Carolina de Jesus e o sonho de ser escritora

Em 1958, o repórter do jornal Folha da Noite, Audálio Dantas, conhece Carolina e seu diário ao fazer uma reportagem sobre a favela do Canindé. Encantado, o repórter publica parte do material.

Carolina de Jesus e o sonho de ser escritora

Carolina Maria de Jesus nasceu no dia 14 de março de 1914, na cidade de Sacramento, interior de Minas Gerais. Filha ilegítima de um homem casado, Carolina foi criada por sua mãe, lavadeira, com mais sete irmãos. Com o apoio de uma das freguesas de sua mãe, é matriculada aos sete anos no colégio espírita Alan Kardec, instituição de ensino mantida por pessoas influentes da cidade. Apesar de cursar apenas a primeira e a segunda série do ensino fundamental, Carolina desenvolve interesse pela leitura e pela escrita.

Durante a infância e a adolescência, a futura escritora vive em diversas cidades do interior de Minas e São Paulo, quase sempre trabalhando como lavradora. Em 1937, com o falecimento de sua mãe, Carolina se muda para a capital de São Paulo. Dez anos depois, quando fica grávida de seu primeiro filho, muda-se para a favela do Canindé, na zona norte da capital paulista. Trabalha como catadora de papel e, nas horas vagas, registrava o cotidiano da favela em cadernos que encontrava no material que recolhia.

Entre 1941 e 1958, sonhando ser escritora, Carolina envia poemas para a redação do Jornal Folha da Manhã, que os publica regularmente. Em 1958, o repórter do jornal Folha da Noite, Audálio Dantas, conhece Carolina e seu diário ao fazer uma reportagem sobre a favela do Canindé. Encantado, o repórter publica parte do material. Um ano depois, a revista O Cruzeiro também publica alguns trechos do diário. Em 1960, o livro  autobiográfico “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, com edição de Audálio Dantas, é publicado com uma tiragem de dez mil exemplares.

Com o sucesso das vendas, Carolina, agora com três filhos, se muda para um caso no Alto de Santana, na capital paulista. Recebe homenagens da Academia Paulista de Letras e da Academia de Letras da Faculdade de Direito de São Paulo. Em 1961, a escritora viaja para a Argentina onde é agraciada com a “Orden Caballero Del Tornillo”. Nos anos seguintes, publica “Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada” (1961); “Pedaços da Fome” (1963) e “Provérbios” (1965).

Apesar do sucesso editorial inicial, logo a escritora volta à condição de catadora de papel e é praticamente esquecida. Em 1969, muda-se para Parelheiros, em São Paulo. No dia 13 de feveriro de 1977, Carolina Maria de Jesus falece em São Paulo, de insuficiência respiratória. Outras seis obras foram publicadas após sua morte, compiladas a partir dos cadernos e materiais deixados por ela. Em 2017, sua história foi registrada por Tom Farias em Carolina – Uma Biografia, publicada pela editora Malê.

Fonte:

Revista Galileu – https://glo.bo/2On2Sr0

E-biografia: https://bit.ly/2XRawgD

Literafro – http://www.letras.ufmg.br/literafro/

Redação

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