registros do Eleazar de Carvalho. Lembro-me que meu pai tinha um disco dele somente com obras de Carlos Gomes, se não me engano da EMI-Odeon. Claro, no YouTube tem, mas o idel seria que isso tudo fosse relançado em CD antes que as fitas virem pó.

    Quanto ao inominável, além de massacrar as pessoas ele também massacrava partituras. Simplesmente incompreensível o que ele fez nos primeiros compassos da protofonia, ao substituir as semicolcheias por colcheias. Dá um aspecto de lassidão, de cansaço, nada inspirador para a abertura de uma ópera. Carlos Gomes NUNCA escreveu o que o inominável gravou.

  2. Realmente Nassif belíssima

    Realmente Nassif belíssima interpretação não só da orquestra mas também dos cantores. Gostei bastante do timbre da voz da soprano chilena Verónica Vallaroel.

  3. Discografia

    Sr. Luiz Nassif, após insessantes procuras a respeito do Regente Armando Bellardi, consegui alguém que creio possa me ajudar.

    Herdei do meu pai, uma coleção com mais de 1.000 discos de Vinil, comprei um programa  chamado “Numento” – este programa é francês de uso exclusivo para colecionadores. Estou catalogando disco por disco e ouvindo-os.

    Vamos ao que interessa: Dentre estes discos tem um que quando ouvi, fiquei emocionado, cujo nome do LP é PAZ DE ESPÍRITO (Oquestra Sinfônica de São Paulo) com Regência de Armando Bellardi- (com dois L- como está no LP). Estou com grande dificuldade em descobrir o ano de lançamento deste vinil. Se possivel e estiver ao seu alcançe peço que me ajude.  Caso queira entrar em contato por e-mail para que possa lhe enviar fotos e músicas do referido LP, sinta-se a vontade.
    Antecipo votos de agradecimentos,

    Atenciosamente.

    Pedro Lopes Vieira Júnior.

     

     

  4. A vida, a cor e a emoção contida na regência de Armando Belardi

    caro luiz nassif. muito, muito obrigado pelo seu artigo. o maestro armando belardi é presença constante em minha familia graças a minha tia adotiva luizita azevedo, viola spalla da sinfonica municipal. tenho uma raridade aqui em casa alem do belissimo guarany, odalea ou o condor, opera orientalista de carlos gooca mes, na linha de lakme de delibes e de pecheurs de perles de bizet, e nada inferior a elas. vale a pena conferir. belardi foi o nosso tullio serafin. respirava musica 24 horas por dia. literalmente tirava da boca para ajudar os musicos. foi injustiçado e preterido em favor de eleazar de carvalho – a respeito de quem tenho muitos senões. morreu pobre, mas seu legado é riquissimo. suas qualidades como maestro sao inquestionaveis, dignas de um serafin – como disse – de um santini e de um bellezza, sem esquecer zanzogno. muito obrigado!!!!

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador