Laura Macedo, amiga e professora, já escreveu com muita propriedade sobre o célebre Américo Jacomino, razão pela qual limitar-me-ei a postar aqui o link para que todos relembrem a trajetória do violonista Canhoto.
http://blogln.ning.com/profiles/blogs/2189391:BlogPost:17857
Tenho a satisfação de apresentar SACI e TUIM-TUIM interpretadas pelo Grupo do Canhoto. PISANDO NA MALA é interpretada somente por Américo Jacomino ao violão. As gravações datam do ano de 1913.
luciano
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Hehe Cumpadre
Meu chapéu de páia veio do Ceará
Tem coisa mió que “cinto de couro grosso, muié e cavalo bão”?
[video:http://youtu.be/2TXxKyESBY0%5D
Meu chapéu de páia que é pro sor não me queimá
Meu chapéu de páia que veio do Ceará
Chapéu de páia e um lenço no pescoço
um cinto de couro grosso, muié e cavalo bão
Um ranchinho lá na beira do caminho
uma viola de pinho pra alegrá meu coração
Meu chapéu de páia que é pro sor não me queimá
Meu chapéu de páia que veio do Ceará
Uma espingarda, uma trela de cachorro
pra caçar naquele morro que tem caça como quê
e nos domingos visto meus terno riscado
e caminho pro mercado pros meus porquinho vendê
Meu chapéu de páia que é pro sor não me queimá
Meu chapéu de páia que veio do Ceará
TIRO O MEU CHAPÉU DE PALHA E SEM PALHA PROS SAUDOSOS ALVARENGA E RANCHINHO!
Meu Rei, dizem, por aí, que o Chico Pedreiro concretou a sua imponente “Construção” com um pouco de brita, areia e cimento que sobrou quando Alvarenga e Ranchinho deram um tempo prá fazer o fatídico relatório sobre aquele terrível “Drama da Angélica”.
Ispia aí: http://maisocitocina.blogspot.com.br/2013/03/erudicao-sertaneja-pre-chico-buarque.html
Chapeau!
Chapéu de palha merece mesmo que se tire o chapéu. Daquelas de emocionar o caboclo quando das lembranças de suas andanças.
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Je vous lève mon chapeau
“A grandeza não está em tocar sempre a melhor música”
“Mas em aprender a dançar corretamente todas as melodias!” – Fernanda Gaona
Mato a cobra e mostro o pau!
No caso em pauta, O Drama de Angélica!
[video:https://www.youtube.com/watch?v=FkD_At15PG4%5D
+O já prestou homenagem à emblemática Construção, de Chico Buarque, com sua letra incrível e sonoridade austera, angular e irresistivelmente charmosa. Depois, focamos nas palavras proparoxítonas, as quais ostentam as pronúncias mais legais da língua portuguesa. O post em questão também apresentou uma brincadeira a partir da Construção, na qual a letra original foi substituída por outras proparoxítonas, além de outro enredo – a (des)Construção.
Para minha surpresa, fiquei sabendo que esse tipo de jogo com as palavras é anterior à criação de Chico, lançada em 1971. Meu grande amigo e professor de música Guilherme Tavares alertou-me para o fato de que, em 1957, a dupla Alvarenga e Ranchinho já havia antecipado a obra-prima de Chico Buarque com o Drama de Angélica.
A letra da canção é hilária e ao mesmo tempo trágica, repleta de termos rebuscados, avançadíssima para a década de 50. Apenas duas das frases da letra não acabam em palavras proparoxítonas (maligna eritmo), o que dá a entender que a intenção da dupla estava focada na sonoridade em si, e não na tonicidade das palavras. Diferentemente da Construção e da (des)Construção, as quais apresentam obrigatoriamente proparoxítonas para encerrar cada frase.
Se o requinte do Drama de Angélica simbolizava a produção sertaneja da época, e se o amontoado de fezes que faz parte deste estilo musical atualmente traça um panorama do nosso retrocesso educativo, fica fácil enxergar o emburrecimento sistemático vivido pelos brasileiros em sua maioria.
Já que o futuro parece intimidante, deleitemo-nos com o glorioso passado. Amplie seu vocabulário com a letra, e depois divirta-se com a música dos geniais Alvarenga e Ranchinho.
Drama de Angélica
Ouve meu cântico
Quase sem ritmo
Que a voz de um tísico
Magro esquelético
Poesia épica,
Em forma esdrúxula
Feita sem métrica,
Com rima rápida
Amei Angélica,
Mulher anêmica
De cores pálidas
E gestos tímidos
Era maligna
E tinha ímpetos
De fazer cócegas
No meu esôfago
Em noite frígida,
Fomos ao Lírico
Ouvir o músico
Pianista célebre
Soprava o zéfiro,
Ventinho úmido
Então Angélica
Ficou asmática
Fomos ao médico
De muita clínica
Com muita prática
E preço módico
Depois do inquérito,
Descobre o clínico
O mal atávico,
Mal sifilítico
Mandou-me o célere,
Comprar noz vômica
E ácido cítrico
Para o seu fígado
O farmacêutico,
Mocinho estúpido,
Errou na fórmula,
Fez despropósito
Não tendo escrúpulo,
Deu-me sem rótulo
Ácido fênico
E ácido prússico
Corri mui lépido,
Mais de um quilômetro
Num bonde elétrico
De força múltipla
O dia cálido
Deixou-me tépido
Achei Angélica
Já toda trêmula
A terapêutica
Dose alopática,
Lhe dei uma xícara
De ferro ágate
Tomou no fôlego,
Triste e bucólica,
Esta estrambólica
Droga fatídica
Caiu no esôfago
Deixou-a lívida,
Dando-lhe cólica
E morte trágica
O pai de Angélica
Chefe do tráfego,
Homem carnívoro,
Ficou perplexo
Por ser estrábico
Usava óculos:
Um vidro côncavo,
Outro convexo
Morreu Angélica
De um modo lúgubre
Moléstia crônica
Levou-a ao túmulo
Foi feita a autópsia
Todos os médicos
Foram unânimes
No diagnóstico
Fiz-lhe um sarcófago,
Assaz artístico
Todo de mármore,
Da cor do ébano
E sobre o túmulo
Uma estatística,
Coisa metódica
Como Os Lusíadas
E numa lápide,
Paralelepípedo,
Pus esse dístico
Terno e simbólico:
“Cá jaz Angélica,
moça hiperbólica
beleza helênica,
morreu de cólica!
http://maisocitocina.blogspot.com.br/2013/03/erudicao-sertaneja-pre-chico-buarque.html
Sabe Tudo!
[video:http://youtu.be/VIgRLmQA5l0%5D
Enquanto espera o trem, transita entre o erudito e o sertão satanizado por quem desconhece as obras primas da música que são produzidas por caipiras de responsa, sem deixar abalada a festa, Meu Rei, que acaba em Rock dos bão!
“no limite das trevas / passa o trem da paz / oh, trem da paz, conduza esse país”
[video:http://youtu.be/Focy5GfVxpc%5D
Desanconselho, em horário impróprio para menores, mostrar a madeira de dar em doido e tampouco a sorumbática serpente outrora venenosa.
Fui!
Meu Guru!!!
Madeira de lei cupim não rói!!!
Fui!
[video:https://www.youtube.com/watch?v=DyqIsFHhcKg%5D
[video:https://www.youtube.com/watch?v=pxA4FN7vgk%5D
[video:https://www.youtube.com/watch?v=LRwMDt4EDnI%5D
Direto dos salões nobilissimos de mi casa 😉
Que boa lembrança, dom Luciano: Canhoto ! Sempre e sempre regravado. Agora, o tal capim gordura parece praga mesmo. Mas… não arredamos o pé daqui mesmo assim !
Para Maria Luisa,
Um Abismo de Rosas!
[video:https://www.youtube.com/watch?v=e8dyAvcfqMA%5D
Primeiros Posts
Amigo Luciano,
Empolgada com a criação da “Comunidade Luis Nassif” (assim batizada, em julho de 2008) e, posteriormente, de “Portal Luis Nassif” comecei minha trajetória de “blogueira” na área musical.
Este post que você destacou sobre o violonista Américo Jacomino foi um dos primeiros que fiz motivada pela participação do grande violonista Gilson Antunes no IV FENAVIPI (Festival Nacional de Violão do Piauí), em 2008. Na época eu já era apaixonada pelo violão de obra do Américo Jacomino, onde destaco sua bela composição – “Abismos de rosas”. O contato com o Gilson nas “masterclass” e em conversas de bastidores motivou-me a fazer o post que você, generosamente, destacou aqui e agradeço.
O texto maior (entre aspas) é o próprio Gilson Antunes que é um grande estudioso da obra do Américo Jocomino. O encontro com o Gilson no FENAVIPI contribuiu muito para aumentar minha paixão pelo violão brasileiro e pela obra do Jocomino.
Gregório gosta de dizer que sou garimpeira, mas você, meu amigo, não tem quem supere (rsrsrs). Que maravilha essas gravações do Canhoto de 1913.
Parabéns! Grande abraço.
“Abismo de rosas”, na interpretação de Gilson Antunes aqui.
“Abismo de rosas” (Américo Jocomino – Canhoto) # Garoto. Disco Odeon (13119-A), 1951.
[video:http://www.youtube.com/watch?v=1674uFXpM1c#t=17%5D
Grande Abraço, amiga Laura!
Envio o violonista cearense Nonato Luiz interpretando Deusa da minha rua e ABISMO DE ROSAS!
luciano
[video:https://www.youtube.com/watch?v=CFi1wTrlv60%5D