Chile admite possível assassinato de Pablo Neruda

Da Deutsche Welle

Chile admite possível assassinato de Pablo Neruda

Governo afirma que participação de terceiros na morte de poeta é “altamente provável”, mas ressalta que peritos não chegaram a conclusão. Oficialmente Neruda morreu de câncer em 1973.

Neruda era membro do Comitê Central do Partido Comunista no Chile

O governo do Chile admitiu que Pablo Neruda pode ser sido assassinado. O poeta chileno morreu em circunstâncias suspeitas no dia 23 de setembro de 1973, duas semanas depois do golpe militar que levou Augusto Pinochet ao poder.

Em comunicado, o Ministério chileno do Interior afirmou que Neruda pode não ter morrido de câncer. “É claramente possível e altamente provável a participação de terceiros” na morte do poeta, disse o documento.

O ministério, no entanto, ressaltou que uma equipe de peritos não chegou a uma conclusão. O documento, divulgado pela imprensa nesta quinta-feira (05/11), foi enviado pelo governo ao juiz que está investigando o caso, em março.

Neruda morreu no dia 23 de setembro de 1973, exatamente 12 dias após o golpe militar no Chile. De acordo com a versão oficial aceita até os dias de hoje, a causa da morte do poeta seria um câncer.

No entanto, o motorista de Neruda na época, Manuel Araya, que o levou para o hospital, contesta essa versão. Ele tem certeza de que o poeta, crítico do regime, foi intoxicado com alguma substância analgésica.

O poeta era membro do Comitê Central do Partido Comunista e amigo próximo do presidente Salvador Allende, que foi deposto pelo golpe que levou Pinochet ao poder. Com o início da ditadura, Neruda planejava se exilar no exterior.

A morte de Neruda foi tão controversa que seu corpo foi exumado em 2013. Peritos, porém, descartaram que o poeta tenha morrido por envenenamento. Sua família não ficou satisfeita com a avaliação e pediu uma investigação mais profunda.

CN/efe/ap

 

Redação

17 Comentários

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  1. O celebre ditado diz:
    “O

    O celebre ditado diz:

    “O poeta morto a tirania triunfa”.

    Na Espanha, para a tirania de Franco triunfar, mataram Garcia Lorca.

    Os poetas trabalham com a mais delicada das artes.

    Dominam a força das palavras, por isso os tiranos os calam.

    1. Tiranos calam, à todos que, a verdade expressam.

      Brasil  :  Abril de 64. 

      A repressão à intelectualidade é intensa. Em 01/04/64 metralha as Faculdades de Filosofia da UFRJ e USP. Demite centenas de professores universitários, entre eles o arquiteto Oscar Niemeyer, o sociólogo Josué de Castro, o economista Celso Furtado, os educadores Anísio Teixeira e Paulo Freire; a universidade de Brasília, a mais atingida, invadida pela PM em 18/10/65, perde 210 professores. Samuel Wainer se exila e 1.500 jornalistas são demitidos. Herivelto Martins, Mario Lago, Jorge Goulart, Wanda Lacerda, Dias Gomes, Nora Ney, Oduvaldo Viana, Paulo Gracindo e Jorge Veiga são alguns dos artistas perseguidos.

      “ conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês.” (João 8,32)

    2. O assassinado por fusilamento

      O assassinado por fusilamento de Federico Garcia Lorca foi um ato covarte do bando franquista MAS não era preciso mata-lo para o alzamiento nacionalista triunfar, as causas de Franco vencer foram infinitamente mais complexas e derivaram do quadro da politica geral europeia da época e do apoio dos nazi-fascitas ao movimento de Franco, alem da fraqueza institucional da Republica de Manuel Azaña e pela hipocrita neutralidade franco-britanica. Lorca foi uma nota de rodapé, não teve qualquer influencia no desfecho do conflito, sua execução foi um ato de bestialidade dos nacionalistas.

      1. A força e o papel de um poeta

        A força e o papel de um poeta na historia de um povo jamais sera compreendida por pessoas como voce, que tanto idolatram ditadores.

        1. Faco uma nalise historica a

          Faco uma nalise historica a partir da Guerra Civil Espanhola, tema sobre o qual tenho mais de 300 livros em minha biblioteca, Lorca foi um extraordinario poeta mas sua execução não alterou em nada o desfecho do conflito, centenas de intelectuais espanhois foram perseguidos e exilados, Guernica foi riscada do mapa, são aontecimentos à coté do conflito, o desfecho foi dado pela superioridade militar do exercito nacionalista e pela capacidade deste de obter armas e munições e do outro lado, do desmonte da frente politica do governo Azaña-Negrin.

          Minha analise é consentanea com Hugh Thomas, Gerald Brennan e George Orwell, historiadores desse conflito.

          1. Vou repetir o que disse acima

            Vou repetir o que disse acima respondendo a outro “comentarista”.

            É evidente que apenas um poeta não impediria a tragedia que recaiu sobre a Espanha.

            Apenas usei uma metafora.contida num ditado popular.

            Para Franco triunfar seu grupo não so assassinou o maior poeta espanhol, como destruiu uma geração de grandes artistas, grandes pensadores, professores.

            Esses estão sempre entre as primeiras vitimas das ditaduras.

            Como bem disse, abaixo, a comentarista Meire, no Brasil, em 64, a ditadura cassou, prendeu, assassinou varios “poetas”, de diferentes campos do pensamento.

            Alias, destruir sempre uma geração de artistas e outros intelectuais é um dos fatores mais negativos das ditaduras militares, nos paises em que se instalavam.

            É uma perda que necessita e decadas para ser reparada.

      2. Vc está coberto de razão, AA.

        Vc está coberto de razão, AA. E, se me permite, nem o mais fanático republicano diria que Franco ganhou exatamente por seus comandados terem matado o poeta García Lorca.

        1. Prezado, faça uma leitura

          Prezado, faça uma leitura menos rasteira do que escrevi e sera capaz de entender.

          É evidente que apenas um poeta não impediria a tragedia que recaiu sobre a Espanha.

          Apenas usei uma metafora.contida num ditado popular.

          Para Franco triunfar seu grupo não so assassinou o maior poeta espanhol, como destruiu uma geração de grandes artistas, grandes pensadores, professores.

          Esses estão sempre entre as primeiras vitimas das ditaduras.

          Como bem disse, abaixo, a comentarista Meire, no Brasil, em 64, a ditadura cassou, prendeu, assassinou varios “poetas”, de diferentes campos do pensamento.

  2. Breve consideração à margem do ano assassino de 1973

    Breve consideração à margem do ano assassino de 1973

    Vinícius de Moraes

    Que ano mais sem critério 
    esse de 73
    Levou para o cemitério 
    três Pablos de uma só vez

    Três Pablões, não três pablinhos 
    No tempo como no espaço 
    Pablos de muitos caminhos: 
    Neruda, Casals, Picasso.

    Três Pablos que se empenharam 
    contra o fascismo espanhol 
    Três Pablos que muito amaram 
    Três Pablos cheios de Sol.

    Um trio de imensos Pablos 
    em gênio e demonstração 
    Feita de engenho, trabalho 
    Pincel, arco e escrita à mão.

    Três publicíssimos Pablos: 
    Picasso, Casals, Neruda 
    Três Pablos de muita agenda 
    Três Pablos de muita ajuda. 
    Três líderes cuja morte 
    o mundo inteiro sentiu

    Oh ano triste e sem sorte
    Vá pra puta que o pariu

  3. O atual governo chileno é do

    O atual governo chileno é do grupo politico que foi esmagado pelo golpe militar do General Pinochet, portanto sua linha de

    raciocinio é sempre ideologico em relação a era Pinochet. Esta analise carece de logica, Neruda estava muito doente com cancer terminal,  não representava perigo algum ao regime, porque o risco de mata-lo? Mas essa linha gera dividendos politicos ao grupo atualmente no poder.  Ja oram feitas muitas investigações em varios governos e todos concluiram pela morte natural. Essa noticia segue a mesma linha de assassinatos politicos de Jango, JK, Lacerda, Castelo, é preciso provar que foram assassinados para criar capital politico para a esquerda.

      1. Não defendo ditadura alguma,

        Não defendo ditadura alguma, defendo a logica. Quando cmeçou a campanha para provar que Jango foi assassinado disse a mesma coisa aqui no blog, exumou-se o corpo,  feitos todos os exames possiveis a conclusão é que Jango morreu de morte natural.

  4. Ustra: A vergonhosa ignomínia e o Poeta
    Difícil esquecer, sempre que este tema surge, de um dos primeiros posts neste GGN que trazia meu nome. Quando leio tudo que os militares tem proclamado, fomentado e articulado desde março de 2014 em relação à Guerrilheira Dilma, mais tranquila fico com o acerto da minha percepção.

    Lendo que Ustra foi HOMENAGEADO; homenageado, não citado, não lembrado mas HOMENAGEADO  tenho engulhos.  Penso nos familiares dos torturados. E nos jornais as articulações das Armas contra o Governo. Fora todo o resto. Um desastre.

    Foi uma honra naquele momento contraditar o Sr. André Araújo. Por algum tempo acompanhei suas postagens – texto primoroso e boa argumentação – juntamente com as de Diogo Costa – sumido – reputando-as de qualidade.

    À medida que recrudescia e vulcanizava-se a campanha contra Dilma e seu Governo, percebi claramente o que efetivamente aborda e defende AA em seus textos, ainda muito bem construídos e sempre embasados por historiadores de renome, uma argumentação sempre muito bem respaldada, com as citações devidas em textos de viés histórico. A essência de seu pensamento sobre as ações militares sobre civis – sempre valiosos, oportunos e nunca aleatórios relatos históricos trazidos ao GGN – está refletida em dois ou três comentários feitos a este post sobre Neruda. (sobre Lorca, “MAS não era preciso matá-lo…).

    E por isto estou feliz. Feliz porque lá, naquele post, eu neófita, chegando ao GGN disse o que realmente deveria ter dito. Não vou repetir porque não é preciso.  Basta anexar o link.

    Imprescindível creditar a contra-argumentação aos valiosos colegas de blog que trouxeram informações importantes que foram anexadas a minha superficial – mas mantida – opinião. Sou grata a todos.

    Em 28/02/2015:

    https://jornalggn.com.br/noticia/alianca-com-as-forcas-armadas-duas-visoes-e-um-debate

    Estou entrando de férias. Espero que na volta os homenageados sejam cidadãos de valor que tenham defendido a nação e a pátria dos salteadores e piratas que desejam perfurar-lhes o coração e matá-las por asfixia e sangria.

    Até.

  5. O caso Neruda

    Quem ainda não leu, agende para ler O caso Neruda, romance “policial” do também chileno Roberto Ampuero, ora radicado nos EUA. Imperdível.

  6. Palavras… por ter coragem de dizê-las mataram o poeta

    …Tudo o que você quiser, sim senhor, mas são as palavras que cantam, que sobem e descem… Prosterno-me diante delas… Amo–as, abraço-as, persigo-as, mordo-as, derreto-as… Amo tanto as palavras… As inesperadas… As que glutonamente se amontoam, se espreitam, até que de súbito caem… Vocábulos amados… Brilham como pedras de cores, saltam como irisados peixes, são espuma, fio, metal, orvalho… Persigo algumas palavras… São tão belas que quero pô-las a todas no meu poema… Agarro-as em voo, quando andam a adejar, e caço-as, limpo-as, descasco-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas… E então revolvo-as, agito-as, bebo-as, trago-as, trituro-as, alindo-as, liberto-as… Deixo-as como estalactites no meu poema, como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes das ondas… Tudo está na palavra… Uma ideia inteira altera-se porque uma palavra mudou de lugar, ou porque outra se sentou como um reizinho dentro de uma frase que não a esperava, nas que lhe obedeceu… Elas têm sombra, transparência, peso, penas, pêlos, têm de tudo quanto se lhes foi agregando de tanto rolar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto serem raízes… São antiquíssimas e recentíssimas… Vivem no féretro escondido e na flor que desponta… Que bom idioma o meu, que boa língua herdámos dos torvos conquistadores… Andavam a passo largo pelas tremendas cordilheiras, pelas Américas encrespadas, em busca de batatas, chouriços, feijões, tabaco negro, ouro, milho, ovos fritos, com aquele voraz apetite que nunca mais se viu no mundo… Tudo engoliam, juntamente com as religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais às que traziam nas grandes bolsas… Por onde passavam ficava arrasada a terra… Mas aos bárbaros caíam das-botas, das barbas, dos elmos, das ferraduras, como pedrinhas, as palavras luminosas que ficaram aqui, resplandecentes… o idioma. Ficámos a perder… Ficámos a ganhar… Levaram o ouro e deixaram-nos o ouro… Levaram tudo e deixaram-nos tudo… Deixaram-nos as palavras.

    Pablo Neruda, in “Confesso que Vivi”

     

  7. Mais uma teoria conspiratória

    Não há maior indigência intelectual do que o vício de construir teorias conspiratórias. Quanto mais elaboradas, maior a indigência. Servem apenas para distração.

    Vamos raciocinar: o regime de Pinochet, naqueles dias após o golpe, estava matando geral. Se eles quisessem mesmo matar Neruda, teriam-no levado um centro de detenção qualquer e fuzilado-o, tal como fizeram com tantos outros. Não tem sentido eles elaborarem esse esquema complicado com agentes infiltrados em clínicas e injeções adulteradas. É besteira.

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