Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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O Carnaval Carioca, na segunda década do século XX

por Luciano Hortencio

Vários Artistas – CARNAVAL CARIOCA – Costa Jr. (Juca Storini).

Disco  Favorite R-1-457.027.

Ano de 1912.

Disco constante do Arquivo Nirez.

Coisas que o tempo levou.

Obs: Consegui transcrever a primeira marcha, que faz referência irreverente e jocosa à “Vacina Obrigatória” e também o samba, que vem em terceiro lugar da gravação.

Interessante salientar que a gravação é anterior ao samba “Pelo Telefone”, porém o apresentador fala e reitera duas vezes:

“Agora é o samba, agora é o samba, agora é o samba…”

 

Primeira marcha:

Eu vou-me embora, pai, tô indo embora.

Para livrar-me da vacina obrigatória.

Eu vou-me embora, pai, vamos embora.

Para livrar-me da vacina obrigatória.

Ai, houve tiro de revólver, muita pancadaria,

A vacina obrigatória precisou cavalaria.

Eu vou-me embora, pai, vamos embora.

Para livrar-me da vacina obrigatória.

Toca toca o telefone lá vem a cavalaria,

Fazendo pouco do povo, da forma que ela queria.

Eu vou-me embora, pai, vamos embora.

Para livrar-me da vacina obrigatória.

 

O samba:

Crioula, mulata,

As tuas cadeiras são que me matam.

Crioula, mulata,

As tuas cadeiras são que me matam.

Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

6 Comentários

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  1. Interessantíssimo, Luciano.

    Interessantíssimo, Luciano. Valeu. 

    Não conhecia a marcha sobre a vacina obrigatória. Reparou que a melodia do refrão desse trecho é igual à do refrão de “No bico da chaleira”? E também, como “No bico da chaleira”, vêm em seguida as quadrinhas sobre os democratas e a bela iaiá, me deixa passar.  

    É evidente que Storoni recolheu das ruas muita coisa, inclusive a marcha inicial sobre a vacina.

    A revolta da vacina foi em 1904, No bico da chaleira é de 1909, esse pot-pourri foi lançado de 1912.

  2. Historia do samba

    Que preciosidade esse arquivo do Nirez e que beleza que ele e o Luciano compartilhem essa pérolas conosco. Fala-se muito d do rancho como precedente ao samba, mas o samba nasceu nas ruas, com pai e mãe e acabou nos enredos das, então, escolas de samba. E o interessante ao ler as historias do carnaval carioca é ver como aos poucos foi se desenvolvendo e popularizando o carnaval de rua.

    [video:https://youtu.be/iHTBsV1YQDU%5D

  3. Refiro-me a esta versão de

    Refiro-me a esta versão de “No bico da chaleira”, cantada no carnaval de 1909, gravada mais tarde pelo Almirante no programa de rádio dele. Foi ela que abriu o bloco das outras marchas sobre a chaleira. Me mande seu email que mando o arquivo de áudio.

     

    Iaiá, me deixe subir esta ladeira
    Que eu sou do grupo do pega na chaleira.

    Quem vem de lá,
    Bela Iaiá,
    Ó abre alas
    Que eu quero passar.

    Sou Democrata,
    Águia de Prata,
    Vem cá mulata
    Que me faz chorar.

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