por Luciano Hortencio
Edson Cordeiro – DESPEJO NA FAVELA – Adoniran Barbosa.
Álbum: Edson Cordeiro – Terceiro Sinal.
Ano de 1996.
Quando o oficial de justiça chegou
La na favela
E contra seu desejo
Entregou pra seu Narciso
Um aviso pra uma ordem de despejo
Assinada seu doutor.
Assim dizia a petição
Dentro de dez dias
Quero a favela vazia e os barracos todos no chão
É uma ordem superior,
Ôôôôôôôô meu senhor,
É uma ordem superior.
Não tem nada não seu doutor,
Não tem nada não.
Amanhã mesmo vou deixar meu barracão.
Não tem nada não seu doutor.
Vou sair daqui
Pra não ouvir o ronco do trator
Pra mim não tem problema,
Em qualquer canto me arrumo ,
de qualquer jeito me ajeito.
Depois o que eu tenho é tão pouco
Minha mudança é tão pequena
Que cabe no bolso de trás
Mas essa gente ai,
Como é que faz?
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“Despejo na favela”, com
“Despejo na favela”, Adoniran com Gonzaguinha, em disco; ao vivo no Ensaio, também com o compositor; mais Beth Carvalho.
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Tenho em mim todos os sonhos do mundo 🙂
Luciano, nos anos 90 a empregada de casa foi expulsa da casa onde morava de forma violenta. Nos a acolhemos em casa, com a mãe ja idosa, a filha e duas netas. Quatro mulheres lutando sozinhas para sobreviver nesta selva. Dona Yolanda era ja viuva, sua filha foi abondanda pelo pai de suas crianças e sua mãe era uma senhorinha idosa, que ainda bordava para ajudar sua filha, neta e bisnetas. Você pode imaginar o quanto foi traumatico para dona Yolanda aquela expulsão e para nos também.
Anos depois, quando li Viagem ao Fim da Noite de Céline, muitas vezes tive que parar de ler o livro por sentir profunda abjeção por tudo aquilo, mas fui até o fim dessa viagem ao fim da noite, onde se tem encontro marcado com toda o explendor da miséria e covardia humana.
Lindo post, parabéns.