Eduardo Coutinho é “Um cabra marcado para viver”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Eduardo Coutinho é um dos principais nomes estudados e referendados no documentário brasileiro. Entre “Edifício Master”, “Jogo de cena”, “Babilônia 2000” e “Cabra Marcado para Morrer”, viveu de 11 de maio de 1933 a 2 de fevereiro de 2014. Da filmografia para os livros, a realidade com que viveu sua vida e a forma como tornou indíviduos comuns protagonistas no cinema, permanecerá lembrada e existida.

O jornalista Alberto Dines, que trabalhou com Eduardo Coutinho na revista Visão, dos anos 50, o descreveu como “Um cabra marcado para viver. Esta tragédia grega não acaba com a biografia de um dos cabras mais criativos e independentes da cena cultural brasileira”.

Em maio de 2013, foi quem o entrevistou para o Observatório da Imprensa. “Foram 52 minutos com um homem-verdade”, explicou Alberto Dines.

Clique aqui para acompanhar a entrevista que Eduardo Coutinho concedeu a Alberto Dines.

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Foi ontem (02) memorizado por diretores e cineastas do Brasil, em relatos ao IG:

“Não há na história do País qualquer outro cineasta que tenha feito tantos filmes desse nível”, disse o diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) André Sturm.

“O tipo de cinema que ele faz ninguém mais faz no Brasil, sua morte deixa um vazio de fato, não há ninguém para ocupar seu lugar. Uma morte trágica destas faz ser ainda mais difícil aceitar a perda”, reportou o cineasta Fernando Meirelles.

“Eu estou muito devastado, não sei nem o que te dizer. As pessoas sempre disseram que era um grande documentarista, mas para mim era um dos maiores diretores de cinema do Brasil. Ele entendia o cinema como ninguém, e é muito triste, porque ele estava bem, e a gente estava esperando um novo filme, um novo olhar dele”, disse o diretor Marco Dutra ao IG.

“Ele sabia mostrar os dramas de forma verdadeira sem apelação, sem pieguice (…) Ele sempre foi um exemplo para quem segue a carreira no cinema, especialmente no gênero de documentário”, contou o diretor carioca Marcelo Galvão.

“No cinema nacional a gente tem poucos faróis, poucas pessoas que eu cultivo como mestres. Coutinho para mim era isso: um farol do cinema nacional, não só do documentário. No Brasil, o documentário é tão mais forte do que a ficção, está num momento tão melhor, e um dos caras que impuseram isso foi o Coutinho. É uma perda brutal. A sorte é que ele deve ter deixado muitos filhotes, muita gente que vai tentar continuar o que ele fez, ou racionar como ele raciocinava”, descreveu o diretor Nando Olival.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Lembro do dia em que anos

    Lembro do dia em que anos depois de ter iniciado a filmagem do Cabra marcado para morrer (se não me engano o documentário foi concluido depois da abertura democrática), assisti em Brasília uma das primeiras sessões. Foi emocionante. Ontem o espanto e a tristeza tomaram conta de mim. Ainda não dá para acreditar.

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