Tire a mão do meu baú, por Luciano Hortencio
Sempre que tenho oportunidade, associo algum objeto antigo de meus antepassados com uma música e publico no youtube. É a maneira que achei de rememorar pessoas simples, boas e trabalhadoras, que sofreram e viveram com muita dignidade, porém, em sendo pessoas humildes, foram esquecidas pelo tempo.
Esse é exatamente o caso de minha bisavó Luiza Gomes Ferreira, chamada por todos de Dona Lulu e por nós, Dindinha.
Dona Lulu levou de dote, ao casar, além de várias cabeças de gado, um quilo de ouro todo ele finamente lavrado. Seu marido, meu bisavô PeTronillo Felismino era ourives de mão cheia e constituiram família em condições razoáveis.
O tempo, as secas, a falta de oportunidades para crescer, vários filhos para criar e o valor baixo das peças de ouro foram liquidando os bens da família e minha bisavó morreu pobre, porém com sua casinha preservada, seus móveis domésticos, sua crença e sua dignidade.
O objeto mais caro a Dona Lulu era seu baú, esse que emoldura essa narração, porém revestido de couro e tachos de cobre, que foram por mim retirados por causa dos estragos advindos do tempo.
Ao receber um pedido de publicação da composição de Marambá, intitulada TIRE A MÃO DO MEU BAÚ, lembrei imediatamente da Dindinha, que passou anos e anos dormindo sentada na rede por não suportar as dores que sentia ao deitar. Só deitou para repousar eternamente.
Dedico esse post à minha bisavó Luiza Gomes Ferreira, dona Lulu.
Linda Batista – TIRE A MÃO DO MEU BAU – Marambá.
Disco Victor 80-0470-A – matriz S-078587.
Gravação de 13 de setembro de 1946 e lançamento em dezembro do mesmo ano.
Foto: Bau pertencente à minha bisavó Luiza Gomes Ferreira, hoje em minhas mãos.
Arquivo Nirez.
Coisas que o tempo levou.
Tire a mão do meu baú
O meu baú é de estimação.
Não é? É.
Tire a mão do meu baú
No meu baú ninguém mexe não
No meu baú ninguém mexe não
Ninguém mexe não, ninguém mexe não.
Eu guardo nele segredinhos de amor
No meu baú ninguém mexe não.
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Um fio leva à outro
Que marchinha boa, hein. Esse espirito malandro, brejeiro, esperto do brasileiro faz falta hoje. Não perdemos de todo, porém…
Temos um bau em comum, caro Luciano: eu também herdei de minha voh paterna, Maria Luisa, um bau antigo, todo decorado, muito bonito. Fui a neta que herdou o bau porque era a unica que gostava dele… Quando criança, passava horas no quartinho das coisas “velhas”, ‘fuçando’ dentro dos baus que tinham la. Em um dos baus havia muitas fotografias antigas e eu passava tempo olhando para elas, tentando saber quem eram aquelas pessoas que eu desconhecia e que de uma forma ou outra tinham feito parte da vida de minha voh Maria. Minha voh paterna morreu ha dois anos com 98 anos. Ela viveu muita coisa e sabia viver. Alguns anos antes de morrer ela me disse que os baus e a sua linda cristaleira eram meus.
Para Maria Luisa!
Um bau enferrujado… (cheio de coisas legais)
[video:https://www.youtube.com/watch?v=vYi4wQRfVwo%5D
Um bauzim para o Curumim!
[video:https://www.youtube.com/watch?v=iz3WhWtQVFQ%5D
À Dama dos Baús!
[video:https://www.youtube.com/watch?v=Tde6I70iWl4%5D
Essa é do bau!
Não fui nem sou bau para guardar os segredos de ninguém 🙂 E você, Luciano. Quantos segredos leva no seu bau……….
Segredos de idade?