Morre Antônio Abujamra

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – O ator e diretor Antônio Abujamra morreu na manhã desta terça-feira, em São Paulo. Ele foi encontrado morto em sua casa na Rua Maranhão, Higienópolis, na capital paulista.  Abujamra estava com 82 anos e deixou 2 filhos e 2 netos. João, sobrinho de Abujamra, contou ao G1 que conversou com o tio nesta segunda, dia 27, e ele estava ótimo. Disse ainda que ele não estava fazendo nenhum tratamento médico.

Segundo nota da TV Cultura, onde ele apresentava o programa Provocações, Abujamra estava dormindo em sua casa. “É com grande pesar que informamos que hoje, 28/042015, o apresentador de Provocações, Antônio Abujamra, faleceu. Agradecemos o carinho e apoio de todos que tem nos acompanhado ao longo desses 14 anos de programa”, diz nota na página do programa no Facebook.

Abujamra nasceu em Ourinhos, em 15 de setembro de 1932 e foi um dos primeiros a utilizar os métodos teatrais de Brecht e Planchon em palcos brasileiros. Formou-se em Filosofia pela PUC do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, em 1957. Começou como crítico teatral e, entre 1955 e 1958, estreou como ator e diretor no Teatro Universitário.

Em 1961 estreou profissionalmente, em São Paulo, no Teatro Cacilda Becker, dirigindo “Raízes”, de Wesker. Em 1963 fundou o Grupo Decisão, junto com Antônio Ghigontto e Emílio Di Biasi, com intenção de disseminar o teatro político com base na técnica de Brecht. A primeira produção foi “Soracaba, Senhor”, uma adaptação de Funteovejuna, de Lope de Vega.

No Rio de Janeiro, em 1965, Abujamra dirige a montagem de “O Berço do Herói”, de Dias Gomes, peça interditada pela censura no dia do ensaio geral. Nos anos seguintes, dedica-se ao Teatro Livre, companhia de Nicette Bruno e Paulo Goulart.

Em 1975, dirige Antônio Fagundes no monólogo “Muro de Arrimo”, de Carlos Queiroz Telles, paradoxo entre as duras condições de vida de um operário da construção civil e suas ilusórias expectativas de um futuro brilhante, e recebe o Prêmio Molière, pela direção de “Roda Cor de Roda”, de Leilah Assumpção.

Na primeira metade dos anos 1980, Abujamra luta por recuperar o Teatro Brasileiro de Comédia. Entre seus espetáculos mais significativos no TBC estão “Os Órfãos de Jânio”, de Millôr Fernandes, 1981; “Hamletto”, de Giovanni Testori, 1981; “Morte Acidental de um Anarquista”, de Dario Fo, 1982; e “A Serpente”, de Nelson Rodrigues, 1984. Em 1987, encerrado o projeto do TBC, Abujamra dirige, para a Companhia Estável de Repertório, de Antonio Fagundes, a superprodução “Nostradamus”, de Doc Comparato, grande êxito de bilheteria.

Aos 55 anos, Abujamra inicia sua carreira de ator. Em dois anos, atua em duas telenovelas e três peças e é premiado pelo desempenho no monólogo “O Contrabaixo”, de Patrick Suskind, 1987. Em 1991, recebe o Prêmio Molière pela direção de “Um Certo Hamlet”, espetáculo de estreia da companhia Os Fodidos Privilegiados, fundada por Abujamra para ocupar o Teatro Dulcina, no Rio.

Com informações do G1.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

18 Comentários

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  1. A última foto de sua vida.

    Triste notícia.

    Gostava do  Provocações.

    O que é a vida?…. De novo: o que é a vida?…

    Lamentavelmente,  a partir de hoje, as fotos finais ficarão em nossas memórias…

     

     

     

     

  2. Uma de suas inumeras citações

    “Um fato marcou a minha vida para sempre: eu nasci!… O resto foi uma mera sequência de acontecimentos, que já é passado.
    Neste instante, vivo o presente (que ainda não é fato), que está sendo feito, que pulsa no ritmo do meu coração, que passa na velocidade do meu pensamento, cheio de lembranças, sonhos e, desejos… Tudo tão efêmero quanto a própria existência. Outro fato irá selar a minha vida… Então, o mundo já não existirá para mim.”

    De Luiz Colares

  3. Adeus Abu!

    Nos deixou, para quem via Provocações ou viu suas peças de teatro, a importância de se desvencilhar das convenções e pensar. Pensar, ler, viver e querer entender. 

  4. Muito triste…

    Muito triste. Provocações era um dos raros programas da televisão brasileira que dava prazer assistir. Infelizmente sentiremos a ausência desse grande artista e ser humano.

    O Abu nos brindava com sua inteligência e sarcasmo. Um artista raro. O Brasil perde um grande artista.

  5. Provocações: idolatrando a dúvida !

    em meia-hora, as mais diversas figuras sendo entrevistadas por quase 14 anos.

    – como dizia no início de cada programa: “Idolatrando a dúvida”.

  6. foi-se

    Foi-se o Abujamra.

    Dane-se quem ficou e vida que segue.

    Cheguei a passar horas ouvindo as leituras e recitações dele no PROVOCAÇÕES

  7. Triste vidinha essa nossa!

    Abujamra era muito querido. A inteligência do mundo perde mais um pouco; está se esvaindo…

    Os cretinos e os idiotas de plantão celebram: Abujamra os queria deitados e enterrados.

    Quem irá nos provocar às terças-feiras, agora?

    Quem poderá nos responder: o que é a vida?

    E o Jorge Bornhausen vivinho da silva.

    Vá entender.

  8. Grande “provocador”!!! Vai

    Grande “provocador”!!! Vai continuar com suas “provocações” inteligentes no Céu, no Além, no Infinito, onde quer que seja… 

    Um grande perda, sem dúvida…

  9. Minha intimidade com Abujamra

    Minha intimidade com Abujamra se deu no Provocações, da TV Cultura. Adorava ver a maneira em que entrevistava seus convidados sem puchasaquismo e elogios. Procurava tirar do entrevistado o que tinha de mais intrínseco e excêntrico, sem cair em lugar comum. Asperguntas do que é a vida, do que era pior a civilixação- bancos, religião ou o Estado tornava sua entrevista sem igual. A algum tempo nãochoro pela morte de artistas, ou atores. Estou chorosa e saudosa pela falta que o Grande Abu nos fará. Descanse em paz .

     

    1. Nassif, por gentileza, suba

      Nassif, por gentileza, suba este post para a página principal. Só soube da morte ao anoitecer. Vamos prestar essa homenagem ao Grande Abu.

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