Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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Catolé no pé tá seguro, mas caiu no chão tá maduro, por Luciano Hortencio

Catolé no pé tá seguro, mas caiu no chão tá maduro

por Luciano Hortencio

Não respondo pelos irmãos das gerações mais jovens, porém todo cearense com mais de 50 anos conhece e lembra muito bem do catolé, ora se lembra…

Fruto da palmeira denominada cyagrus cearenses e por nós chamada de “pé de catolé”, o catolé, também chamado coco catolé ou coco babão fazia a alegria da meninada, quer fosse rica ou pobre.

O catolé tem um sabor delicioso e é extremamente doce. Não sei de onde tiraram que sua casca amarga como fel, só se for ainda verdoso o fruto. A meninada deliciava-se com a fartura de catolés e depois de chupá-lo até ficar só o caroço, guardava-o para secar e comer o coquinho que havia dentro.

Menino ainda, ia com meu pai Murillo Hortencio de Medeiros ao Mercado São Sebastião todos os sábados e ali fazia a festa. Papai adorava comprar todo tipo de fruta para jogar dentro de um tanque que havia em nosso jardim, quando tomávamos banho nos finais de semana. Não sei quem gostava mais, se nós ou ele. O cacho de catolé não deixava de ser adquirido, juntamente com macaúbas, seriguelas, pitombas, cajá umbu e outras frutas deliciosas.

Vendia-se também, no Mercado, um colar que mais parecia um rosário, pleno de coquinhos de catolé. A gente ia comendo devagarzinho, de um a um. Que saudade, meu Deus.

Hoje amanheci com esse refrão “catolé no pé tá maduro, mas caiu no chão tá seguro” e liguei pro meu irmão Murilinho para assuntar e ele não lembrou e nem deu confiança. Não desisti e fui recorrer ao Arquivo Nirez, mantido pelo jornalista pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo. Não deu outra. Bingo!

Compartilho com todos a interpretação de Stellinha Egg para o folclore cearense denominado CATOLÉ, com harmonização de Humberto Teixeira e Lauro Maia.

Coisas que o tempo levou.

CATOLÉ/RANDOVAL MONTENEGRO/BRENO FERREIRA/VICTOR/33.319-a/1930-12

Stellinha Egg – CATOLÉ – folclore cearense – arranjo de Humberto Teixeira – Lauro Maia.

Disco Capitol 00-00.011-A.

Ano de 1950.

Arquivo Nirez.

Coisas que o tempo levou.

 

Catolé no pé tá seguro

Mas caiu no chão tá maduro (bis)

 

Catolé é doce qui nem mé

Mas a casca amarga como fé (bis)

 

Catolé faz lembrar sem querer

Mulher carrancuda, de cara sisuda, mas bom coração.

 

Tenta muito a moça que amou, amadurecer,

Então ela cai como um catolé no chão.

 

Catolé no pé, doce qui nem mé.

Catolé no pé, doce qui nem mé.

Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

7 Comentários

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  1. Grande resgate, meu amigo

    Grande resgate, meu amigo Luciano. Na minha região não temos catolé; mas isso me refreca a memória da gobiraba, murici, ingá e gama imensa de frutos autoctones da minha região, alguns deles desaparecidos.

  2. Syagrus Cearensis

    Amigo José de Almeida Bispo!

    Muito obrigado por comentar. Adoro nossas frutas regionais. Não resisto e compro semque que encontro alguma no mercado.

    Peço licença para anexar a foto da Syagrus Cearensis, cujo nome saiu distorcido no post. (Escrevo de uma lapada e esqueço de fazer a revisão…)

    Forte abraço do luciano

  3. Macaúba

    Em Goiás, nas terras férteis, existe um coco parecido com este, mas de outra espécie, conhecido como macaúba. Também tem uma polpa adocicada e uma castanha muito dura, mas saborosa.

  4. Meu pai, que nasceu em Lagoa,
    Meu pai, que nasceu em Lagoa, Paraiba, e mudou-se com a familia para Mombaça, contava que uma das hipoteses para esse nome “catole” se devia ao barulho que vinha das matas por causa dos macacos quebrando esse coco. Eles pousavam o coco em uma pedra, e com uma outra davam uma pancada. Comiam varios. O golpe era certeiro: um coco, um catole. E o som vinha do mato, “catole!” “catole!”

    1. Comentário paidégua, Lucinei!!!

      Ai vai a letra do arranjo de Lauro Maia e Luís Róseo, contante do Livro HINOS E CANÇÕES, de Filgueiras Sampaio.

      Agradeço publicamente ao amigo Nirez, pelo envio da foto.

  5. Interessante. Tenho uma música intitulada côco que não é cocô.
    Faz referencia a este fruto adocicado, mas com faço moqueca e picolé..
    Fiz com base época de criança quando comia desses frutos melava a boca e o queixo. Pseudônimo “Coco Babão faz juz a ua ação de nos deixar com a boca meleda.

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