Balanços do segundo trimestre não devem apresentar bons resultados

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – As variações apresentadas pelo dólar e pela conjuntura econômica internacional vão afetar em maior ou menor grau os balanços corporativos referentes ao segundo trimestre de 2013, mas, no geral, os resultados não devem apresentar resultados tão expressivos em relação ao primeiro trimestre deste ano. Contudo, a análise em 12 meses pode melhorar em alguns casos por conta da fraca base de comparação.

“No geral, os resultados devem vir sem brilho. Pontualmente, um ou outro deve ser bom, mas a indústria patinou, as famílias estão mais endividadas, a inflação e os juros subiram, e isso acaba mexendo com a economia de uma forma ou outra”, explica Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora. “A recuperação não vai ser no ritmo que se esperava, uma vez que se esperava uma melhora mais efetiva da economia e um patamar de juros menor. Isso não vai acontecer”, diz a analista Karina Freitas, da corretora Concórdia. “A gente deve ver recuperação em 12 meses, mas com resultados abaixo do esperado”.

Segundo o analista, “o segundo trimestre de 2012 apresentava um câmbio em patamar mais elevado na comparação em 12 meses, quando começamos a ver a desaceleração interna de forma mais efetiva”, explica Karina. “Algumas indústrias registraram forte pressão de custos, como os alimentos, uma vez que os grãos estavam em pico de cotação. Mineração não teve dados favoráveis após as chuvas no começo do ano passado. Todos esses fatores fizeram com que a base ficasse fraca, e melhorasse a comparação, o que vai pesar um pouco na divulgação”.

O analista Elad Revi, da corretora Spinelli, esperava uma melhora dos resultados, mas sua opinião mudou por conta do comportamento do câmbio. “Esperava uma melhora da indústria e do comércio, mas o que vimos foi aumento da inadimplência, inflação acima do teto, e, para isso ser contido, precisou-se da alta da taxa de juros. E esperamos que essa aceleração se mantenha”. Além disso, o desempenho da balança comercial foi afetado pela crise externa, por conta da grande dependência dos mercados da China, Europa e Estados Unidos. Outro ponto a se avaliar envolve o impacto da recente onda de manifestações no país junto a empresas do setor de varejo. “Acho que todo o cenário prejudica mais de três quartos dos setores que temos na bolsa. É difícil esperar que empresas com dívida em moeda estrangeira apresentem um incremento forte”, diz Revi.

Diante do quadro geral, é possível tirar algumas conclusões sobre o desempenho das companhias durante o segundo trimestre de 2013, mas nada que seja muito animador. Segundo Revi, existem muitos setores e empresas que serão prejudicados pela conjuntura ruim, embora não seja descartado um eventual incremento dos dados do varejo. Quanto ao setor de papel e celulose, as paradas programadas podem trazer algum impacto, assim como o aumento do cambio – tanto em termos de receita como para a dívida.

O mesmo deve ocorrer com o setor de alimentos. “Na média, tem muita empresa que exporta, e outras (como JBS e Marfrig) tem um endividamento mais forte. Os resultados devem vir em linha, mas talvez JBS e Marfrig tenham uma variação cambial mais forte por conta do endividamento”, diz Pedro Galdi, da SLW. Outro setor que pode ter bons dados é o de autopeças, que ainda sente os efeitos das medidas adotadas pelo governo para estimular a produção, e a Embraer também deve melhorar. “Seu faturamento e endividamento são em dólar, mas a estrutura não é tão alavancada, e o custo dolarizado acaba ajudando”, diz Galdi.

Segundo Karina Freitas, da Concórdia Corretora, existem empresas que podem estar mais expostas ao câmbio no curto prazo, mas a variação cambial sobre a estrutura de custos será um ponto importante a se acompanhar, principalmente devido ao seu impacto sobre os dados de importação da Petrobras, por exemplo. O segmento financeiro terá seus resultados favorecidos por outras linhas de serviço além do crédito, como serviços, seguros e operações de cartões, além do forte crescimento do crédito mobiliário.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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