Roberto Carlos, além de tantas emoções, “a rebelião da juventude”

Por Odonir Oliveira

Roberto Carlos em início de carreira, antes da Jovem Guarda,  quando ainda cultivava em nós, jovens imaturos, ingênuos,e completamente alienados politicamente, uma necessidade de inovar, de fazer uma rebelião, talvez a de costumes, de valores morais, da qual nos apropriaríamos em seguida.

Lembro-me na época, de uma capa da revista REALIDADE, de maio de 1966 : ” Roberto Carlos, a rebelião da juventude”. que me fez ir ao dicionário procurar o significado da palavra rebelião, inclusive. Creio que era uma reportagem do Roberto Freire, o terapeuta, que naquele momento escrevia para a revista.

Eram momentos de profunda ingenuidade. Tratava-se sim de uma utopia que já nem saberia mais dizer qual.

https://www.youtube.com/watch?v=sMaqZEEFPOk]     https://www.youtube.com/watch?v=mJ9Fu9JGo0s]

https://www.youtube.com/watch?v=RuUgnhm6m3o]      https://www.youtube.com/watch?v=8SBqoMquB3g] 

[video:https://www.youtube.com/watch?v=nieepjlgJ3A     [video:https://www.youtube.com/watch?v=K8KBs7hBOTQ

[video:https://www.youtube.com/watch?v=ndDRqoOfPRI   [video: https://www.youtube.com/watch?v=8pPSMvWYPS0

Redação

53 Comentários

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    1. Incrível, ou melhor, inacreditável, é que muitos chilenos também

      Estive no Chile na era Pinochet e havia muita, mas muita gente que adorava o chefe, ou pelo menos dele nem falava mal.

      Tempos outros ! Terríveis, mas outros !

    1. Por que se perdoa uns e não

      Por que se perdoa uns e não se perdoa outros?

      “O entendimento do historiador Frederico Pernambucano de Mello permeia na mesma direção. Para o pesquisador, profundo conhecedor da cultura nordestina, Luiz Gonzaga não tinha motivos para se colocar do lado contrário ao governo. Ou, se tinha, preferiu ocultá-los. “Luiz Gonzaga viajava na comitiva do deputado federal Manuel Ayres de Alencar como pajem, que é o típico da profissão que é quase a ideia do lacaio, do vassalo. O pajem é o ‘faz tudo do poderoso’. Então, ele (Luiz Gonzaga) nunca foi um homem antagonista ao poder. Sempre esteve disposto a colaborar. Nunca teve uma posição política de dissidência, de divergência”, explica.”

      http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/Hotsite-LuizG/Gonzaga_Militar/Seja_de_direita_ou_esquerdax_Gonzagxo_queria_estar_junto_ao_governo.html

       

  1. mais de 50 anos na estrada

    Odonir,

    Misturada às músicas de hábito, minha mulher fez questão de encaixar  “Como é grande o meu amor por você” na cerimônia de nosso casamento.

    Quanto a Bob Charles, são mais de 50 anos de carreira, portanto, quem não gosta dele é porque não soube avaliar o músico corretamente. Prá mim, isto serve para qualquer artista que tenha “sobrevivido” por mais de 20 anos. 

    1. Trilha sonora de muita gente por aí, por aqui

      As canções marcaram gerações.

      Em outros países também veneram-se cantores sobre os quais podemos ter uma avaliação da postura política, cidadã e até moral, duvidosa – de Sinatra, por exemplo.

      O post provoca isso mesmo.´

      É saudável, mas quem viveu os momentos que tinham como cenário, moldura as canções de R. Carlos, sabe que marcaram.

      Mas claro, pode-se não gostar, Aliás de tudo pode-se gostar ou desgostar.

      Meus filhos, por exemplo, detestam RC.

      1. RC há muito tempo.

        Odonir,

        Nunca tive um disco, CD, DVD, nada dele.

        Só entendo não ser possível ver qualidade em quem fica no ar por décadas. Quanto às habituais lembranças de artistas e outros a respeito de comportamento político ou público, o caso de tantos deles, considero atitude sem pé nem cabeça.

        Muitos sempre criticam algumas posições de Pelé, esquecendo que as posições são do Edson Arantes do Nascimento, que, não fosse ele o inigualável Pelé, seria um mero desconhecido.

        Um abraço

  2. Todas as épocas possuem seus

    Todas as épocas possuem seus versos e anversos nas diversas áreas e dimensões.  Roberto Carlos, de quem nunca fui fã, foi um dos dois lados. O outro, antípoda:   engajado, sonhador, corajoso, lunático, despojado, generoso, irresponsável, mas, e principalmente, comprometido com o Ser Humano na sua completude. 

    Sei que irei desagradar e até mesmo ofender muita gente. Paciência. Mas por mim ele não faria a menor falta na música popular brasileira. Foi a epítome de uma expressão artística de cunho efêmero destinada a embalar os suspiros de uma juventude alienada por indução ou vontade própria. 

     

    1. JB Costa, conhecendo mais o Roberto em 1970

      Roberto Carlos foi uma das atrações do Quem tem medo da verdade, programa sensacionalista que foi ao ar entre os anos de 1968 e 1971 pela TV Record. Apresentado por Carlos Manga, o programa julgava o artista convidado se ele era culpado ou inocente após uma bateria de perguntas feita pelo júri do programa (GB , Silvio Luis e Cléssius Ribeiro, entre outros). Cada participante tinha um advogado de defesa e, no caso do Roberto, foi o apresentador Silvio Santos. Este programa, reprisado pelo Arquivo Record, foi exibido originalmente em 1970.

       

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=0YTYegWa7U8%5D

  3. Correto

    Minha avaliação de RC é a mesma que faço de Zico e Senna:  correto em sua atuação profissional, bom no que faz. E só.  Meu olhar admira os autênticos, os audazes, os libertos.  Principalmente nas artes.  Um Romário e um Piquet, sob este ponto de vista, sempre me agradaram mais, por sua competência e autenticidade.

    O Sr. RC, pelo que abraçou desde sempre, e pelo que tem abraçado recentemente, não é detentor da minha admiração.

    Mas é inegável, soube construir canções muito bonitas.   Ponto para ele.

    Recomendo:  Maria Bethânia – As Canções que Você Fez pra Mim (1993) – 11 obras da dupla Roberto & Erasmo Carlos na voz da Diva.

    Segue um aperitivo:

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=FmrSLWgxq6g%5D

     

    1. Anna, aqui falo de um momento inicial do Roberto que refletia o

      que pensavam os jovens (pelo menos a maioria).

       

      Filme que tem como mote as canções de Roberto Carlos:

      À BEIRA DO CAMINHO

       

      Sinopse:

      A emocionante história de João, um homem que encontra na estrada uma saída para esquecer os dramas de seu passado. Por acaso ou sorte, seu caminho se cruza com o de um menino em busca do pai que nunca conheceu. A partir desse encontro, nasce uma bela relação que movimentará o delicado equilíbrio construído por João para enfrentar seus fantasmas. De Breno Silveira, À beira do caminho evoca e se inspira em letras de sucesso de Roberto Carlos.

       

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=xRi4lLbvJWg%5D

  4. Se for pra patrulhar artistas

    Se for pra patrulhar artistas na época da ditadura, por serem simpatizantes do regime, ou simplesmente por não se meterem em política, a lista é bem grande… Mas acho que não é o caso. O que fica dos artistas é sua obra artística, não suas eventuais opiniões políticas. Quanto a Roberto Carlos gosto muito da sua fase soul, do início de 70.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=E-b-dVu-HZo%5D

     

  5. Roberto Carlos rebelde. Então

    Roberto Carlos rebelde. Então tá.

    Era tão imóvel que se se mumificou. Ainda bem que eu sou de uma época posterior a ele. É o sertanojo de hoje. Até os jabazeiros são os mesmos: Tutas pai e filho da Jovem Pan.

     

  6. Não adianta avaliarmos com olhos de hoje, pessoal.

    Quem tem 60 anos ou mais, sabe que uma porcentagem muito grande da população desconhecia o que era o mundo- direita, esquerda, luta de classes etc. para resumir; além do mais não me refiro a uma classe média – que hoje nem poderia ser chamada de média mais- talvez média alta que tinha poder de compra, comprava livros e os lia, viajava para o exterior e até mesmo pelo Brasil, tinha automóvel e casa própria.

    Trata-se de um período em que pouca, muito pouca gente tinha esclarecimento.

    E até esses de poder aquisitivo maior , muitas vezes, não “sabiam’, nem queriam saber.

    O motivo do post é mesmo este. Refletir sobre aqueles anos.

    Homens não podiam usar cortes de cabelo que não fosse à Princípe Danilo, ou “reco” como para o exército; moças não usavam calças compridas e, depois, sendo-lhes permitida, não podia ter zíper na frente.

    As moças sentavam- se assim , os rapazes assado. A influência de Elvis, Beatles etc. não era simultânea, via web, né.

    As famílias mais simples ouviam mesmo era o que as rádios programavam: das novelas aos programas de música, os de auditório e os do tipo “Hoje é dia de Rock”.

     

    E senta que lá vem história !

     

  7. SOBRE A REPORTAGEM “ROBERTO CARLOS, A REBELIÃO DA

    JUVENTUDE, Realidade, maio de 1966:

    O depoimento do psicanalista Roberto Freire concedido à matéria a que venho aludindo, pretendia explicitar o que significava essa desordem do ponto de vista de um estudioso dos comportamentos juvenis:

    Uma das causas dominantes do progresso é o choque das gerações. Os mais velhos estão sempre em oposição ao que é novo, pois não querem abrir mão do que tem e sobre o que fundamentaram e justificaram toda sua existência. Os antigos repelem tudo o que foge aos padrões tradicionais.(…) Ser jovem é ser inconformista e protestar contra o que considera superado.(…) Rebelando-se contra a sociedade, o jovem estabelece uma posição critica, hostilizando essa sociedade sem conhecer e sem saber por quê.”

    O caráter rebelde e inconsequente que a reportagem atribuía ao movimento ganharia contornos mais atenuantes no restante do depoimento de Freire:

    “A rebeldia dos jovens, enquanto não se organiza, tem caráter anárquico, embora seja sadia e não doentia. Ela tem várias formas. A rebeldia de protesto é a mais comum, e com ela os adultos se acostumaram. É, normalmente, do mesmo tipo da rebeldia delinquente, apenas mais atenuada. Ao invés de agredir pela força física, o jovem protesta: não para em casa, bebe, joga, fica vagabundo. Para se opor ao tradicionalismo, deixa a barba crescer e usa cabelos compridos, calças colantes, camisas coloridas. Inventa palavras para possuir seu próprio dialeto, com o qual choca os adultos. Na sua luta contra o mundo, encontra a solidariedade dos seus. (…) Sendo assim, recorre à música e a dança para protestar, fazendo algazarra em público, numa embriaguez que as vezes chega a histeria. Roberto Carlos e todos os seus seguidores são jovens que adotaram a rebeldia de protesto. Para eles, os Beatles representam um símbolo maravilhoso de rebelião contra a sociedade dos adultos. Eles conseguem, imitando-os, serem ruidosos, vulgares, ridículos, dispondo de condições para cometer muitos crimes contra a sociedade tradicional, crimes que geralmente os pais e as autoridades reprovam. E ainda conseguem ganhar dinheiro com isso.” (REALIDADE, maio de 1966).

    A generalização da imagem do jovem que a reportagem em tela produziu, repercutiu na edição número quatro da revista. Naquela edição, o leitor Marcio N. Galvão dizia em carta enviada à redação:

    “Sr. Diretor. Li a reportagem sobre RC e achei um dever notificá-lo de que ele não comanda a juventude brasileira. Ele está à frente, apenas, de uma revolta inconseqüente de certa parte da juventude. Mas também [há] a revolta consciente, dos que procuram uma situação melhor para nós e nossos semelhantes. (REALIDADE, julho de 1966).

     A opinião do leitor critica a forma como o discurso generaliza a juventude brasileira, mas não deixa de aceitar e reforçar a representação de Roberto Carlos, construída na reportagem, do jovem que lideraria a “rebeldia delinquente” dessa “certa parte da juventude”, conforme procurou ressaltar em sua carta.

    Leia mais aqui:

    http://anpuh.org/anais/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S25.0994.pdf

  8. Roberto Carlos é mito da música brasileira

    Pura categoria. É o cara comum com o qual (quase) todos se identificam. Isso o torna “O cara” aos olhos das multidões.

    Nunca houve um artista como Roberto Carlos antes dele. E provavelmente não haverá depois. Roberto é único, singular.

    Um dos discos que eu mais gosto da música brasileira é “O Inimitável”, de 1968, clássico absoluto, da primeira à última faixa. Só arranjos matadores, em canções que já nasceram clássicas. E com o carisma de Roberto Carlos, aí não tem para ninguém.

    Canta aí pra gente, Roberto:

    [video:https://youtu.be/ImNkYUQQ13g%5D

     

     

  9. Se existe uma página épica da música popular brasileira

    Roberto Carlos certamente é o seu protagonista.

    O cara é artista, na acepção. Vivencia a sua arte. Não sei como não perceber isso. Ele é diferente, especial. É uma questão de sensibilidade. Cantar para ele é mais do que uma profissão, do que um ofício. É a vida dele, é a pessoa que ele é. Canções muito poderosas, repletas de sentimentos, com uma linguagem popular, sem firulas. Ele sabe o timing certo para encaixar a emoção. Compõe canções épicas. Coisa de artista. Roberto Carlos é um grande artista. Ninguém que saiba minimamente das coisas e seja honesto pode negar isso. Eu não gosto da separação que costumam fazer da carreira dele em fases, o antigo e o mais recente Roberto Carlos. Para mim é o mesmo grande Roberto Carlos de sempre, em qualquer época.

     

  10. As canções de Roberto Carlos possuem um ar cinematográfico

    Eu tenho essa nítida sensação. Parece um roteiro musicado, onde ele é a estrela da estória.

    É uma alegoria que sempre está presente nas canções dele, pelo menos como eu absorvo a coisa. É sempre um sentimento de redenção, de extrema dignidade, de resgate de algo bom, fundamental. Tem um quê de nostálgico.Isso diz muito da pessoa dele. É um eterno otimista, um cara de bom coração. Isso é uma qualidade e tanto, extremamente humana. 

    É por isso que eu gosto dele.

  11. Roberto Carlos

    Nunca foi a minha praia e, como disse o Alfredo, jamais tive um disco ou CD dele. E jamais fui a um show tb.  Eu sempre fui do Chico, Milton Nascimento, Caetano, Gil e Tom Jobin. Além de gostar mt do João Bosco e Edu Lobo tb.

    Agora, gosto de dar a Cesar o que é de César : O RC sabe cantar e o considero o maior cantor da minha geração, pela voz agradável e pela longevidade da carreira.

      1. Tô sumida sim

        E tudo por causa do “Seo” Nassif, que anda me deixando estressada e malcriada. Até sem paciência para música! Em agosto  – Mês que era de cachorro louco, teremos  tb o  Cunha endemoniado, o  Aécio virando capeta, além do Serra tb virando vampiro. Tá duro de levar.!

        E vc me acertou mais uma vez, pois essa é uma das que mais gosto dele. Obrigada. abraços

         

    1. Lenita,Caetano retribuiu a canção Debaixo dos caracois dos

      seus cabelos, feita em sua homenagem, (quando Caetano estava no exílio em Londres e foi visitado por R. C). gravando dele Força estranha.

       

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=ds9SF_7vmAs%5D

       

      Já Bethania gravou um disco inteiramente com canções de Roberto.

       

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=JqeUWFvO9N8%5D

       

      E  Nara Leão gravou de Roberto e Erasmo, em 1977, Meu ego.

       

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=qyNqAQlF4TM%5D

       

       

      1. Odonir

        Vc também me acertou ! Força estranha é uma das mais belas cancões dele. Obrigado por levantarem (vc e Anna) um pouco o meu astral. Só duas carioquinhas mesmo !

        Abração

  12. Os herois brasileiros são pessoas vindas do povo

    Roberto Carlos é um desses herois. Pode prestar atenção. Essa é a maior marca do Brasil. A elite brasileira, mesmo, não é o grande parâmetro brasileiro. O grande parâmetro são esses caras saídos do povo. O Brasil é um país popular, na essência. Todos os grandes artistas e intelectuais brasileiros têm uma relação estreita com o povo. Todos, sem exceção. Se não foram criados no seio do povo, foram beber na fonte do povo, buscar entendê-lo e terminaram se tornando povo também. De Darcy Ribeiro a Glauber Rocha, passando por Graciliano Ramos, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Nelson Rodrigues, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e tantos outros nomes, todos saíram ou entraram em profunda relação com o povo. Uma simbiose. O Brasil é assim.

    Aliás, quando nós perdermos esses caras como parâmetro, aí vai ser outro país. Imagine um Brasil sem Pelé, Roberto Carlos, Chico Buarque, Caetano, Gilberto Gil e tantos outros herois populares? Seremos todos órfãos.

    Essa é a verdade.

    1. Em entrevista abaixo a Sílvio Santos,R C refere-se à forma

      como compõe, quando perguntado se tivesse estudado mais, faria outras canções…

      Também já ouvi Erasmo responder que ambos não sabiam fazer canções daquela maneira que os grandes compositores da MPB as faziam. Ou seja, têm outro berço, são oriundos de famílias populares, assim como até hoje também é a maior parte dos brasileiros.

      Luiz Tatit refere-se aos cancionistas brasileiros explicando seus movimentos de composição, inclusive.

      Claro que gosto para músicas não se discute. Só se discute quando há parâmetros comparativos adequados.

      Ou não: gosto porque gosto; não gosto porque não gosto. Ponto.

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